terça-feira, 21 de maio de 2013

Brasil precisa ensinar matemática bem e ter mais engenheiros,



Do UOL, em São Paulo

DESEMPENHO EM MATEMÁTICA DE ALUNOS DE 15 ANOS

  • CNI
    Fonte: CNI/OCDE/Pisa (2010)
No Brasil, a baixa qualidade da educação básica e das faculdades, e a pouca oferta de ensino profissionalizante atrapalham a inovação, a produtividade e a competitividade das empresas.
A avaliação consta do "Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022". O estudo foi realizado em nove meses pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com participação de cerca de 500 representantes empresariais, e apresentado nesta terça-feira (21).

VEJA TAMBÉM

  • Em 879 cidades, maioria dos alunos tem nível insuficiente de matemática
  • Apu Gomes/Folhapress
    Ensino médio piora: 9 em 10 alunos deixam escola sem saber matemática
O documento faz uma análise dos desafios do país para a próxima década na área industrial e apresenta dez pontos que a CNI considera fundamentais para melhorar a produtividade e a competitividade.
Segundo o mapa, os resultados em termos de qualidade da educação não são condizentes com o volume de recursos investidos na área. O investimento em educação no Brasil representa 5,7% do PIB, percentual próximo ao de países como Holanda, França e Estados Unidos.
Na última avaliação do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos, realizado pela OCDE), em 2009, o Brasil ocupou a 54ª colocação, enquanto a Holanda ficou em 9º lugar, a França em 25º e os EUA em 26º.
A situação é pior quando o conteúdo avaliado é matemática, que coloca os alunos brasileiros na 57ª posição. . Esse estudo avalia alunos de 15 anos de idade.
Somente 15% dos jovens brasileiros acessam o ensino superior, o que equivale a 4 milhões de pessoas, sendo que a taxa de conclusão é de apenas 15,2% dos ingressantes, diz a CNI, citando dados do Senai de 2012).
Em2010, havia cerca de 10 milhões de graduados –10% da população adulta brasileira–, enquanto no Chile essa taxa é de 25% e, na média da OCDE, de 30%.
A falta de profissionais qualificados em determinadas áreas é um gargalo para a inovação, diz a CNI. Na graduação tecnológica, os números são considerados "baixíssimos": apenas 0,16% da população entre 20 a 29 anos frequentavam um curso desse tipo em 2007, enquanto 11,26% das pessoas na mesma faixa frequentavam cursos de graduação regulares.
A CNI destaca a "escassez de engenheiros", cuja atividade possui um impacto amplo sobre muitos setores e atividades, sobretudo para a indústria. Somente 5% dos graduados no Brasil formam-se em engenharia.
Enquanto o país tem dois graduados em engenharia para cada 10 mil habitantes, no Japão, são 10,2 e na China, 13,4. Além disso, há a questão da qualidade dos profissionais formados, sobretudo das universidades privadas, que é considerada baixa.

GRADUADOS EM ENGENHARIA PARA CADA 10 MIL HABITANTES

  • CNI
    Fonte: CNI/Iedi (2010)

