terça-feira, 8 de abril de 2014

Valesca, grande pensadora? Não é brincadeira, diz professor

Após causar polêmica ao basear uma questão de prova na música "Beijinho no ombro", professor de filosofia do DF diz que repercussão negativa é fruto de preconceito

Reprodução/Facebook/Valesca Popozuda
A cantora de funk Valesca Popozuda lê livro


Valesca Popozuda: "Vou ali ler um Machado de Assis e ir treinando para quem sabe um dia conseguir ser uma pensadora de elite!", ironiza a cantora em publicação no Facebook



  • Prova de filosofia aplicada por professor do DF com questão sobre a música "Beijinho no ombro", da funkeira Valesca Popozuda, viralizou na internet

São Paulo – Mesmo após a polêmica criada ao utilizar uma música da cantora Valesca Popozuda numa prova de filosofia aplicada a alunos do ensino médio em Taguatinga, Distrito Federal, o professor Antonio Kubitschek afirma que não foi irônico: Valesca é sim uma "grande pensadora contemporânea".

Em entrevista à rádio Band News FM, o docente explicou os motivos de ter usado a letra do famoso funk na avaliação de seus alunos de uma escola pública, o que provocou a revolta de alguns pais e foi amplamente repercutido nas redes sociais.

“Se eu tivesse colocado Chico Buarque como grande pensador contemporâneo, não teria causado polêmica nenhuma”, disse Kubitschek à rádio.

“A partir do momento em que a Valesca faz uma música tão repercutida a ponto de a expressão ‘beijinho no ombro’ ser usada até pela mídia, ela está passando um conceito. Se considerarmos uma tendência filosófica que diz que todo mundo pode ser um pensador, desde que consiga criar um conceito, eu acho que a Valesca é sim uma pensadora”, completa.

A questão de múltipla escolha, responsável pela controvérsia, pedia para que os alunos respondessem à seguinte pergunta: “Segundo a grande pensadora contemporânea Valesca Popozuda, se bater de frente:”.

As alternativas eram: “a) É só tiro, porrada e bomba (resposta correta); b) É só beijinho no ombro; c) É recalque; d) É vida longa”.

Segundo o professor, a pergunta não foi aleatória, pois o tema já havia sido discutido em sala de aula.

Além disso, Kubitschek afirma se tratar de uma questão de interpretação de texto, em que não seria necessário o conhecimento prévio da letra da música para se chegar à resposta correta.

A Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal ainda não se posicionou oficialmente sobre o episódio.

O que pensa a pensadora

Em seu perfil no Facebook, Valesca Popozuda se posicionou sobre o fato seguindo a mesma linha do que disse o professor na entrevista. Para ela, um dos motivos para a grande repercussão do fato é o preconceito sofrido pelo estilo musical.

“E se fosse MPB ou uma música americana, que tanto é valorizada por nós? Será que daria a mesma polêmica?”, questiona a cantora.

"Me espanta mesmo é todo mundo se preocupar com uma única questão da prova sem analisar os termos por trás disso tudo . E se o professor colocou a questão dentro do contexto da matéria? E se o professor quis ser irônico com o sucesso das músicas de hoje em dia?”, diz Valesca.

Em relação ao título de “pensadora”, a cantora afirmou que se sentiu “homenageada”, mas que vai ter que recusar, “porque é um titulo muito forte e eu ainda não me sinto pronta pra isso”.

Ao final do texto, Valesca ainda provoca: “Vou ali ler um Machado de Assis e ir treinando para quem sabe um dia conseguir ser uma pensadora de elite!”.

Assista ao clipe da música "Beijinho No Ombro":


https://www.youtube.com/watch?v=73sbW7gjBeo

MSC é acusada de utilizar mão de obra escrava


11 trabalhadores foram resgatados de navio nesta sexta-feira (4)

Redação, www.administradores.com,
 
Rogério Paiva/MPT-BA 
 
Resgate foi realizado na última terça-feira (1º)
 
 
Um grupo de 11 pessoas foi resgatado na última terça-feira (1º) de um navio da companhia de turismo MSC Crociere, sob a alegação de que todos estavam trabalhando sob condições análogas à de escravos. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), os trabalhadores estavam sendo submetidos a jornadas excessivas superiores a 14h diárias, além de assédio moral e sexual. A MSC negou a acusação e disse que o MTE não apresentou provas.

