quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Presidentes conectados em redes sociais geram mais negócios


Pesquisas apontam que executivos que atuam em plataformas na internet constroem melhor imagem e até resultados para suas companhias

 


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 Abilio Diniz no curso Exame PME

São Paulo - Empresas que quiserem se manter competitivas terão não apenas que adequar seus processos e meios de comunicação às redes sociais, mas também ter presidentes engajados nessas plataformas. É o que aponta um recente estudo da consultoria de mídia social BRANDfog. 

A pesquisa, chamada The Global Social CEO 2014, ouviu 1.000 funcionários de companhias de todos os portes e diversos segmentos nos Estados Unidos e Reino Unido.

Para cerca de dois terços (61%) dos respondentes britânicos e três quartos (71%) dos norte-americanos, é fato que uma organização cujos executivos falam sobre seus negócios, marca e valores nas redes é mais confiável do que outras que outras comandadas por pessoas que não têm esse hábito.
Na mesma linha, 61% dos respondentes dos EUA e metade dos do Reino Unido afirmaram, na posição de clientes, ter mais tendência a comprar de empresas lideradas por executivos que comunicam claramente os seus valores por meio de mídias sociais. 

Paulo Alvarenga, sócio diretor da consultoria Crescimentum, acredita que os gestores precisam assimilar essa tendência o quanto antes. "Tem de haver uma conscientização de que não se trata de uma moda. A nova geração exige o contato pelas redes sociais e para acompanhar o pensamento desses jovens, se aproximar disso é essencial", afirma.

Fatima Motta, professora da ESPM e da FIA-USP e sócia diretora da F&M consultores, endossa o discurso."Estar nas redes mostra que o CEO é humano e cria uma relação mais próxima das pessoas. Isso faz com que os funcionários se comprometam muito mais, se vinculem melhor à empresa e ao presidente", diz. 

"Da mesma forma, para o consumidor, uma marca ou produto é muito mais confiável quando ele vê o posicionamento da empresa sobre eles nas redes", completa a professora. 
Os resultados do levantamento revelam que a opinião dos empregados pesquisados é parecida. Nos EUA, 77% dos ouvidos acreditam que executivos que usam as redes sociais conseguem criar um canal para um engajamento autêntico com os públicos de relacionamento da companhia.

E na percepção dos funcionários, esse relacionamento acaba refletindo nos resultados. Conforme acreditam 87% dos entrevistados nos EUA e 79% dos ouvidos no Reino Unido, ter uma política séria de social mídia permite que a liderança das empresas aja de forma proativa e não apenas reaja diante dos desafios de negócios.

Em 2012, um outro estudo elaborado pela consultoria Weber Shandwick junto a 630 profissionais do alto escalão de companhias das Américas do Norte e Latina, Europa e Ásia revelou que 70% deles confiavam que ter um presidente ativo nas redes sociais provocava um impacto positivo nos negócios da companhia. 


Estratégia


De acordo com o levantamento da BRANDfog, tanto nos EUA quando no Reino Unido, mais de dois terços (85% e 75%, respectivamente) dos ouvidos concordam que as redes sociais já se tornaram um instrumento essencial para a estratégia de comunicação e relações públicas dos líderes. 

Os especialisas concordam, mas alertam que é preciso ter cuidado com o que e como se compartilha.
"Como consumidora, tudo o que eu sinto que é verdade, que está mais próximo de mim, eu tenho tendência a consumir. Mas isso vale para o bem e para o mal. Se eu souber de coisas ruins, me afasto", diz a professora Fatima Motta.

Por isso, segundo ela, executivos e empresas precisam conhecer bem seus clientes, fornecedores e outros públicos de relacionamento. 

"O profissional tem que ter  discernimento sobre o que ele vai postar, sejam informações mais pessoais ou de marketing empresarial. É importante que se faça uma análise de para onde vai esse conteúdo e qual a mensagem se quer transmitir, que se tenha foco e clareza para definir o que será colocado nas redes", reforça.

"É preciso também avaliar os riscos desse investimento. Um CEO é um formador de opinião. Qualquer postagem dele em uma rede social é uma informação que pode mexer com o mercado financeiro", ressalta Paulo Alvarenga, da Crescimentum.
 

Exemplos 


Por aqui, alguns comandantes de empresa têm presença marcada nas redes sociais. O presidente do conselho de administração da BRF, Abílio Diniz, compartilha fotos e divulga no Twitter eventos de que participa e também opina sobre atividades físicas e o seu time do coração, o São Paulo. O executivo mantém até mesmo um blog vinculado à plataforma.

Já a presidente do conselho do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, adota um tom mais comercial e geralmente posta conteúdos relacionados às atividades de sua rede de lojas. 

O perfil de Jorge Paulo Lemman, dono da 3G capital, também é mais institucional e geralmente conta com informações ligadas a fundações e projetos que o empresário mantém e apoia. 