Com SkyWest, Embraer vende 119 aeronaves no primeiro semestre




O contrato com a SkyWest, anunciado hoje pela Embraer, é a terceira venda expressiva de jatos da companhia somente neste primeiro semestre, que já alcança um total de 119 aeronaves comercializadas.
Em janeiro deste ano, a Embraer fechou a venda de 47 E175 para a Republic Airways, que também fez a opção para outras 47 unidades. Três meses depois anunciou a venda de 30 unidades firmes e 40 opções do jato E175 para a United Airlines.
Entre pedidos firmes - de 40 unidades -, a serem confirmados e opções de compra, o contrato com a SkyWest, envolvendo 200 jatos, é também o maior já feito pela Embraer desde 2005, quando foi fechada a venda de 100 jatos firmes do modelo E 190 e 100 opções de compra para a americana Jet Blue.
O negócio envolvendo a venda firme de jatos do modelo E 175 para a SkyWest é superior a US$ 3 bilhões. Se forem somadas as opções de compra, esse número sobe para US$ 8,3 bilhões, pelo preço de lista das aeronaves. A Embraer lidera com folga a venda mundial de jatos comerciais na faixa de 75 assentos para o mercado americano.
A companhia tem a expectativa que o mercado americano absorva entre 200 e 400 jatos no segmento de 70 a 75 assentos nos próximos 18 meses e aguarda ainda para este ano a decisão de compra de mais unidades por outras três companhias americanas. Este mercado, segundo a Embraer, deverá movimentar, durante esse período, negócios da ordem de US$ 6 bilhões a US$ 9 bilhões.
Em dezembro do ano passado, a Delta Airlines comprou 40 jatos CRJ 900, de 76 lugares, da concorrente Bombardier, um contrato avaliado em US$ 1,5 bilhão, mas que pode chegar a US$ 3,2 bilhões se forem incluídas as opções de compra.
A Republic será a primeira companhia aérea no mundo a receber a versão melhorada do jato E175 da Embraer, que estará disponível para o mercado entre abril e maio do próximo ano. Os jatos E-175 serão operados pela Republic Airlines, subsidiária da Republic, mas nas cores da American Eagle, braço regional da American Airlines.
O total de jatos vendidos neste ano pela Embraer inclui também dois do modelo 190 para a Austral Líneas Aéreas da Argentina, que opera 20 aeronaves deste mesmo modelo.
Confira abaixo as principais vendas da Embraer no primeiro semestre 
(Virgínia Silveira | para o Valor)


Investimentos do Brasil no Peru são diversificados e chegam a US$ 6 bilhões


 
 
Os investimentos do Brasil no Peru somam US$ 6 bilhões e os do Peru no Brasil US$ 1 bilhão, informou nesta terça-feira o embaixador brasileiro em Lima, Carlos Lazary Teixeira, em entrevista à agência oficial Andina.

Segundo Lazary, os investimentos brasileiros não estão centrados apenas na construção e hidrocarbonetos, mas se diversificam por setores como os de bebidas, cosméticos, vestimenta, mineração e siderurgia.

No caso dos investimentos peruanos no Brasil, o embaixador destacou que no primeiro trimestre do ano cresceram mais de 40%, graças aos produtos não tradicionais.

De acordo com Teixeira, o dinamismo da economia peruana e os Tratados de Livre-Comércio (TLC) que assinou com diversos países são os principais atrativos do Peru.

"A rede de acordos de livre comércio assinados pelos Governos peruanos nos últimos 10 a 15 anos gera oportunidade de negócios para as empresas que se estabelecem no país, não só levando em conta a pujança do mercado interno, mas o acesso privilegiado aos mercados de outros países", disse.

O embaixador projetou que os investimentos brasileiros no Peru continuarão crescentes e que isto reforçará as relações comerciais.

"Temos quase 190 anos de relações diplomáticas e 10 anos de ter assinado uma aliança estratégica que tem como eixos a integração física e energética, o trabalho conjunto na Amazônia e a integração econômica e comercial, nos quais alcançamos avanços importantes", indicou o embaixador. 

Fonte: UOL

Estilista de Jacutinga vende vestido, blusa, jaqueta e biquínis para EUA, Europa e China


 
As criações da estilista Cecília Prado (foto) saem da pequena Jacutinga (MG) – com 22,7 mil habitantes – para os EUA, a Europa e a China.

Os vestidos, blusas, jaquetas e biquínis da estilista mineira ganharam o mercado externo e, principalmente, o chinês, contrariando a onda de invasão de produtos asiáticos no Brasil, que vem prejudicando a produção das confecções nacionais.

Em 2012, segundo dados da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), o país importou US$ 6,5 bilhões (R$ 13 bilhões) em produtos têxteis. 