Ao todo, 13 trabalhadores estariam trabalhando em regime considerado escravo, mas dois preferiram continuar a bordo e não deixaram o navio, que estava ancorado na Bahia durante a ação.

Segundo o Ministério Público do Trabalho da Bahia (MPT/BA), a companhia não aceitou arcar com os custos de hospedagem e viagem de volta dos trabalhadores resgatados, e também não concordou em assinar um termo de ajustamento de conduta se comprometendo a regularizar as situações apontadas pelo MTE.

A operação envolveu Ministério do Trabalho e Emprego, Ministerio Público do Trabalho, Defensoria Pública da União e Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência, com o apoio da Polícia Federal.

A MSC divulgou uma nota se posicionando sobre o caso:
“NOTA À IMPRENSA

A MSC Crociere informa que durante a temporada 2013/2014, seus quatro navios que estiveram no Brasil, passaram por intensas e repetitivas inspeções por parte do Ministério do Trabalho e Emprego.
      Os navios da MSC Crociere que operam em águas brasileiras empregam um total de 4.181   tripulantes,  dos quais 1.243 são brasileiros.
Após análises detalhadas de milhares de folhas de documentação e conduzindo centenas de entrevistas com tripulantes, no dia 01 de abril de 2014 o Ministério do Trabalho e Emprego esteve a bordo do MSC Magnifica e alegou irregularidades na jornada de trabalho de 13 tripulantes brasileiros, solicitando-os a desembarcar. Destes, 11 aceitaram desembarcar, mas 02 se recusaram e decidiram continuar trabalhando a bordo.

A MSC Crociere está em total conformidade com as normas de trabalho nacionais e internacionais e está pronta para colaborar com as autoridades competentes. Sendo assim, a MSC repudia as alegações feitas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, do qual não recebeu nenhuma prova ou qualquer auto de infração.”

Vem aí o etanol de arroz

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USI Biorefinarias pretende começar a produzir no Rio Grande do Sul  ainda em 2014
Por Conrado Esber




A dependência gaúcha do etanol importado de outros estados pode estar chegando ao fim em breve. Um projeto audacioso, que prevê a implantação de 15 usinas no Rio Grande do Sul até 2017, deve diminuir – e muito – a necessidade de compra do etanol hoje utilizado no Estado. A USI Biorefinarias, especializada em tecnologia industrial para a construção de usinas de pequena escala, conseguiu juntar as pontas entre uma cooperativa americana, produtores gaúchos e pesquisadores para viabilizar a produção em solo gaúcho.


Até hoje, o clima inadequado para cultivar a cana-de-açúcar tem sido de determinante para que o Rio Grande do Sul deixe de figurar no mapa da produção de etanol, e importe de outros Estados praticamente 100% do combustível. Por encomenda da USI, no entanto, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agrícola e Pecuária) desenvolveu a semente de outro vegetal também aproveitável no processo: o arroz gigante.  “A cana não cresce aqui por conta do inverno. Por isso, procuramos a Embrapa, de Pelotas, para produzir um arroz gigante, que serve para ração animal e produzir etanol”, conta Francisco Mallmann, presidente da USI.


A tecnologia para montar as usinas já estava pronta. Desde 2011 uma usina em São Gabriel (RS) já está em funcionamento, mas não opera com 100% de sua capacidade por conta da falta de matéria-prima. Os restos industriais utilizados no processo, provenientes da casca do arroz comum, são insuficientes. Com o desenvolvimento do arroz gigante, não só a usina já construída poderá operar a pleno como também são planejadas outras 15. “Além do etanol teremos o etanol neutro, que você destina para cosméticos, alimentação e setor farmacêutico. E o etanol neutro de arroz é um dos mais valorizados do mercado mundial”, salienta Mallmann.


