Os líderes na disputa eleitoral têm visões opostas sobre o futuro da
Embraer. A equipe de Jair Bolsonaro (PSL) indica nos bastidores que, em
caso de vitória, avaliará as condições do acordo com a norte-americana
Boeing, mas já trabalha com estudo técnico que defende que a união das
duas é “imprescindível” para a sobrevivência da fabricante brasileira.
Se eleito, Fernando Haddad (PT), por sua vez, promete questionar o
acordo e “tomar todas as medidas jurídicas” para preservar o interesse
da Embraer.
A expectativa é de que o Palácio do Planalto dê a palavra final sobre
o negócio entre Embraer e Boeing nos dias seguintes ao segundo turno.
Detentor de uma ação especial na empresa brasileira – a chamada golden
share -, o governo precisa dar aval para que as duas companhias
prossigam nas negociações para criar uma terceira empresa controlada
pelos norte-americanos dedicada à aviação comercial e também para uma
parceira dedicada à comercialização do novo cargueiro brasileiro KC-390.
Em caso de vitória, Bolsonaro indica que dará sinal verde para que o
governo Michel Temer dê aval ao negócio, segundo fontes ouvidas pelo
jornal O Estado de S. Paulo e pelo Broadcast (serviço de notícias em
tempo real do Grupo Estado). Apesar de o tema encontrar resistência em
alguns setores militares, a equipe do candidato do PSL defende essa
decisão com base em um estudo técnico preparado por especialistas, entre
eles o ex-presidente da Embraer Ozires Silva, um dos grandes
entusiastas do negócio.
Ozires classifica o acordo como “imprescindível” para o futuro da
Embraer diante da concorrência após a união da maior concorrente da
Boeing, a europeia Airbus, com a grande competidora da Embraer, a
canadense Bombardier. Com esse fortalecimento dos concorrentes e a
entrada da China no mercado de aviação regional, o estudo entregue a
Bolsonaro defende que é “inevitável” que a brasileira se associe a uma
empresa maior para ganhar musculatura.
Sobre a preocupação de setores das Forças Armadas com o negócio,
prevalece a percepção de que este seria um negócio “de mercado” e que
questões estratégicas seriam preservadas com a separação do negócio de
defesa da Embraer, que continuaria com os brasileiros e com poder de
veto do governo.
Haddad
Eventual governo Haddad, ao contrário, tentaria barrar ou até
reverter o negócio. A campanha do ex-prefeito informou que “irá tomar
todas as medidas jurídicas para preservar os interesses nacionais” na
Embraer. A equipe de Haddad avalia como “ilegítima” eventual decisão do
governo Temer com o negócio – decisão classificada como uma “entrega da
Embraer para a Boeing”.
O tom contra o negócio é um pouco mais duro que o observado no fim de
setembro, quando o candidato petista visitou o berço da Embraer, no
interior paulista. “O chamado ato jurídico perfeito vamos respeitar,
como sempre respeitamos. Se houver possibilidade jurídica de reversão,
com certeza faremos”, disse em entrevista coletiva à imprensa em São
José dos Campos (SP), em 20 de setembro, ao ser questionado sobre como
encararia a união das duas companhias.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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