sábado, 16 de novembro de 2013

A reestreia atrapalhada do Oreo no mercado brasileiro


Biscoito mais vendido do mundo já está em algumas prateleiras do Walmart nas regiões Sul e Sudeste — mas lançamento, de fato, ainda não tem data para acontecer

Ana Clara Costa
Pacote de bolacha Oreo
Biscoitos Oreo: lançado em 1995 e descontinuado em 2000 (Mandel Ngan/AFP)

O biscoito Oreo — o mais vendido do mundo — voltou ao mercado brasileiro no início de novembro em lojas da rede Walmart. Mas sua reestreia tem se mostrado (bem) atrapalhada. Presente em mais de 100 países (menos o Brasil), o produto volta às gôndolas trazido pela Mondelez, novo nome da Kraft Foods, dona da marca. Apenas as lojas das regiões Sul e Sudeste da rede varejista venderão o biscoito, por enquanto. O Oreo foi lançado no Brasil em 1995, mas sua fabricação foi descontinuada em meados de 2000. A concorrente Nestlé fabrica localmente um produto similar líder de mercado, o biscoito Negresco, que muitos consumidores desavisados acreditam se tratar do Oreo após uma mudança de nome.


Varejo - A Mondelez não fez qualquer anúncio oficial ou grande campanha publicitária para marcar sua volta ao país — fato estranho, sobretudo porque sua marca mais relevante se ausentou durante mais de uma década de um mercado que movimenta 7 bilhões de reais ao ano. As vendas tiveram início sem que houvesse informação sobre onde ou como comprar o biscoito. Diante do silêncio do fabricante, o Walmart fez as 'honras da casa' e anunciou o início das vendas no dia 6 deste mês (elas haviam começado em 1º de novembro). Questionada sobre o lançamento, a empresa de alimentos não deu qualquer informação. Sua divulgação se resume à imagem de um biscoito verde-amarelo postado na página da marca Oreo no Facebook. Uma entrevista coletiva marcada para apresentar a estratégia do produto foi cancelada na última hora.

A Mondelez não sabe dizer, até o momento, nem mesmo quando a marca Oreo será vendida em todo o país. A maior rede varejista local, o Grupo Pão de Açúcar, ainda não conseguiu fechar um contrato de venda do produto com o fabricante — e afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que ainda não há previsão de que as lojas de sua rede tenham Oreo em suas prateleiras. O grupo Carrefour não respondeu ao pedido de informação até o fechamento da reportagem. O Walmart informou que tem um contrato de exclusividade com a marca Oreo até o final de novembro, mas, caso outros varejistas não consigam fechar acordos com a Mondelez, há estoque suficiente para garantir o fornecimento do biscoito até o fim de dezembro.

Propaganda - A estratégia do fabricante poderia ser classificada como 'misteriosa', a exemplo do que ocorre com a Apple sempre que está às vésperas de lançar um novo produto. Contudo, é difícil acreditar em tal guinada quando se trata de uma das marcas mais criativas e, por assim dizer, 'barulhentas' da publicidade mundial. No ano passado, a Oreo movimentou o meio publicitário ao endossar a causa gay criando um anúncio nas redes sociais de um biscoito com recheio em diversas camadas, cada uma de uma cor, remetendo ao símbolo do arco-íris. Nos últimos anos, foi autora de diversos virais de marketing em tempo real — que são ações criadas 'a toque de caixa' baseadas em eventos factuais (como o casamento do Príncipe William, por exemplo) para acompanhar o burburinho sobre um determinado assunto.

Um simples tweet da Oreo feito durante a final do SuperBowl deste ano ganhou alguns dos principais prêmios da publicidade mundial. Quando todas as luzes se apagaram devido a um blecaute antes do último jogo da temporada de futebol americano, a agência de publicidade 360i tuitou imediatamente a imagem de um biscoito Oreo numa tela escura, destacado por um holofote, com a seguinte frase: you can still dunk in the dark, algo como 'você ainda pode mergulhar seu biscoito no escuro'. A palavra 'mergulhar' se refere ao hábito que muitos americanos têm de embeber o biscoito no leite antes de comê-lo. A rapidez com que a ação foi veiculada fez com que a marca ganhasse exposição total no maior evento esportivo (e publicitário) dos Estados Unidos.