A semente do arroz gigante está sendo plantada em áreas do centro-oeste e espera-se que até o final de 2014 a produção já comece no Rio Grande do Sul. Produtores rurais gaúchos fazem fila, interessados em plantar o grão. “Fechamos uma parceria com uma cooperativa americana, a maior de todas, com ações na bolsa e credibilidade global. Esse é o pulo do gato. Fechamos com eles exclusividade na comercialização do que é produzido nas usinas. Agora o produtor que for parceiro da USI já tem o etanol comercializado por 10 anos”, comemora Mallmann.


Os americanos, da empresa CHS, já reservaram três locais para armazenar o etanol: no porto de Rio Grande, em Santa Maria – por conta da ferrovia, e em Esteio, para atender as refinarias locais. A produção já é dada como certa. Mesmo que o arroz gigante não seja tão produtivo e barato como a cana-de-açúcar, ainda assim sairá mais em conta para os gaúchos quando confrontado com o custo logístico de trazer o combustível de outros Estados.  “A cana é mais produtiva e o custo de produção é mais baixo. Mas aqui não tem, e quando você tem que importar de São Paulo se torna caro. Por isso se torna viável o custo de produção do arroz gigante”, sustenta Francisco Mallmann.

BUROCRACIA DESISTIMULA CONTRATAÇÃO DE ESTRANGEIROS

A rotatividade dos imigrantes é menor que dos nativos.


Tendo em vista o crescimento econômico do Acre e a imigração em massa de haitianos e senegaleses, é possível notar os espaços que começam a ser preenchidos pela contratação de trabalhadores estrangeiros. Com isso, empresários locais passam a ter dúvidas sobre como e em quais circunstancias contratar o estrangeiro para exercer um ofício fora de seu País de origem.

O que eles mais temem na hora de solicitar serviço a uma pessoa que não é brasileira, são os possíveis problemas jurídicos que podem surgir a ambos os lados, do trabalhador e do empresário. Para esclarecer os trâmites jurídicos para a contratação de estrangeiros no Acre, o secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos do Acre (Sejudh), Nilson Mourão, esclarece critérios exigidos para tal, bem como a situação de estrangeiros que se encontram no Estado.

Indagado se o Acre está organizado e preparado para contratar estrangeiros de diversos países do mundo, Mourão é enfático ao dizer que não, pois o Estado ainda trilha um caminho para tal consagração. “Não está. O Acre é um Estado que ainda tem que ampliar o nível de seu desenvolvimento econômico. Temos que garantir, primeiramente, o trabalho para os que nascem aqui para expandirmos aos estrangeiros. O setor industrial ainda é iniciante e não temos como obter mão de obra de outros estados, muito menos de estrangeiros. Estados do sudeste, por exemplo, possuem capacidade para isso, mas este ainda não é nosso primeiro objetivo”, disse o secretário.

Em 2013, o Brasil teve um aumento de 53% de pedidos de carteiras de trabalho para não nacionais, quase o dobro do número obtido no ano de 2012. Segundo Nilson Mourão, há uma lista de critérios que devem ser observados para evitar problemas com o judiciário.  “O status do estrangeiro, se ele é legal ou ilegal dentro do País, é primordial para saber se pode ou não contratá-lo. Caso esteja no Acre ilegalmente, ele não pode ser contratado por empresa local alguma. Caso contrário, serão responsáveis pelo caso o estrangeiro e o empresário que lhe ofereceu proposta de emprego”, ressaltou.

Outro ponto a ser destacado pelo secretário é a qualidade profissional. Em relação aos haitianos e senegaleses que se encontram em Brasiléia, o governo federal tem um programa que está em fase de análise para oferecer à eles um programa de formação profissional pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Assim, eles poderão ser qualificados para atuar em diversos campos de trabalho e obter formação trabalhista nas cidades onde eles vão ficar, segundo Mourão. “Garantir o salário previsto na legislação brasileira também o obrigatório. Vantagens serão oferecidas ao estrangeiro desde que ele esteja de forma regularizada no Brasil. Os direitos e deveres são garantidos à eles aqui”, detalhou.

