A pesquisa ouviu 21 mil agentes de segurança pública de todo o país entre 30 de junho e 18 de julho de 2014.
As
forças de segurança pública no Brasil precisam passar por um processo
de reorganização para se tornarem mais eficientes. É o que afirmam os
próprios agentes, de acordo com a pesquisa “Opinião dos Policiais
Brasileiros sobre Reformas e Modernização da Segurança Pública” –
realizada pela Escola de Direito de São Paulo (FGV DIREITO SP), pelo
Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e pela Secretaria Nacional
de Segurança Pública (Senasp).
Entre os mais de 21 mil entrevistados, 73,7% apoiam a desvinculação
ao Exército, 93,7% querem a modernização dos regimentos e códigos
disciplinares de acordo com a Constituição Federal de 1988 e 63,6%
defendem o fim da justiça militar. “Se considerarmos apenas os policiais
militares, 76,1% defendem o fim do vínculo com o Exército – o que é um
sinal claro de que o Brasil precisa avançar na agenda da
desmilitarização e reforma das forças de segurança”, afirma o
pesquisador do Centro de Pesquisa Jurídica Aplicada da DIREITO SP e
vice-presidente do Conselho de Administração do FBSP, Renato Sérgio de
Lima.
O levantamento aponta, entretanto, que não é apenas a organização das
polícias que precisa ser reestruturada. Baixos salários (99,1%),
formação e treinamento deficientes (98,2%), contingente policial
insuficiente (97,3%), falta de verba para equipamentos e armas (97,3%),
leis penais inadequadas (94,9%) e mesmo corrupção (93,6%) são alguns dos
principais obstáculos para a realização de um trabalho mais eficiente.
Segundo 86% dos respondentes, falta foco em resultado e sobra
burocracia.
Os dados refletem ainda uma ligeira insatisfação com a carreira.
34,4% dos policiais afirmam que pretendem sair da corporação assim que
houver uma oportunidade profissional e 38,7% afirmam que se pudessem
voltar no tempo teriam escolhido outra carreira. Nesse resultado pesa,
também, o fato de 65,9% dos respondentes já terem sido discriminados por
ser policial ou agente do sistema de segurança e 59,6% já terem sido
humilhados ou desrespeitados por superiores hierárquicos.
Ainda na questão comportamental, apesar de 83,7% dos entrevistados
acreditarem que um policial que mata um suspeito deve ser investigado e
julgado pela justiça, 43,3% afirmam que este mesmo policial deve ser
inocentado. Já para 43,2% dos respondentes, um policial que mata um
criminoso deve ser premiado pela corporação. Nos dois casos, 77% creem
que policiais envolvidos em ocorrência com resultado de morte devem ser
afastados da escala normal de trabalho para sua preservação.
A pesquisa ouviu agentes de segurança pública de todo o país entre 30
de junho e 18 de julho de 2014. Entre eles, 52,9% integram a Polícia
Militar, 22% a Polícia Civil, 10,4% a Polícia Federal, 8,4% o Corpo de
Bombeiros, 4,1% a Polícia Rodoviária Federal e 2,3% a Polícia
Cientifica/Perícia.
Clique aqui e confira o levantamento completo.
Foto: Fabio Fersa / Shutterstock.com
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