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segunda-feira, 21 de julho de 2014
Cabeças a prêmio na indústria
Reconduzido à presidência da FIERGS, Heitor José Müller acende o sinal de alerta para possíveis demissões no Rio Grande do Sul caso a economia não dê indícios de recuperação
Por Laura D’Angelo
O Rio Grande do Sul registrou a maior retração no emprego industrial nos seis primeiros meses de 2014 entre os estados brasileiros, conforme divulgado pelo IBGE na semana passada. E o cenário econômico não tem dado indícios de que esta situação vá mudar no segundo semestre. Esta é a previsão de Heitor José Müller (foto), presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), reconduzido ao segundo mandato na noite desta sexta-feira (18), em cerimônia de posse com a presença da presidente Dilma Roussef.
Em entrevista à imprensa, Müller sentenciou: se a economia não der sinais de recuperação nos próximos dias, já em agosto devem começar as dispensas na indústria gaúcha. As demissões seriam motivadas, primeiramente, pelo comportamento da econômica nacional atual, com produção e consumo estagnados, e diante dos baixos índices de confiança do empresariado brasileiro, como demonstrado pela pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) desta sexta-feira (leia aqui). “São poucos os investimentos. Os novos projetos, então, podem-se contar nos dedos”, destaca Müller. “As empresas estão segurando [os funcionários] desde abril, esperando a passagem da Copa para ver como o mercado iria se comportar. Mas não tem mais como sustentar”.
No caso do Rio Grande do Sul, há ainda um agravante que dificulta a recuperação da indústria e a manutenção dos empregos. Müller considera que o Estado está muito vulnerável às inconstâncias econômicas da Argentina, um dos principais destinos de exportação de manufaturados gaúchos. Além das barreiras comerciais impostas pelo país vizinho, cresce a preocupação com a possibilidade de calotes, o que levou Müller a recomendar às empresas que mantêm fortes relações comerciais com a Argentina que diminuam a dependência em relação ao mercado do Prata para não comprometer as operações no Rio Grande do Sul.
A situação se mostra ainda mais delicada com a recente exigência da justiça norte-americana de que a Argentina pague aos seus credores o valor integral da dívida, sem negociações, como requisitavam os argentinos. “Isto só acentua o nosso problema”, constata Müller, que acredita que os setores calçadista, moveleiro e de máquinas agrícolas devem ser os primeiros a ter de fazer cortes nos postos de trabalho. O presidente da FIERGS também revelou que há companhias propondo a redução da carga horária e a diminuição dos salários para evitar demissões, mas relatou que os funcionários não estão aceitando a medida.
O futuro
Os próximos três anos de presidência de Heitor Müller vão ser baseados na defesa de um ambiente positivo para que a indústria se fortaleça. Medidas como a simplificação tributária e legal estão entre os focos da próxima gestão. Müller acrescentou que, a partir de 2015 e independentemente do presidente eleito, o governo federal terá que tomar medidas impopulares, como o aumento do preço dos combustíveis, além de colocar as contas públicas em ordem para que a economia retome o rumo de produção e seja competitiva no mercado internacional.
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