Numa hipótese de um estrangeiro devidamente contratado que peça demissão e queira receber seus benefícios salariais em seu país de origem, Nilson diz que não há problema algum na questão. “É um caso raro, mas ocorrendo a situação, não há problema algum. Há possibilidade de esse estrangeiro ir embora e receber o dinheiro a distância, basta o empresário fazer um depósito através do banco”, garante o secretário.

Conforme dados assegurados pela secretaria, a quantidade de haitianos e senegaleses que entram e saem de empresas no Acre e no restante do Brasil ainda se torna menor do que a média dos brasileiros. Conforme Nilson Mourão, o percentual de rotatividade de empregos desses estrangeiros é bem menor se comparado aos nativos.  “os estrangeiros agem como qualquer pessoa brasileira, se eles conseguem um emprego melhor, saem dos que estão e vão em busca de melhorar a vida”, finalizou.

(ORB – 02/04/2014)

“Já passa da hora de reestruturar o sistema tributário e não apenas tentar consertar suas distorções”

Entra ano, sai ano e a necessária reforma tributária continua sendo adiada. A complexidade do sistema tributário do Brasil corrói a competitividade da indústria e prejudica as camadas mais pobres da população, que precisa de serviços públicos de melhor qualidade e redução dos impostos. A arrecadação cresce ano após ano. O “Impostômetro” mostra que, somente em 2014, a sociedade brasileira já pagou mais de R$ 400 bilhões ao fisco. Pior, não vê o retorno em bens e serviços e não consegue entender para onde vai o dinheiro.

Para falar sobre o sistema tributário, o Instituto Millenium entrevistou o economista e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), José Roberto Afonso, autor de “Keynes, crise e política fiscal” (Saraiva, 2012), “Crise, Estado e economia brasileira” (Agir, 2011) e “Tributación, seguridade y cohesión social en Brasil” (Cepal, 2007), que escreveu em parceria com José Serra. Especialista no tema, José Roberto não acredita em uma reforma que torne o sistema atual eficiente: “Nós precisamos é de outro sistema tributário, afinal, o atual fará 50 anos e o mundo e o Brasil mudaram”, afirma. Leia a entrevista:

Instituto Millenium – A problemática dos impostos no Brasil é maior no que se refere à complexidade do sistema, à falta de transparência na aplicação dos recursos ou às altas taxas?

José Roberto Afonso - Não conheço uma forma de dosar os problemas. Todas as distorções citadas são graves e mostram que, em essência, não temos mais um “sistema”, como significa tal vocábulo no dicionário. Para as famílias, a injustiça dos tributos, especialmente os indiretos, seria o mais grave. Estudos comprovam que quanto menos se ganha, mais se paga de tributos, ainda que, na maioria das vezes, sem o conhecimento dos impostos embutidos nos preços dos produtos.

Para as empresas, os danos à competitividade são grandes, a começar pela tributação indireta das exportações e investimentos produtivos. E, para todos, a complexidade, que torna o Brasil campeão mundial em avaliações sobre o custo de pagar imposto (compliance), e a opacidade dos tributos são pecados importantes. A única virtude está do lado do fisco, porque se arrecada como raros outros países emergentes conseguem fazer. Inclusive, conseguimos contrariar a teoria e aumentar os recolhimentos à frente da produção interna, mesmo quando ela desacelera.

É lógico que o fisco não faz isso porque quer maltratar os contribuintes e sim para responder a demanda por mais gasto público e para honrar a enorme dívida pública que o país possui. Se é algo inevitável ter uma carga tributária elevada para atender tanta necessidade de recursos, o desafio maior, a meu ver, está relacionado com a qualidade da tributação: seria necessário arrecadar de forma mais simples, equânime e menos danosa à produção interna.

Instituto Millenium – Existe modelo ideal de reforma tributária? Como seria uma reforma tributária eficiente?