As mercadorias chinesas representaram 42% (R$ 5,5 bilhões) desse total.
Das 4.000 peças produzidas mensalmente pela estilista, 8% vão para a China. 
Um vestido da grife no mercado chinês custa, em média, US$ 500 (cerca de R$ 1.000), enquanto no Brasil o mesmo produto custaria R$ 600.

Os preços dos biquínis comercializados na China vão de R$ 200 a R$ 650.
"A China é um dos maiores mercados do mundo. Se a marca fizer sucesso lá, vende muito", afirma Cecília.

Para o presidente da Abest (Associação Brasileira dos Estilistas), Valdemar Iódice, existe uma fatia de pessoas no mercado chinês que gosta de produtos diferenciados e de maior valor.

"É a classe emergente que está atrás de produtos de qualidade e exclusivos que não são encontrados no mercado interno", diz.

Para conquistar esse público, no entanto, Iódice afirma que o estilista deve criar uma coleção com DNA próprio, qualidade, design e bom preço.

Prado concorda com a opinião de Iódice e diz que para ter sucesso no mercado chinês, as peças precisam ter originalidade, criatividade e um visual exclusivo. 

"O segredo é fazer um produto com muita identidade e que eles não encontrem nada similar no mercado interno. Assim, dificilmente vão conseguir plagiar."

De acordo com a estilista, a oportunidade de exportar para a China surgiu durante uma feira internacional de moda, em 2006.

No evento, houve a primeira encomenda de peças por um empresário chinês. Hoje, a marca é revendida em sete pontos de venda no país asiático.

Segundo Iódice, antes de pensar em exportar, o empreendedor deve atuar por dois anos, no mínimo, no mercado interno. 

"Com essa experiência, ele começa a entender melhor o setor e pode começar a investir na exportação."

A grife mineira –que leva o nome da estilista– exporta atualmente 82% de sua produção para mais de 20 países, incluindo o mercado chinês.

A exportação é uma alternativa que começou a ser usada pela indústria têxtil para driblar as quedas nas vendas no mercado interno, ocasionada,  principalmente, pelo volume de importações de mercadorias chinesas. 

Em 2012, o setor faturou R$ 113,4 bilhões, 15,3% a menos do que no ano anterior (R$ 134 bilhões), segundo a Abit.

Fonte: UOL Economia

Paraná tem projetos prontos para serem licitados dentro da nova MP dos Portos


 
 
 
A Medida Provisória 595 aprovada pelo Congresso na semana passada marca o fim de um processo que se estendia desde o meio do ano passado, mas as alterações propostas pelos parlamentares, ainda vão passar pelo crivo da Presidente Dilma. 


Mas, enquanto os pontos mais polêmicos não se definem, a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) dá prosseguimento aos processos para garantir que as obras de ampliação dos portos paranaenses sejam umas das primeiras  a serem licitadas pelo Governo Federal.


Antes mesmo da MP ser publicada pelo Governo Federal, a Appa já havia terminado o plano de arrendamento dos portos paranaenses.

O documento foi protocolado junto à Antaq antes da proposta de mudança do marco regulatório.


De lá para cá, foram finalizados os estudos de viabilidade de diversos projetos e, em alguns casos, já com licença ambiental expedida.


Com isso, hoje a Appa um dos únicos portos do país com possibilidade de dar início imediato às licitações para os projetos de expansão dos portos.


De acordo com o superintendente dos portos de Paranaguá e Antonina, Luiz Henrique Dividino (foto), o Plano Arrendamento da Appa listou 20 áreas de expansão.


“Trata-se do levantamento e cadastro das áreas suscetíveis de arrendamento para novos empreendimentos. Fizemos também o inventário dos contratos vigentes, dentre os quais foram levantados os contratos vencidos em operação em regime emergencial e os contratos com vencimento nos próximos cinco anos”, disse.


Dividino explica ainda que os valores de investimento para todos os empreendimentos só poderão ser definidos após a elaboração dos Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEAs), dos quais a Appa já elaborou 16.  


O plano desenvolvido pela Appa foi realizado em consonância com o Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto Organizado (PDZPO), e seguiu as premissas estabelecidas pela SEP e ANTAQ.