As agências Giovanni+Draftfcb e Lov (que representam as americanas Draftfcb e 360i localmente) são responsáveis pela campanha de lançamento da Oreo no mercado brasileiro. Suas matrizes nos Estados Unidos também atendem a conta da marca. A Giovanni informou ao site de VEJA que antes de 2014 não haverá qualquer campanha publicitária sobre o biscoito. A BFerraz é a agência responsável pelo marketing em ponto-de-venda. Até o momento, tal ação se resume a estandes de degustação do produto em algumas lojas do Walmart.

A americana Kraft Foods decidiu, silenciosamente, parar a fabricação de inúmeras marcas de biscoito no Brasil, em meados do ano 2000. A empresa acabava de adquirir a Nabisco (que fabricava produtos como Oreo e Ritz) globalmente por 20 bilhões de dólares. Com a compra, a Kraft direcionou sua estratégia nacional para chocolates, com a marca Lacta, deixando o segmento de biscoitos para a liderança folgada da Nestlé. Desde então, há petições on-line e grupos em redes sociais que pedem a volta da marca ao país. No site ReclameAqui, as únicas reclamações sobre o biscoito Oreo se referem a sua ausência nas prateleiras dos supermercados brasileiros.

Atualizada às 13h50: O Carrefour informou nesta quarta-feira que analisa a comercialização da marca Oreo, apesar de não haver data para o início das vendas nas lojas da rede.
Atualizada às 17h30: O Grupo Pão de Açúcar enviou uma nota nesta quarta-feira informando que está analisando com a Kraft Foods as bases de custos do produto e que, enquanto as negociações com a empresa não forem concluídas, não há previsão para o início das vendas do Oreo nas redes Extra e Pão de Açúcar.


Sede da Nabisco, em Nova York

O primeiro biscoito Oreo foi fabricado em 1912 na confeitaria Nabisco, no bairro Chelsea, de Nova York.

Conheça as marcas 'dissidentes' que decidiram voltar ao Brasil

Consumo

Percalços econômicos e queda nas vendas fizeram com que algumas marcas simplesmente excluíssem o Brasil se seus planos de negócio; mas o mercado consumidor atrativo fez com que mudassem de ideia

Jéssica Otoboni e Talita Fernandes
Batatas Lay's nos sabores clássica, picanha e sour cream
Batatas Lay's nos sabores clássica, picanha e sour cream voltaram a ser vendidas no Brasil (Divulgação)
Se o aumento da renda e a ascensão da classe C contribuíram para que diversas empresas ampliassem seus negócios no Brasil, elas também fizeram com que marcas que já estiveram em território nacional voltassem às prateleiras do consumidor brasileiro. Apenas este ano marcas como Oreo, Lay’s e a loja de departamentos americana Sears já anunciaram sua volta ao mercado. Recentemente, os chocolates Kit-Kat e Lollo e a Coca-Cola Light retornaram ao país.

De acordo com Claudio Felisoni, presidente do Provar, muitas empresas saíram do Brasil na década de 1990 devido à complexidade do ambiente econômico. “O que tínhamos era inflação ainda preocupante e muitas dificuldades em termos do ambiente de negócios”, lembra. À época, o país passava por um período de ajuste fiscal e início de estabilização econômica, com juros altos e pouco crédito disponível para o consumo. Segundo Felisoni, a retomada da economia ocorrida nos últimos dez anos, como resultado do processo de estabilidade fiscal e controle inflacionário, estimulou algumas empresas 'dissidentes' a voltar.

A gigante varejista Sears saiu do Brasil devido às vendas fracas e ao momento econômico pouco favorável. A empresa também atribuiu a debandada às suas próprias dificuldades nos Estados Unidos. A rede desembarcou no país no final da década de 1940 e decidiu fechar as portas nos anos 1990. A marca volta ao país por meio de franquiadas e espera iniciar suas operações em meados de 2014, para concorrer com Casas Bahia e Magazine Luiza. 

O crescimento do mercado consumidor brasileiro é o principal atrativo para as marcas que voltam, segundo a Global Franchise, consultoria que intermedeia o retorno da Sears ao país. “O Brasil se tornou uma potência mundial, um dos principais países para se investir atualmente, o que chamou a atenção da Sears, que hoje já se recuperou como uma das maiores redes varejistas do mundo (27º colocada de acordo com a Deloitte).”

