ma pesquisa realizada pelo grupo suíço
Julius Baer revela que a capital paulista subiu para o nono lugar entre
os locais mais caros para a elite viver (Crédito: Diogo Moreira /
Governo do Estado de São Paulo)
Estadão Conteúdoi
22/06/2023 - 7:02
Os chamados
super-ricos gastam mais em São Paulo do que em Miami para manter o
padrão de vida. Uma pesquisa realizada pelo grupo suíço Julius Baer
revela que a capital paulista subiu para o nono lugar entre os locais
mais caros para a elite viver. É a primeira vez que a cidade aparece
entre as 10 primeiras colocadas.
As cidades mais caras estão na Ásia, revela a quarta edição da
pesquisa Global Wealth and Lifestyle Report (Relatório Riqueza Global e
Estilo de Vida, na tradução literal). A liderança é de Cingapura,
seguida por Xangai e Hong Kong.
Para apurar o custo de vida, a pesquisa leva em conta uma cesta de
bens e serviços premium consumida por uma população com patrimônio acima
de US$ 1 milhão (cerca de R$ 5 milhões) nas 25 cidades globais mais
importantes do mundo. Nessa lista, estão, por exemplo, gastos com
uísque, vinho e passagens aéreas em classe executiva. O levantamento foi
realizado entre fevereiro e março deste ano.
“Essa (posição de São Paulo) foi a grande surpresa”, afirma Esteban
Polidura, chefe de estratégia de investimento nas Américas do Julius
Baer. “Há uma combinação de fatores em São Paulo. A mais importante tem a
ver com produtos importados. No Brasil, as taxas (para importação) são
mais altas do que em outros países.”
São Paulo vem subindo de posição a cada levantamento. Em 2021,
ocupava a 21ª colocação e, no ano seguinte, pulou para o 12º lugar.
RECORTES
Em um recorte detalhado, a pesquisa mostra que, São Paulo, por
exemplo, tem o custo mais elevado, entre todas as cidades, para comprar
bicicleta, bolsa feminina, terno masculino, produtos de tecnologia,
relógio e uísque.
Com a presença de Nova York, São Paulo e Miami entre os dez locais
mais caros do mundo, a região das Américas passou a figurar como a
segunda região que mais demanda recursos financeiros para manter o
padrão de vida, superando o grupo de cidades de Europa, Oriente Médio e
África e ficando atrás apenas da Ásia.
INFLAÇÃO EM ALTA
No levantamento deste ano, a pesquisa identificou que o custo de vida
para os super-ricos, medido em dólar, aumentou 6% nos últimos 12 meses,
e subiu 13% nas moedas locais.
No Brasil, o avanço foi de 18,4%. “A alta dos preços em moeda local
foi pior, porque o dólar se mostrou forte nos últimos meses”, diz
Polidura.
A alta dos preços globais é explicada basicamente por dois fatores.
Primeiro, há uma alta de preços das matérias-primas e suprimentos,
observada desde o auge da pandemia e influenciada pela desorganização
das cadeias produtivas.
E, segundo, há uma demanda por bens e serviços, antes reprimida, e,
que com o fim da fase aguda da crise sanitária, começou a ser
extravasada. “O mais interessante dessa pesquisa é que ela capta todo o
processo inflacionário que temos visto, pelo menos, nos últimos 12
meses”, afirma Polidura.
Essa maior demanda fica evidente quando se olha o aumento de custo
medido em dólar de suíte de hotel (15,25%) e passagem de avião de classe
executiva (10,13%). Na pandemia, para conter a propagação do
coronavírus, os países fecharam as suas fronteiras, prejudicando todo o
setor de turismo global.
“As pessoas das nossas pesquisas conseguem salários maiores, mas
também estão gastando mais. O resultado líquido disso é que, em relação
aos investimentos, elas precisam olhar para melhores retornos (nas suas
aplicações)”, diz Polidura. O Julius Baer está presente em 25 países e
tem US$ 477 bilhões em ativos sob gestão.
MERCADO
No Brasil, o segmento de luxo está em ascensão. Segundo a Associação
Brasileira das Empresas de Luxo (Abrael), em 2020, mesmo com a pandemia,
o mercado de luxo teve um faturamento de US$ 5,2 bilhões (por volta de
25 bilhões). Em 2021, as vendas cresceram 51,74% em relação ao ano
anterior e em 2022 também houve um crescimento de mais de 50%.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.