J.R. Afonso - Não existe um modelo ótimo, em minha opinião. Cada sistema tributário retrata as condições políticas, sociais, culturais e econômicas de um país. É verdade que a maioria dos países adota uma sistemática muito próxima de competências tributárias e distribuição entre entes federados. O Brasil é, de longe, um ponto fora da curva, em grande parte por dois motivos singulares: é o único país que atribuiu ao âmbito subnacional, aos estados, a cobrança do imposto sobre valor adicionado e também é o único que cobra contribuições sociais que não se limitam à folha salarial e alcançam bases múltiplas – vendas, valor adicionado, lucros, loterias e até receitas governamentais.

Sou cético que uma reforma consiga tornar esse sistema mais eficiente. Nós precisamos é de outro sistema tributário, afinal, o atual fará 50 anos em breve e o mundo e o Brasil mudaram. Já passa a hora de reestruturar o sistema e não apenas tentar consertar suas distorções.

Instituto Millenium – Por que os governos não assumem a pauta da reforma? Há interesses políticos para que ela não aconteça?

J.R. Afonso - Falta pressão da sociedade, inclusive a organizada. Do lado dos contribuintes, todos são a favor de uma reforma tributária, mas, quando se chega a hora de redefinir os tributos, querem reduzir a sua carga e aumentar a dos demais, querem incentivos fiscais para seu setor ou para sua empresa e não se preocupam com o conjunto de impostos. Do lado dos governos, como há uma enorme necessidade de recursos e a arrecadação atual é espetacularmente alta, ainda que cobrada de forma péssima, as autoridades têm medo de que, ao reformar ou mudar o sistema, percam receita e tenham que diminuir o orçamento. De tempos para cá, especialmente no âmbito federal, cresceu a ideia de que basta um bom gerenciamento para que se conserte os problemas da tributação. Os resultados mostram que essa ideia fracassou.

Instituto Millenium – Os impostos declarados na nota fiscal contribuem para a transparência ou são ineficientes, dada a complexidade do sistema?

J.R. Afonso – Discriminar impostos inegavelmente contribui para melhorar a transparência, como também implica em mais um encargo para os vendedores. É preciso pesar os dois lados. Acho que se ganha mais com o primeiro, sobretudo se fosse exigida uma estimativa da carga tributária, e não um cálculo preciso – que nem o fisco consegue fazer, uma vez que um imposto indireto incide sobre outro imposto e, só no Brasil, ainda incide sobre ele próprio, como no caso do ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços].

Instituto Millenium – A população tem noção do impacto financeiro da tributação no próprio bolso?

J.R. Afonso – Não. Nem os especialistas conseguem calcular com precisão diante da complexidade do sistema. Como disse, seria importante apostar mais em divulgar estimativas, por mais grosseiras que sejam, do que pedir um cálculo preciso na nota fiscal.

Instituto Millenium – Ao mesmo tempo em que os impostos são elevados, a sonegação registra números altos. Em 2014, de acordo com o “Sonegômetro”, mais de R$100 bilhões deixaram de entrar para os cofres públicos. Em que medida os atuais níveis de sonegação prejudicam o desempenho do país?

J.R. Afonso - Não acredito que seja tudo isso. Não conheço os cálculos do “Sonegômetro”, no entanto, por princípio, é difícil adotar uma metodologia para precisar a sonegação. Se tal método existisse, tenho certeza que as autoridades fazendárias já o teriam adotado para acabar ou atenuar a sonegação. Muitos se esquecem de que nossa carga é concentrada em tributos indiretos, com alíquotas pesadas sobre insumos estratégicos. Sendo assim, é impossível uma fábrica clandestina ou mesmo um camelô não consumirem energia elétrica, água, telefone, usar um carro ou um transporte urbano – e em todos esses casos a conta vem com os impostos embutidos. Pode até não ter CPF ou CNPJ, mas garanto que é impossível deixar de pagar impostos em uma economia como a nossa.