De acordo com Jaime Troiano, presidente da consultoria Troiano, o fato de o brasileiro viajar muito mais para o exterior também ajuda a estimular a vinda de marcas estrangeiras para o país, tanto aquelas que já estiveram aqui quanto as que vêm pela primeira vez. “Ao retornar da viagem, a expectativa do consumidor brasileiro é de encontrar essas marcas aqui. Isso cria um espaço mercadológico para a vinda de produtos novos ou que deixaram de ser vendidos anos atrás.”

Embora o movimento de migração de marcas esteja acontecendo para a América Latina como um todo, a tendência é mais forte no Brasil do que nos demais países da região. Troiano lembra que países como Argentina e Venezuela têm sofrido muito mais com saídas do que com retornos. “Em alguns casos, como Venezuela e Bolívia, além da saída espontânea, todos nós sabemos dos casos em que as empresas são ‘convidadas’ a se retirar ou são simplesmente nacionalizadas”, explica.

Oreo


O biscoito mais vendido do mundo, o Oreo, estará nas prateleiras das principais varejistas do país a partir do dia 1º de dezembro. Segundo a fabricante Mondelez, o biscoito será vendido em três versões de embalagem: individual, com quatro unidades; familiar, com 10 unidades; e multipack, com quatro pacotes individuais, totalizando 16 unidades. Desde o dia 1º de novembro, o produto é comercializado com exclusividade em lojas da rede Walmart das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O produto saiu das gôndolas de supermercados brasileiros na década de 2000.

As quedas de braço por trás do Marco Civil

Legislação


Há disputas ideológicas em torno do projeto de lei que vai disciplinar a rede. E há também embates comerciais pela exploração de um mercado bilionário

Renata Honorato
Quebra de braço
(Tatiana Popova/Getty Images)

De um lado, empresas de telecomunicações. Do outro, companhias de internet. Ora em uma posição, ora em outra, governo e especialistas. Há disputas ideológicas em torno do projeto do Marco Civil que vai a votação na Câmara dos Deputados com o objetivo de estabelecer as regras da rede brasileira. E há também, é claro, embates comerciais pela exploração de um mercado bilionário. Nessa briga, dois setores vivem em choque permanente: as teles e as empresas web. As primeiras são responsáveis pela infraestrutura por onde navegam os dados de telefonia (fixa e móvel) e banda larga. As empresas web oferecem serviços diversos, do buscador Google à rede social Facebook. À primeira vista, são atividades complementares. A prática vem mostrando, contudo, que os dois blocos competem mais a cada dia e isso se expressa no jogo de pressões e discursos sobre o Marco Civil no Congresso.

O setor de teles é um titã. Faturou 214 bilhões de reais no Brasil em 2012. Mas ele vem perdendo algum espaço — e muito dinheiro — para companhias de internet. O exemplo mais notório desse fenômeno é a ascensão dos serviços conhecidos como "voz sobre IP" (ou VoIP), que permitem a comunicação de voz e imagem pela rede. O mais famoso deles é o Skype. O resultado é a redução da conta do telefone do usuário e, por tabela, o enxugamento da receita das teles. Segundo estudo britânico da empresa MobileSquared, especializada no mercado móvel, as operadoras de telefonia de todo o mundo deixaram de faturar cerca de 36 bilhões de dólares em 2012 em decorrência da popularização do Skype e congêneres.

Uma das armas de contra-ataque das teles é oferecer novos produtos, alguns dos quais rivalizam diretamente com atrações das empresas web. "Para continuar faturando alto, as teles precisam enfrentar empresas web e de TI, como a IBM", diz Samuel Rodrigues, analista da IDC, consultoria especializada no setor de tecnologia. É o caso do Now, produto da Net, serviço de vídeo por demanda similar ao americano Netflix.