Em 10 anos, produzir no Brasil ficou mais caro que nos EUA

 

 


 

João Pedro Caleiro - Exame

 

 Energia mais cara e salários em alta sem aumento de produtividade fizeram explodir o custo de produzir no país, segundo estudo do Boston Consulting Group



Marcos Issa/Bloomberg
Trabalhador em uma fábrica de sucos da Sucocitrico Cutrale em Araraquara
Trabalhador em uma fábrica de sucos: produtividade cresceu só 1% ao ano
São Paulo - Em 2004, produzir no Brasil era 3% mais barato do que nos Estados Unidos. 10 anos depois, é 23% mais caro.
Foram levadas em conta 4 dimensões: salários, produtividade do trabalho, custos de energia e taxas de câmbio.
No caso brasileiro, houve um forte aumento na energia elétrica e no gás natural, mas o que pesou mais foi uma combinação de aumento dos salários (que dobraram nas fábricas) com baixo aumento deprodutividade (só 1% ao ano entre 2004 e 2014).
"Salários mais altos são tipicamente um sinal saudável de desenvolvimento, e uma década de crescimento econômico estável permitiu a milhões de famílias sair da pobreza para a classe média. Mas salários em alta não levaram a ganhos de produtividade.", diz o relatório.
Isso pode ser atribuído, segundo o BCG, a fatores como infraestrutura inadequada, falta de investimentos e um ambiente caro e complexo para os negócios.
Um novo mapa
De 4 grupos, o Brasil foi colocado em "Sob Pressão", aqueles tradicionalmente de baixo custo cujas condições se deterioraram, junto com China, República Tcheca, Polônia e Rússia.
Austrália e França estão entre os países "Perdendo Espaço", Índia e Reino Unido entram no time que está "Segurando Firme" e México e EUA são "Estrelas Globais em Ascendência"
A BCG conclui que o mapa da competitividade foi redesenhado e já não não se divide mais de forma binária. Hoje, ele lembra mais um mosaico, com economias de alto e baixo custo em todas as regiões:
"Quem pensaria há uma década atrás que o Brasil seria hoje um dos países de mais alto custo para a manufatura e que o México seria mais barato que a China?", diz o relatório.

VISTOS FRAUDULENTOS


Uma centena de estrangeiros podem ter sido beneficiados pelo esquema.
A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (19/08) a Operação OFF SIDE com o objetivo de desarticular esquema criminoso voltado para a obtenção fraudulenta de vistos de permanência no Brasil requeridos por estrangeiros.
Durante as investigações verificou-se que um escritório de contabilidade localizado em Porto Seguro – BA fraudava o conteúdo de documentos, entre os quais, contratos sociais e relação anual de informações sociais – RAIS, no intuito de comprovar que os estrangeiros mantinham atividade econômica em solo brasileiro, fazendo jus ao visto de permanência na modalidade investidor.
Foram expedidos pela Justiça Federal em Eunápolis quatro Mandados de Busca e Apreensão, bem como decretada a suspensão da atividade econômica dos envolvidos que estão impedidos de constituir sociedades empresariais em nome de estrangeiros, assim como intermediar e ou atuar como seus procuradores em processos de concessão de visto de permanência, modalidade investidor, sob pena de conversão da medida em prisão preventiva.
Os investigados serão indiciados pela prática dos delitos tipificados nos artigos 304, c/c o artigo 297, § 3º, I e III, e 299 do CP, e 125, XIII, da Lei Federal nº 6.815/80.
Mais de uma centena de estrangeiros podem ter sido beneficiado pelo esquema fraudulento, os quais poderão ter seus vistos de permanência no Brasil cancelados, oportunidade em que deverão deixar o país sob pena de deportação.
(Radar Notícias – 19/08/2014)


terça-feira, 19 de agosto de 2014

BHP anuncia plano de cisão e não realiza recompra de ações


A mineradora confirmou a cisão ao divulgar uma alta de 8% no lucro subjacente atribuível do segundo semestre fiscal, para 5,69 bilhões de dólares

Sonali Paul e Silvia Antonioli, da
REUTERS / Tim Wimborne
Mineração: mina da BHP Billiton na Austrália
BHP Billiton: empresa disse que cortou 2,9 bilhões de dólares em custos no ano fiscal de 2014

Melbourne - A maior mineradora do mundo, a BHP Billiton, anunciou planos para alienar ativos somando estimados 16 bilhões de dólares, a maioria adquiridos na fusão em 2001 com a Billiton, para focar em atividades mais rentáveis.

A companhia, porém, não anunciou uma recompra de ações, decepcionando investidores que esperavam receber cerca de 5 bilhões de dólares. 

