Eleitor de Lula, Barbosa tornou-se algoz do PT
Josias de Souza
15/11/2013 21:22
Joaquim Barbosa foi caprichoso na execução das penas do mensalão.
Poderia ter aguardado até segunda-feira para mandar prender os
condenados. Preferiu apressar o passo. Levou trabalho para casa, lapidou
os mandados de prisão até tarde da noite, e mandou recolher os presos
em pleno feriado. Um feriado simbólico: 15 de novembro, Dia da
Proclamação da República. Foi como se o ministro desejasse, por assim
dizer, reproclamar a República.
Primeiro dos oito ministros
indicados por Lula para o STF, Barbosa chegou ao tribunal graças à
coloração de sua pele. Recém-empossado, em janeiro de 2003, Lula
incumbiu o então ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos de encontrar
um nome para o Supremo. Fez uma exigência: no melhor estilho 'nunca
antes na história', queria nomear o primeiro ministro negro do STF.
Thomaz Bastos garimpou um negro de mostruário. Primogênito de oito
filhos de um pedreiro com uma dona de casa da cidade mineira de
Paracatu, Barbosa formara-se e pós-graduara-se na Universidade de
Brasília. Passara pela Sorbonne, fora professor visitante de Columbia e
lecionava na Universidade da Califórnia. De quebra, votara em Lula.
Indicado com “entusiasmo”, Barbosa tomou posse no STF em junho de 2003.
Decorridos dez anos, frequenta o noticiário como uma espécie de coveiro
do ex-PT. Lula procurava um negro. Achou um magistrado. Entre fazer
média com o petismo e exercer o seu ofício, Barbosa optou pela lei.
No penúltimo lance do processo, Barbosa levou ao plenário a tese do
fatiamento das penas. Fez isso para antecipar a execução dos pedaços das
sentenças insuscetíveis de recurso. Prevaleceu no plenário. E impediu
que o STF virasse Papai Noel dos condenados que questionaram parte dos
veredictos por meio dos famosos embargos infringentes, ainda pendentes
de apreciação.
Quarenta dias antes do Natal, em pleno Dia da
Proclamação da República, Barbosa mandou para a cadeia uma dúzia de
condenados graúdos –políticos, banqueiros, operadores de arcas
eleitorais. Coisa nunca antes vista na história desse país, diria Lula
se pudesse.
O PT critica as condenações. Dirceu e Genoino
declaram-se presos políticos. Devem a perseguição a Lula e Dilma.
Passaram pelo julgamento do mensalão, além de Barbosa, outros sete
ministros indicados por Lula e quatro escolhidos por Dilma Rousseff.
Barbosa não foi a única autoridade brasiliense a celebrar o calendário.
Dilma também anotou no Twitter: “Hoje comemoramos o 124º aniversário da
Proclamação da República. A origem da palavra República nos ensina
muito. A palavra República vem do latim e significa ‘coisa pública’. Ser
a presidenta da República significa exatamente zelar e proteger a
‘coisa pública’, cuidar do bem comum, prevenir e combater a corrupção.”
Embora não tivesse a intenção, foi como se Dilma batesse palmas para o
STF e para Barbosa, o magistrado que Lula imaginou que fosse apenas
negro.
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