A reação das teles ao avanço das web inclui a posição contrária à instituição da neutralidade de rede, um dos principais pontos do Marco Civil. A neutralidade prevê que as teles, provedoras de conexão, devem tratar todos os dados que circulam na rede de forma igual, não cabendo distinção por tipo, origem ou destino de arquivo. Se a posição das teles prevalecer, essas empresas poderão impor uma cobrança proporcional ao uso da rede. Assim, usuários afeitos a games, vídeos e serviços de VoIP, que exigem a transmissão de grandes arquivos digitais, pagariam mais. Em caso de derrota da neutralidade, as teles poderiam ainda privilegiar os seus próprios serviços em detrimento dos oferecidos por empresas web. (Continue a ler a reportagem)






Outra ponto de disputa que emerge no Marco Civil é a publicidade na internet. É uma briga por um bolo que está crescendo. Neste ano, os anúncios devem injetar 6 bilhões de reais no mercado digital nacional, sendo que 80% desse montante provavelmente ficará nas mãos de alguns gigantes da web, como Google e Facebook, de acordo com estimativas da IAB Brasil (Interactive Advertising Bureau), entidade que monitora a publicidade on-line.

As teles querem, é claro, um pedaço do bolo. Contudo, o texto do Marco Civil apresentado pelo relator do projeto, Alessando Molon (PT-RJ), impede que essas companhias entrem na fila do doce. O trecho do projeto de lei dedicado ao assunto veda às teles o direito de armazenar registros de navegação dos usuários — informações como data, horário e site acessado por um cliente. Sem essas informações, é impossível seguir os passos dos usuários pela rede e entender seus hábitos e preferências. Não há essa limitação para as empresas web, que podem fazer isso, desde que o usuário esteja logado a seu serviço. "Aprovar o Marco Civil como está seria oficializar o monopólio da propaganda na internet para redes sociais e buscadores", diz Alexander Castro, presidente do SindiTelebrasil, entidade que representa as operadoras de telefonia.

As teles podem ganhar uma batalha, contudo, se prevalecer a intenção do governo de obrigar, via Marco Civil, as empresas web a manter os dados dos usuários usuários brasileiros em data centers instalados em território nacional. Especialistas são contra. As empresas de internet também.

Os primeiros alegam que a ideia é inócua, pois não garante o que o governo aparentemente quer: coibir a violação de dados pessoais por empresas ou governos estrangeiros.

Google e Facebook vêm reafirmando seguidamente posição contra a obrigatoriedade da hospedagem nacional. "A emenda proposta ao Marco Civil, exigindo que as empresas de internet mantenham os dados de usuários brasileiros em data centers locais, arrisca limitar o acesso a serviços de empresas dos EUA e outros países", diz o gigante das buscas. O Facebook complementa: "O armazenamento de dados é um desafio enorme e essencialmente técnico. Uma exigência como essa que vem sendo debatida frustrará a inovação e criará barreiras desnecessárias para empresas nascentes."

Copatrocinadoras de medida, ao lado do governo, as teles alegam que os data centers nacionais podem gerar empregos por aqui. Pode ser verdade, mas não é toda a verdade. Segundo relatório do SindiTelebrasil, as empresas do setor investiram 25 bilhões de reais na construção de data centers em 2012. Agora esperam mais clientes. Se a lei der uma ajudinha, tornando compulsório o uso da infraestrutura instalada no Brasil, não há do que reclamar. Google e Facebook, entre outros, seriam muito bem-vindos.

Não surpreende o fato de a votação ter sido adiada diversas vezes na Câmara. Os próprios parlamentares se dividem sobre os temas controversos do Marco Civil. O PMDB, maior partido da base governista, é ao mesmo tempo contrário à neutralidade (posição defendida pelas telas) e aos data centers locais (tese das empresas web). O relator Molon está do lado das companhias de internet na questão da neutralidade, mas em lado oposto quando o assunto é hospedagem compulsória de dados. O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, petista como a presidente Dilma Rousseff e o relator Molon, diverge de ambos no assunto neutralidade e pede alteração na redação do artigo que trata do tema. Google, Facebook e similares reclamam que Eduardo Cunha, líder do PMDB na Câmara, não ouve seus pleitos. As teles dizem o mesmo sobre Molon.

Enquanto o projeto de lei não segue para votação, representantes dos interessados circulam pela Câmara em busca de aliados. Em outubro, durante a redação final da matéria, Katie Harbath, diretora de políticas públicas do Facebook, circulou por Brasília ao lado de Bruno Magrani, gerente de relações governamentais da rede social, responsável por buscar a aproximação com os parlamentares. Katie, porém, garantiu que sua visita não tinha relação com a votação da "constituição da internet", como é conhecido o Marco Civil. "Minha visita está relacionada ao treinamento de políticos brasileiros", disse a executiva.