O presidente-executivo da empresa, Andrew Mackenzie, no cargo há pouco mais de um ano, disse que a decisão amplamente esperada para simplificar a BHP em volta dos "quatro pilares" de minério de ferro, cobre, carvão e petróleo incentivará o crescimento do fluxo de caixa e impulsionará os retornos. 

"Ao nos concentrarmos no que fazemos melhor, o desenvolvimento e a operações de grandes bacias, podemos melhorar ainda mais nossa produtividade, mais rapidamente e com maior certeza", disse Mackenzie em comunicado.

A compania resultante da cisão, apelidada de NewCo por enquanto, reunirá ativos de aluminínio, manganês, o projeto de níquel Cerro Matoso na Colômbia, carvão no sul da África e alguns ativos de carvão metalúrgico da Austrália e a mina Cannington de prata, chumbo e zinco.

A BHP confirmou a cisão ao divulgar uma alta de 8 por cento no lucro subjacente atribuível do segundo semestre fiscal, para 5,69 bilhões de dólares, pouco abaixo de uma previsão média de 5,94 bilhões de dólares entre analistas, segundo a SmartEstimate da Thomson Reuters Starmine. 

A BHP disse que cortou 2,9 bilhões de dólares em custos no ano fiscal de 2014, e acrescentou que espera alcançar outros 3,5 bilhões de dólares em economias durante os próximos três anos.

A BHP não informou o valor da nova companhia, mas três analistas estimaram que pode valer entre 15 bilhões e 17 bilhões de dólares.

São Paulo supera Berlim em influência global, diz estudo


São Paulo empata com Madrid e é a cidade mais influente da América Latina em ranking do Civil Service College com a Chapman University

Caio Pimenta / SPTuris
Catedral da Sé, no centro de São Paulo
Catedral da Sé, no centro de São Paulo: cidade é a mais influente da América Latina

São Paulo - São Paulo é a cidade mais influente da América Latina, de acordo com um estudo do Civil Service College de Singapura e da Chapman University.

Entre 58 áreas metropolitanas, ela fica em 23º lugar - empatada com Bruxelas, Boston, Dallas-Forth Worth, Madrid e Melbourne.

O ranking geral é liderado por Londres, Nova York, Paris, Singapura e Tóquio. 
A análise foi feita pelo escritor e professor de desenvolvimento urbano Joel Kotkin em parceria com o ex-consultor da Accenture Aaron Renn e o demógrafo Wendell Cox.

A ideia central foi dar mais importância para eficiência, acesso a capital e informação e laços com o resto do mundo do que métricas tradicionais como tamanho do PIB.

Os critérios do ranking premiam cidades com muitos habitantes de origem estrangeira e que dominam alguma indústria específica - o que faz São Francisco, por exemplo, aparecer em 10º lugar, graças ao Vale do Silício.

Foram analisadas 8 dimensões: diversidade, investimento estrangeiro direto, importância estratégia para indústrias globais, relevância em tecnologia e mídia, rede de serviços de apoio à produção, número de sedes de empresas no Fortune Global 2000, conectividade aérea e serviços financeiros.

Segundo os autores, o primeiro lugar de Londres mostra que há um grande elemento de "inércia" no poder da cidades. No entanto, sua hegemonia, assim como a de Nova York, já não é mais a mesma e sofre competição de outras localidades, principalmente de fora da Europa.

Genebra está na 34ª posição e Berlim na 37ª enquanto Xangai ficou em 19º, Abu Dhabi em 20º e Istambul em 29º.

Em relação a São Paulo e outras estrelas do mundo emergente, Joel diz que "enquanto estas áreas não desenvolverem infraestrutura adequada - de estradas, transporte e pontes até um sistema judiciário relativamente sem corrupção - nenhuma pode esperar entrar no top 10, ou mesmo top 20, pelo menos por uma década".

As empresas campeãs na preferência dos estudantes de direito


Ranking de empregadores preferidos de universitários da área de direito, divulgado hoje pela Universum, traz Petrobras, Banco do Brasil e Google no topo




Getty Images
jovens olham para o alto
Geração Z: eles olham para a geração Y como referência do que não fazer, segundo especialista

São Paulo – Quando a opção é seguir carreira no mundo corporativo, Petrobras, Banco do Brasil e Google são as empresas preferidas dos estudantes de direito. A informação parte do ranking de 2014 dos Empregadores IDEAIS™ no Brasil divulgado hoje pela empresa de consultoria e de pesquisa global Universum.

A pesquisa leva em conta apenas empresas, escritórios de advocacia não foram destacados pela Universum. Participaram do levantamento 4.721 jovens universitários de cursos de direito.

