O dólar opera em queda ante o real na manhã desta
quinta-feira, 11, pressionado pela desvalorização da divisa dos EUA no
exterior e após a pesquisa Datafolha divulgada na noite de quarta-feira
(10) indicar um favoritismo de Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno da
eleição presidencial – com 58% dos votos válidos ante seu adversário
Fernando Haddad (PT), com 42%.
A perspectiva do feriado nacional de sexta-feira, 12, no
entanto, pode ainda apoiar alguma demanda defensiva durante a sessão,
por precaução.
Ainda que essa sondagem venha reforçar a percepção no mercado
de que a eleição de Bolsonaro pode estar bem encaminhada, a correção de
baixa do dólar ante o real está mais discreta. Isso porque estão
surgindo dúvidas em relação à agenda liberal do presidenciável do PSL,
que não participará de nenhum debate até o dia 18, por determinação
médica.
Bolsonaro vem mudando o tom de seu discurso sobre
privatizações e reformas. Passou a defender um processo de reforma da
Previdência mais moderado do que o esperado e já sinalizou ser contrário
às privatizações do setor elétrico e de bancos estatais, como o Banco
do Brasil e a Caixa Econômica Federal.
Também já indicou restrições à venda de ativos da Petrobras e
defendeu nesta quarta-feira a adoção de 13º salário a beneficiários do
programa Bolsa Família. Neste caso, ele quer atrair votos sobretudo no
Nordeste do País, região onde ele perdeu para seu adversário Fernando
Haddad no primeiro turno.
Na noite de quarta-feira, Bolsonaro afirmou em entrevista à
RecordTV que o economista Paulo Guedes, que o assessora, tem carta
branca para formular propostas, mas que somente “bate o martelo” depois
de falar com ele.
O mercado está de olho em Guedes, que está sendo investigado
pelo Ministério Público, e poderá, se o capitão reformado for eleito,
ser seu ministro da Fazenda. O “chefe” pediu medidas no sentido de ter
um “dólar compatível e uma taxa juros menor possível”. Para isso, o time
econômico da campanha de Bolsonaro prepara estudo detalhado para
medidas de estímulo ao mercado de capitais e desoneração dos
investimentos no setor produtivo.
Haddad, por sua vez, conseguiu nesta quarta apoios importantes
do PDT, da Rede e da corrente “esquerda para valer”, do PSDB, que reúne
cerca de 5 mil militantes nas redes sociais e deve participar de um ato
público com o candidato nesta Quinta-feira.
Também na quarta, o ex-ministro e ex-governador Jaques Wagner
(PT), senador eleito pela Bahia e um dos coordenadores da campanha de
Haddad, afirmou que nomes de ministros de um eventual governo petista
podem começar a ser anunciados antes da eleição a fim de acalmar os
eleitores desconfiados com o partido.
Segundo Wagner, essa preocupação tem sido demonstrada por
Haddad e, por isso, as pastas da Educação, Fazenda e Justiça podem ter
divulgados “nomes que tranquilizem a população”.
Os investidores tende a monitorar as próximas pesquisas,
propostas econômicas e os nomes de ambos os lados que poderão
eventualmente compor os futuros governos.
No exterior, o ambiente negativo generalizado reflete receios
de aperto monetário mais rigoroso nos EUA, além de maiores tensões
comerciais entre EUA e China e perspectivas de expansão econômica global
mais fraca.
Às 9h52 desta quinta-feira, o dólar à vista caía 0,83%, a R$ 3,7322. O dólar futuro de novembro recuava 0,60%, a R$ 3,7405.
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