Odebrecht negocia construção de polo nos EUA


Localizado na Virginia, empreendimento petroquímico será operado pela Braskem

Al Messerschmidt/Getty Images
Bandeira dos Estados Unidos
Estados Unidos: Braskem já é líder em polipropileno no país.

São Paulo - A Odebrecht Ambiental, empresa controlada pelo grupo Odebrecht, anunciou, em parceria com o governo de West Virginia, um projeto de construção de um polo petroquímico no estado norte-americano. A evolução e a estruturação financeira do empreendimento serão de responsabilidade da Odebrecht Ambiental, porém a operação do complexo ficará a cargo da Braskem, braço petroquímico do grupo Odebrecht.

O projeto ainda está em fase de análise da viabilidade econômica, por isso detalhes como o valor do investimento e a capacidade de produção do polo ainda não estão fechados. Há, por outro lado, a definição de que o polo será responsável pela produção de polietilenos, o que marcará o ingresso da Braskem no mercado norte-americano desse tipo de resina. A Braskem já é líder em polipropileno nos Estados Unidos.

Além do acesso ao mercado consumidor da principal economia mundial, o projeto é crucial para aumentar a competitividade global da petroquímica brasileira, que passaria a ser abastecida diretamente pelo gás de xisto (shale gas), reserva de gás não convencional que reduziu substancialmente o custo de produção de petroquímicos nos EUA. Graças à exploração do gás de xisto, o custo do gás no país equivale a praticamente um quarto dos valores cobrados no Brasil.

"Está decidido que o projeto contará com um cracker (unidade de produção) de etano e a planta produzirá polietileno. Mas o tamanho ainda está sendo estudado", afirma o presidente da Braskem para operações nos Estados Unidos e Europa, Fernando Musa, em entrevista ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. "A Braskem já vem, há algum tempo, buscando oportunidades de participar e se beneficiar da revolução proporcionada pelo shale gas", disse. A Odebrecht já fechou opção de compra para o terreno onde será localizada a unidade. 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
(André Magnabosco - andre.magnabosco@estadao.com)


Venezuela prende 100 empresários por manipulação de preços


Autoridades dizem que empresas elevaram preços de eletroeletrônicos e outros bens em mais de 1000%

Meridith Kohut
Moeda da Venezuela Bolivar
Moeda da Venezuela Bolivar

Caracas- O governo socialista da Venezuela prendeu mais de 100 empresários em uma operação contra a suposta manipulação de preços em centenas de lojas e empresas desde o fim de semana, disse o presidente Nicolas Maduro na quinta-feira.

"Eles são bárbaros, esses parasitas capitalistas!", disse Maduro. "Temos mais de 100 burgueses atrás das grades no momento." O sucessor de Hugo Chávez também disse que seu governo está preparando uma lei para limitar lucros das empresas venezuelanas a entre 15 e 30 por cento.

As autoridades dizem que empresas sem escrúpulos elevaram preços de eletroeletrônicos e outros bens em mais de mil por cento. Críticos dizem que as políticas econômicas socialistas fracassadas e o acesso restrito à moeda estrangeira estão por trás da inflação galopante da Venezuela.

"A Goodyear tem que baixar seus preços ainda mais, 15 por cento não é suficiente, os inspetores têm de ir lá imediatamente", disse Maduro em discurso, enviando funcionários para verificar as operações locais da fabricante de pneus norte-americana.

Desde o fim de semana, soldados e inspetores entraram em 1.400 lojas, tomaram as operações de uma empresa de eletrônicos e de uma fabricante de baterias.

A decisão mais ousada de Maduro desde que tomou posse em abril é uma reminiscência do estilo de governo de Chávez, que nacionalizou algumas áreas da economia do país-membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) durante seu governo socialista de 14 anos.

É um fato raro, diz NY Times sobre prisões do mensalão


Apesar de tímida, a repercussão internacional sobre as primeiras prisões do julgamento do mensalão já começou

José Cruz/ABr
Réus do mensalão com roupa de presidiários em protesto no STF

O julgamento do mensalão foi um "marco divisório" para o país, disse o NY Times

São Paulo – Apesar de tímida, a repercussão internacional sobre as primeiras prisões do julgamento do mensalão já começou. Na edição deste sábado, o jornal New York Times observou que é incomum o momento pelo qual o Brasil passa.