 

Mudanças – Entre as principais mudanças trazidas pelo novo marco legal está a centralização, em âmbito federal, das principais atribuições da atual Autoridade Portuária.


“Se analisarmos as novas atribuições da Autoridade Portuária Local e do Governo Federal, se pode perceber que as autoridades portuárias passarão a ter funções de gestores operacionais locais, ou seja a gestão da operação, cabendo a ANTAQ e SEP o estabelecimento das políticas do setor, do planejamento, da definição e estabelecimento de tarifas portuárias, da celebração dos contratos de arrendamentos e fiscalização dos terminais privados, dragagem, entre outros”, explica Dividino.

 

Novos Contratos - Outra novidade trazida pela MP é que os valores relativos a outorgas deixam de existir. Todas as licitações para novas concessões ou arrendamentos serão feitas por leilão: ganha quem ofertar a maior movimentação de cargas com o menor custo tarifário, e com maior produtividade. 


O Projeto de Lei de Conversão (PLV) 09/2013 alterou a redação desse artigo para considerar a capacidade e o menor tempo de movimentação de carga, além da menor tarifa, facultando que esses critérios sejam considerados de forma isolada ou combinada.


O projeto de lei aprovado pelos parlamentares traz a possibilidade de que os governos estaduais possam realizar as licitações estabelecidas pela ANTAQ de forma a dar celeridade aos planos de investimentos tão necessários. Mas a União terá a prerrogativa de delegar essa competência, ou seja, o governo terá que autorizar o processo.

 

Contratos Antigos - Para os contratos celebrados antes de 1993 será concedido um prazo de exploração das atividades complementar de cinco anos antes da re-licitação destas áreas.


Para os contratos celebrados após a 1993 pelo prazo de 25 anos, prorrogável por no máximo igual período, passam a ter condições de antecipar a segunda etapa do contrato de arrendamento condicionado a um programa de investimentos para expansão e modernização dos terminais.

O Conselho de Autoridade Portuária foi reduzido em representatividade e em competência passando a ser um órgão consultivo.

 

Carga própria – Outra mudança significativa é referente aos terminais de uso privativo. Antes, os portos privados tinham que movimentar carga própria preponderantemente. Agora, estes terminais poderão movimentar as cargas próprias e de terceiros, sem diferenciação entre elas. Fora isso, as autorizações de novos Terminais de Uso Privativo serão feitas por chamadas públicas.


Outra contribuição inserida no PLV foi com relação aos Trabalhadores Portuários Avulsos (TPAs). Foi inserida no texto a aplicação da convenção 137 da Organização Internacional do Trabalho (OIT)  que garante renda mínima aos TPAs e aposentadoria especial. Outra alteração é que as guardas portuárias continuam sendo responsáveis pela segurança das áreas do porto organizado.


“Como se pode notar tivemos avanços e o aperfeiçoamento da legislação vigente no sentido de fomentar investimentos, porém a centralização dos processos de concessão e de dragagem poderão neutralizar todos os avanços obtidos, em função dos prazos para realização das premissas institucionais para a efetiva melhoria do aparato portuário”, complementa Dividino.


Fonte: Appa

Brasil e Dinamarca criam grupo para promover comércio e investimentos bilaterais


 
 
A ministra de Comércio e Investimentos da Dinamarca, Pia Olsen Dyhr (foto), esteve nesta terça-feira no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) para assinar um memorando de entendimento entre os órgãos dos dois países que amplia a cooperação bilateral e que cria um grupo de trabalho sobre comércio e investimentos.


A ministra foi recebida pelo secretário-executivo adjunto do MDIC, Ricardo Schaefer.


Pelo acordo, os ministérios dos dois países irão facilitar o diálogo e as trocas de informações sobre comércio, serviços marítimos, direitos de propriedade intelectual e oportunidades de investimentos nos setores de biocombustíveis, energias renováveis, produtos de eficiência energética, transporte de mercadorias, infraestrutura, fármacos, químicos, eletrônicos, agrícolas, além de outros. Além disso, o grupo de trabalho buscará formas de promover a inserção de pequenas e médias empresas no comércio internacional, especialmente daquelas que se destacam em áreas de inovação.


Para o secretário-executivo adjunto do MDIC, há grande potencial na aproximação entre as empresas de pequeno e médio porte brasileiras e dinamarquesas.


“Existem muitas oportunidades para as empresas destes segmentos. Estamos trabalhando para que elas possam aproveitar o desenvolvimento que acontece no país e também para intensificar a internacionalização delas. Por isso mesmo, o governo realiza uma revisão da legislação brasileira de comércio exterior para simplificar e desburocratizar ao máximo este processo”, disse Schaefer.


Pia Olsen Dyhr informou na reunião que a Dinamarca deverá instalar, em breve, um escritório internacional de inovação em São Paulo-SP, que se somará a outros cinco que o país mantém.


“Vemos o Brasil como um país prioritário para expansão de nossas empresas e investimentos”, disse a ministra que estava acompanhada de uma delegação de empresários dinamarqueses.


Comércio Bilateral


Entre 2008 e 2012, o intercâmbio comercial brasileiro com a Dinamarca cresceu cerca de 50%. Em valores, a corrente de comércio entre os dois países passou de US$ 777 milhões, para US$ 1,2 bilhão.


As exportações brasileiras para a Dinamarca foram compostas em 68% por produtos manufaturados no primeiro quadrimestre deste ano. No período, as vendas brasileiras somaram US$ 127,316 milhões.


Os principais produtos vendidos foram: medicamentos (US$ 89,351 milhões), café em grão (US$ 5,267 milhões), farelo de soja (US$ 5,259 milhões), madeira compensada (US$ 3,769 milhões) e fumo (US$ 3,215 milhões).


As compras feitas pelo Brasil do mercado dinamarquês, entre janeiro e abril de 2013, foram de US$ 300,868 milhões.


Os principais produtos importados foram: medicamentos (US$ 83,304 milhões), motores, geradores e transformadores elétricos (US$ 44.421 milhões) hormônios naturais e derivados (US$ 28,430 milhões), enzimas (US$ 11,753 milhões), e artigos e aparelhos de prótese e ortopedia (US$ 8,967 milhões).


Fonte: Mdic

 

Contratação de médicos estrangeiros 'não é a panaceia', diz OMS




  • BBCBrasil.com
A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou que a contratação de médicos estrangeiros pelo Brasil deve ser vista apenas como uma solução a curto prazo e defende que o País fortaleça seu sistema de saúde para que seus próprios profissionais possam suprir a demanda interna. Para Hans Kluge, Diretor da Divisão dos Sistemas de Saúde e Saúde Pública da OMS, a importação de médicos "não é a panaceia" e deve ser feita com cautela pelo Brasil para garantir que médicos de fora tenham treinamento e qualificação adequados para exercer a medicina no País.

O Ministério da Saúde estuda trazer milhares de médicos espanhóis, portugueses e cubanos. Kluge defende que o governo estabeleça acordos bilaterais com os países que fornecerão essa mão de obra para facilitar sua adaptação em terras brasileiras.

"É importante que esses profissionais estejam preparados profissional e pessoalmente para ir para o Brasil", disse ele à BBC Brasil, acrescentando que a rede de apoio deve continuar depois que esses profissionais começarem a atuar. "Temos exemplos em outros países de médicos estrangeiros que depois de dois anos de trabalho acabaram voltando para casa ou caindo no mercado informal por não ter conseguido se integrar no novo ambiente de trabalho. Alguns viraram taxistas", exemplifica ele.

Segundo o Ministério da Saúde, o governo ainda está discutindo os termos do programa de contratação de médicos estrangeiros e, no momento, está estudando como esquemas semelhantes foram implantados em outros países.

Grã-Bretanha
O diretor da OMS sugere que a Grã-Bretanha pode ser um exemplo a ser analisado pelo Brasil. Anos antes da criação do Código Global de Prática sobre o Recrutamento Internacional de Profissionais de Saúde da OMS, do qual o Brasil é signatário desde 2003, a Grã-Bretanha já vinha seguindo regras próprias de conduta para auxiliar na contratação de médicos estrangeiros.

Essas regras se baseiam em parcerias com os países fontes de mão de obra para facilitar a transferência dos profissionais e garantir que eles sejam reinseridos no mercado de trabalho se decidirem voltar à sua terra natal.m Além disso, como parte do comprometimento com as regras do Código de Prática da OMS, na última década a Grã-Bretanha vem aumentando o número de vagas nas faculdades de medicina visando aumentar o número de médicos formados no país.

A Grã-Bretanha conta com uma presença expressiva de médicos estrangeiros em várias áreas da Saúde desde os anos 60, quando as primeiras levas começaram a desembarcar no país. A maioria vinha da Índia e do Paquistão, nações fortemente ligadas à Grã-Bretanha por causa do passado colonial. Até hoje, os médicos desses países, juntamente com os da África do Sul, encabeçam a lista de médicos estrangeiros.

A Grã-Bretanha é hoje o país com segundo maior número de médicos estrangeiros (44 mil), atrás apenas dos Estados Unidos (cerca de 190 mil). Segundo dados do General Medical Council (GMC), equivalente na Grã-Bretanha ao Conselho Federal de Medicina, os médicos de fora representam 37% do total de profissionais. Em 2011, mais de 3,8 mil médicos de fora ingressaram no país.

Postos de trabalho abundantes, combinados a bons salários e à oportunidade de exercer a profissão em centros de saúde e pesquisas considerados referência mundial, são os principais atrativos para essa mão de obra estrangeira. De acordo com a British Medical Association (BMA), um clínico geral na Grã-Bretanha ganha cerca de 95 mil libras (R$ 293 mil) por ano. Segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), este valor fica acima da média paga em outros países do grupo, que é de R$ 170 mil por ano. Entre as nações que integram a OCDE estão Alemanha, Grécia, Portugal e Espanha.

Isso pode explicar, em parte, por que tantos médicos europeus vêm buscando oportunidades na Grã-Bretanha. De acordo com o General Medical Council, houve um "crescimento notável" no número de médicos do continente, especialmente gregos e espanhóis.

"Apesar deste cenário não ser muito surpreendente diante do clima econômico desfavorável nesses países e altas taxas de desemprego, isso nos mostra um ponto interessante sobre a natureza global da medicina", diz o GMC em seu último relatório The State of Medical Education and Practice in the UK (O Estado da Educação e Prática da Medicina no Reino Unido).

Fluência em idioma
O GMC é responsável pelos registros de todos os médicos que atuam na Grã-Bretanha. Para atuar no país, os médicos estrangeiros devem passar por um controle rigoroso, que inclui validação do diploma do país de origem, pedido para obtenção de uma licença para praticar a medicina, provas de inglês, certificado de boa conduta e documentos que provem a experiência do médico.

As regras mudam ligeiramente para os profissionais europeus, que não precisam de prova de inglês para atuar no país. Segundo a GMC, isto causa problemas porque muitos europeus não são fluentes no idioma, o que pode afetar seu desempenho profissional e eventualmente colocar a vida de pacientes em risco. Ainda segundo dados do GMC, 63% dos médicos que tiveram seus registros cassados ou suspensos na Grã-Bretanha nos últimos cinco anos foram treinados no exterior.

A entidade concluiu que esses profissionais teriam falhado ao demonstrar suas habilidades para praticar medicina e tinham conhecimento insuficiente sobre as leis e códigos que regem o sistema de saúde do país. Desde então, O GMC vem defendendo que o governo implemente mudanças para que esses profissionais sejam acompanhados mais de perto no início de suas carreiras na Grã-Bretanha e que os europeus também passem por testes de inglês para avaliar sua capacidade de comunicação.