Balança comercial tem déficit de US$ 470 milhões na 1ª semana de abril

Vendas externas subiram 3% ante a média diária de abril de 2013, puxadas por produtos básicos e semimanufaturados


Renata Veríssimo, da Agência Estado


BRASÍLIA - A balança comercial brasileira registrou um déficit de US$ 470 milhões na primeira semana de abril, com quatro dias úteis. O valor é resultado de exportações de US$ 3,863 bilhões, com média diária de US$ 965,8 milhões, e importações de US$ 4,333 bilhões e média diária de US$ 1,083 bilhão.

Segundo os dados divulgados nesta segunda-feira, 07, pelo ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as vendas externas tiveram alta de 3% ante à média diária de abril de 2013, em razão do aumento de 9,7% nas vendas de produtos básicos e de 2,6% em semimanufaturados.

Na categoria de básicos, o aumento foi puxado por petróleo em bruto, minério de alumínio, milho em grão, carne suína, soja em grão, carnes salgadas e café em grão. Entre os semimanufaturados, destaque para ouro em forma semimanufaturada, couros e peles, açúcar em bruto e ferro-ligas. Por outro lado, as exportações de manufaturados caíram 6,4%, por conta de veículos de carga, automóveis de passageiros, autopeças, motores para veículos e partes, hidrocarbonetos, bombas e compressores e laminados planos. 

Nas importações, a média diária ficou 10,2% acima do observado em abril do ano passado. Cresceram as compras do Brasil no exterior, principalmente, com siderúrgicos (+34,1%), combustíveis e lubrificantes (+27,8%), cereais e produtos de moagem (+20,1%), aparelhos eletroeletrônicos (+18,9%) e instrumentos de ótica e precisão (+12,5%). 

No acumulado do ano, as exportações somam US$ 53,451 bilhões e as importações, US$ 59,993 bilhões, resultando em um déficit de US$ 6,542 bilhões.

Suínos: espanhóis reclamam da burocracia brasileira para a importação


De olho no mercado potencial, empresas do país ibérico esperam pela aprovação de produtos junto ao Mapa

Por Vinicius Arruda, de Saragoça (Espanha)*
suinos_espanha_carne_presunto (Foto: Vinicius Galera de Arruda / Ed. Globo)


A burocracia é o principal entrave para a penetração no mercado brasileiro de um dos maiores processadores de carne suína da Espanha.

O grupo Jorge, cujo faturamento atingiu € 520 milhões de euros em 2013, teve de esperar um ano pelo selo de aprovação de seus produtos junto ao Ministério da Agricultura, segundo o diretor de relações institucionais, Antonio Jové.. Agora, os executivos aguardam o andamento das negociações para finalmente poderem embarcar embutidos e derivados para o Brasil.

Além da burocracia, e também por causa dela, Jové ainda cita um velho problema conhecido dos brasileiros: a infraestrutura logística. "Uma tonelada de soja brasileira pode levar até uma ano para chegar à Espanha", diz. Ultimamente, o grupo tem buscado alternativas para o grão aumentando a compra de concorrentes como Estados Unidos e Argentina.

"Barreiras sanitárias podem ser uma arma na guerra comercial", diz Jové. Por isso, o grupo, que exporta para o bloco europeu e para a China, entre outros, não quer abrir mão do potencial do mercado consumidor brasileiro.

No ano passado, três associadas da Interporc, que reúne empresas espanholas que trabalham com a raça capa branca, exportaram juntas 400 toneladas de carne suína processada e industrializada para o Brasil, entre salsichas e presunto, que incluem os famosos jamóns serranos (presunto feito a partir do pernil dos porco).

"Sabemos que o Brasil é um pais em  desenvolvimento com um potencial de mercado muito grande", diz o diretor de exportações da Interporc, José Ramón Godoy. "Podemos oferecer qualidade e variedade nos produtos processados". A carne in natura, no entanto, não está nos planos dos espanhóis, que não querem concorrer diretamente com o produto brasileiro.

* O jornalista viajou a convite da Interporc.