"É raro para políticos do alto escalão que foram culpados de crimes passar um tempo na prisão", escreveu o jornalista Simon Romero. Ele lembrou também das medidas protelatórias (os embargos infringentes, por exemplo) que atrasaram o cumprimento das penas.

O NY Times ainda classificou o julgamento do mensalão como um "marco divisório" para o país.
Já o site da Bloomberg afirmou que o mensalão é o maior caso de corrupção desde o fim da ditadura militar. "A decisão do tribunal sobre o escândalo, que tem colocado em risco o legado de Lula, marca um ponto de virada no maior caso de corrupção do Brasil durante 28 anos de democracia", afirma.

Na Inglaterra, a rede de televisão BBC também noticiou as primeiras prisões do mensalão. Em seu site, ela afirma que o julgamento é uma prova para a democracia brasileira. "O julgamento foi visto como um teste essencial da capacidade do Brasil para prender seus políticos por corrupção".

Já o jornal The Telegraph deu destaque a morosidade da justiça brasileira. A publicação disse que os embargos infringentes provocaram a ira popular no país em meio a temores de que os criminosos pudessem levar vantagem .

"Eles (os mensaleiros) poderiam se beneficiar de penas de prisão reduzidas por crime sobre formação de quadrilha e lavagem de dinheiro", afirmou.

Eleitor de Lula, Barbosa tornou-se algoz do PT


Josias de Souza
15/11/2013 21:22
Joaquim Barbosa foi caprichoso na execução das penas do mensalão. Poderia ter aguardado até segunda-feira para mandar prender os condenados. Preferiu apressar o passo. Levou trabalho para casa, lapidou os mandados de prisão até tarde da noite, e mandou recolher os presos em pleno feriado. Um feriado simbólico: 15 de novembro, Dia da Proclamação da República. Foi como se o ministro desejasse, por assim dizer, reproclamar a República.

Primeiro dos oito ministros indicados por Lula para o STF, Barbosa chegou ao tribunal graças à coloração de sua pele. Recém-empossado, em janeiro de 2003, Lula incumbiu o então ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos de encontrar um nome para o Supremo. Fez uma exigência: no melhor estilho 'nunca antes na história', queria nomear o primeiro ministro negro do STF.

Thomaz Bastos garimpou um negro de mostruário. Primogênito de oito filhos de um pedreiro com uma dona de casa da cidade mineira de Paracatu, Barbosa formara-se e pós-graduara-se na Universidade de Brasília. Passara pela Sorbonne, fora professor visitante de Columbia e lecionava na Universidade da Califórnia. De quebra, votara em Lula.

Indicado com “entusiasmo”, Barbosa tomou posse no STF em junho de 2003. Decorridos dez anos, frequenta o noticiário como uma espécie de coveiro do ex-PT. Lula procurava um negro. Achou um magistrado. Entre fazer média com o petismo e exercer o seu ofício, Barbosa optou pela lei.

No penúltimo lance do processo, Barbosa levou ao plenário a tese do fatiamento das penas. Fez isso para antecipar a execução dos pedaços das sentenças insuscetíveis de recurso. Prevaleceu no plenário. E impediu que o STF virasse Papai Noel dos condenados que questionaram parte dos veredictos por meio dos famosos embargos infringentes, ainda pendentes de apreciação.

Quarenta dias antes do Natal, em pleno Dia da Proclamação da República, Barbosa mandou para a cadeia uma dúzia de condenados graúdos –políticos, banqueiros, operadores de arcas eleitorais. Coisa nunca antes vista na história desse país, diria Lula se pudesse.

O PT critica as condenações. Dirceu e Genoino declaram-se presos políticos. Devem a perseguição a Lula e Dilma. Passaram pelo julgamento do mensalão, além de Barbosa, outros sete ministros indicados por Lula e quatro escolhidos por Dilma Rousseff.

Barbosa não foi a única autoridade brasiliense a celebrar o calendário. Dilma também anotou no Twitter: “Hoje comemoramos o 124º aniversário da Proclamação da República. A origem da palavra República nos ensina muito. A palavra República vem do latim e significa ‘coisa pública’. Ser a presidenta da República significa exatamente zelar e proteger a ‘coisa pública’, cuidar do bem comum, prevenir e combater a corrupção.”

Embora não tivesse a intenção, foi como se Dilma batesse palmas para o STF e para Barbosa, o magistrado que Lula imaginou que fosse apenas negro.