quinta-feira, 2 de outubro de 2025

De ex-âncora da Globo a dono de TV nos EUA: a nova aposta de Dony De Nuccio

 

Com uma carreira ligada à televisão e ao jornalismo econômico, o jornalista Dony de Nuccio resolveu virar a página e comprou o seu próprio canal de TV nos Estados Unidos. A emissora quer atingir 6 milhões de brasileiros que moram ou visitam os Estados Unidos todo ano com jornalismo e entretenimento em sua grade. 

Diferente dos modelos atuais de grandes canais de TV do Brasil, que transmitem produções nacionais no país norte-americano, a ideia da TV Connect USA é ser o maior grupo de mídia para brasileiros sediado nos Estados Unidos. 

Após sair da frente das câmeras, De Nuccio foi para os EUA em 2023 e contou que a negociação para a compra da emissora surgiu quando ele foi participar de um programa matinal na TV. Depois disso, houve uma reunião com o então proprietário, quando surgiu a ideia de “entrar na cabeça” na nova empreitada. 

“A ideia quando eu vim pra cá não era empreender, mas a oportunidade acabou aparecendo”, afirma. O antigo proprietário da emissora é o também brasileiro Alexandre Medeiros, que foi mantido como CEO e segue como sócio. Os valores da aquisição não foram revelados. 

Programação em português para brasileiros

O jornalista reforça que a TV Connect USA falará com brasileiros, mas não necessariamente sobre o Brasil, já é isso é feito pelas grandes redes brasileiras que distribuem o conteúdo pelos Estados Unidos.

“O plano e a visão de negócio se baseiam em dois pilares principais de cobertura: os acontecimentos nos Estados Unidos e do mundo com uma abordagem para a comunidade brasileira, e os assuntos de interesse específico para a comunidade brasileira. Toda a programação ser falada em português também será um diferencial”, explica. 

A emissora tem sinal aberto na Flórida e distribuição em aplicativo próprio e sistemas de Smart TVs.

O objetivo do empresário é ousado: ele acredita que a emissora tem potencial para atingir o valuation de US$ 250 milhões até 2030. Para chegar nessa conta, o jornalista usa a Telemundo como exemplo: a emissora para o público hispânico foi adquirida pela NBC em 2001 por US$ 3 bilhões e atinge cerca de 65 milhões de telespectadores. 

“A gente quer fazer a Telemundo para brasileiros, falando  para cerca de 6 milhões. Então, é natural que o mercado e a precificação seja em linha com o que já existe hoje, com o que já houve de investimento, de aquisição e etc. Por isso que a gente tá mirando nesse plano estratégico e nessa cifra”, apontou.

O foco inicial da emissora será o jornalismo ao vivo, a emissora também está de olho em produtos de entretenimento. Para isso, chamou o ex-diretor do Domingão do Faustão, Cris Gomes, para dirigir o núcleo de entretenimento. 

Volta para frente das câmeras ‘não é para agora’

Apesar de estar focado na ‘skin’ investidor e executivo, Dony tem grande experiência na frente das câmeras, a principal delas no comando do Jornal Hoje, da TV Globo, onde ficou entre 2017 e 2019. Ele considera a volta para a frente das câmeras em algum momento como “o caminho natural, mas não é algo para agora”. 

A demissão de Dony da TV Globo, em 2019, foi conturbada. O jornalista saiu após ter descumprido o código de ética e conduta dos jornalistas da Globo ao participar de vídeo institucional do banco Bradesco. 

Antes de empreender nos EUA, Dony atuou como apresentador do canal YouTube e site de finanças InvestNews.

Momento de tensão entre Brasil e EUA

O momento geopolítico das relações entre Brasil e Estados Unidos passa por um momento turbulento. Após a posse do presidente norte-americano Donald Trump, milhares de brasileiros ilegais foram extraditados para o Brasil em um grande pente fino realizado pelo governo dos EUA contra a imigração ilegal. Recentemente, Trump também definiu novas taxas para produtos brasileiros com o argumento político de que o ex-presidente Jair Bolsonaro está sendo perseguido pelo STF.  

O jornalista acredita que a TV tem um trunfo no meio deste debate, já que está instalada nos EUA e pode dar uma visão diferente na cobertura factual. 

“Acredito que a gente se encontra em uma posição privilegiada. Sendo um grupo de mídia nativo daqui, conseguimos falar sobre a percepção americana dos acontecimentos, com acesso às fontes daqui e à percepção da comunidade brasileira no local. É bem diferente das grandes emissoras que tem somente um correspondente por aqui”, explicou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário