A startup brasileira Nubank, conhecida pelo seu cartão de
crédito roxo, anunciou na segunda-feira, 8, que recebeu uma rodada de
investimentos de US$ 180 milhões da chinesa Tencent, uma das maiores
empresas de tecnologia do mundo. De acordo com o site americano ‘The
Information’, que antecipou a notícia, o investimento faz o Nubank ser
cotado em US$ 4 bilhões, tornando-se a maior startup de capital fechado
da América Latina.
Segundo as companhias, US$ 90 milhões serão investidos diretamente na
empresa, enquanto o restante será utilizado pela asiática para comprar
participação de outros acionistas da startup brasileira. Ao todo, a
chinesa deve ter uma fatia de cerca de 5% dentro do Nubank, disseram
fontes próximas ao assunto.
Fundado em 2013, pelo colombiano David Vélez, o Nubank tem registrado
crescimento expressivo nos últimos meses: há duas semanas, divulgou ter
5 milhões de clientes em seu cartão de crédito controlado por
aplicativo, 20% mais do que tinha em fevereiro. Além disso, a empresa
também tem 2,5 milhões de usuários em sua conta bancária digital, a
NuConta, lançada há cerca de um ano.
“O projeto do Nubank é ser um banco digital completo. Uma avaliação
de mercado de US$ 4 bilhões é condizente com o potencial da empresa”,
avalia Guilherme Horn, diretor executivo de inovação da consultoria
Accenture. Na visão do especialista, os números atuais do Nubank o
credenciam como um dos maiores bancos digitais do mundo, mesmo atuando
apenas no Brasil – em entrevista recente, David Vélez negou ter planos
de expansão para a América Latina no curto prazo.
Já para o presidente da Associação Brasileira de Startups
(ABStartups), Amure Pinho, o investimento mostra a força do ecossistema
brasileiro de startups, mesmo em meio à crise. “É um sinal de que nosso
mercado consumidor interno tem apetite”, afirma ele, ressaltando que o
investimento ajudará o Nubank a brigar de frente com as instituições
bancárias tradicionais brasileiras. “A empresa tem tudo para ser a maior
emissora de cartões do País em breve.”
Destino
Em comunicado divulgado à imprensa, o presidente executivo do Nubank,
David Vélez, ressaltou que a empresa não “precisava de mais capital
neste momento” – em fevereiro, a startup recebeu um aporte de US$ 150
milhões do fundo DST Global. “Já geramos caixa operacional desde o ano
passado, mas não poderíamos deixar passar a oportunidade de ter a
Tencent conosco.” Para especialistas ouvidos pelo jornal o Estado de S.
Paulo, a troca de conhecimento com a chinesa será o principal ganho do
Nubank na operação.
“Os chineses têm um grande conhecimento para fazer negócios ganharem
escala”, diz Horn, da Accenture. “Além disso, mudanças que já estão
maduras na China ainda não aconteceram aqui, como toda a revolução na
área de pagamentos.”
É um setor que a chinesa tem experiência: hoje, é dona do WePay, um
dos serviços de pagamentos móveis mais populares do mundo. Ele funciona
dentro do WeChat, espécie de WhatsApp chinês, utilizado por mais de 1
bilhão de pessoas atualmente. Além disso, a Tencent também tem
participações em empresas como Tesla, Snap e o aplicativo de transportes
Didi. Avaliada em US$ 360 bilhões, a chinesa também é dona da Riot,
produtora do sucesso dos games League of Legends.
As informações são do
jornal O Estado de S. Paulo.
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