Além das três companhias citadas, o destaque fica com o Banco Bradesco que subiu expressivamente na preferência dos estudantes de direito. Em um ano, o banco saltou da 32ª para a 5ª posição, sendo a empresa preferida de 11,8% dos futuros advogados. Veja a lista com as 100 empresas mais citadas pelos estudantes de direito como sendo empregadoras ideais: 

Posição no ranking em 2014 Empresa Percentual de estudantes que escolheram a empresa Posição no ranking em 2013
1 Petrobras 29,73% 2
2 Banco do Brasil 26,13% 4
3 Google 22,07% 1
4 Apple 18,92% 3
5 Banco Bradesco 11,85% 32
6 Microsoft 11,00% 9
7 Itaú Unibanco 10,06% 8
8 Facebook 9,01% -
9 Rede Globo 8,91% 5
10 Vale 8,88% 11
11 HSBC 8,35% 44
12 Itaú BBA 7,78% 17
13 The Coca-Cola Company 7,37% 6
14 Editora Abril 6,41% 10
15 Grupo Santander 6,07% 15
16 Ambev 5,60% 7
17 TAM Airlines 5,39% 36
18 Samsung 4,93% 41
19 Nestlé 4,61% 26
20 Eletrobrás 4,58% 20
21 BMW Group (BMW, Mini, Rolls-Royce Motorcars) 4,51% 24
22 Sony 4,03% 34
23 GOL Linhas Aéreas Inteligentes 3,70% 68
24 Volkswagen Group (incl. Audi, Porsche, SEAT) 3,67% 21
25 Heineken 3,59% 14
26 Toyota 3,50% 64
27 Odebrecht 3,34% 29
28 Honda 3,15% 59
29 Votorantim 3,11% 13
30 Natura 2,83% 19
31 Embraer 2,71% 22
32 Ford do Brasil 2,62% 67
33 Camargo Corrêa 2,52% 16
34 Gerdau 2,42% 39
35 Ipiranga - Produtos de Petróleo 2,37% 58
36 LVMH (Louis Vuitton, Dior, Sephora) 2,31% 25
37 Dell 2,23% 50
38 GM - General Motors 2,23% 35
39 Unilever 2,14% 47
40 L'Oréal Group 2,11% 23
41 Deutsche Bank 2,06% 45
42 PwC (PricewaterhouseCoopers) 2,04% 12
43 SulAmérica Seguros 2,01% 57
44 Johnson & Johnson 1,86% 31
45 Grupo Boticário 1,85% -
46 Grupo Volvo 1,82% 75
47 adidas group (incl. Reebok, TaylorMade) 1,76% 43
48 Renault do Brasil 1,75% 116
49 IBM 1,70% 52
50 Fiat Group 1,69% 49
51 Bank of America Merrill Lynch 1,51% 28
52 Intel 1,44% 63
53 Volvo Car Group 1,44% 72
54 Andrade Gutierrez 1,38% 48
55 Walmart 1,36% 62
56 The Boston Consulting Group (BCG) 1,29% 46
57 EY (Ernst & Young) 1,15% 18
58 CSN - Companhia Siderúrgica Nacional 1,07% 87
59 GPA ? Grupo Pão de Açúcar 1,07% 30
60 KPMG 1,03% 33
61 Usiminas 1,00% 69
62 3M 1,00% 108
63 Souza Cruz - British American Tobacco 0,97% 38
64 Bayer 0,97% 54
65 Deloitte 0,95% 37
66 BRF - Brasil Foods 0,94% 27
67 J.P. Morgan 0,93% 42
68 JBS - Friboi 0,93% 74
69 Shell 0,88% 77
70 ArcelorMittal 0,87% 119
71 Bosch 0,87% 92
72 PepsiCo 0,87% 80
73 Danone 0,86% 66
74 Philip Morris International 0,83% 112
75 Carrefour 0,77% 86
76 Ferrero 0,77% 101
77 Renner 0,76% -
78 ALL Logística 0,76% -
79 C&A 0,75% -
80 Braskem 0,75% 97
81 Lenovo 0,73% 100
82 Citi 0,71% 91
83 Monsanto 0,69% 53
84 HP 0,69% 110
85 Cielo 0,69% 76
86 Hypermarcas 0,64% 79
87 Siemens 0,63% 97
88 Goldman Sachs 0,63% 61
89 Scania 0,61% 93
90 Cargill 0,59% -
91 Procter & Gamble (P&G) 0,56% 51
92 Philips 0,56% 60
93 Daimler/Mercedes-Benz 0,54% 84
94 Bunge 0,54% 88
95 BTG Pactual 0,52% 94
96 Credit Suisse Hedging-Griffo 0,51% 78
97 ABB 0,49% 115
98 Raízen 0,48% 106
99 GE - General Electric 0,48% 40
100 Pfizer 0,45% 56

Os 2 lados da polêmica sobre a nova profissão de paralegal


Projeto de lei que institui uma nova figura no mercado de trabalho jurídico enfrenta oposição da OAB; conheça argumentos favoráveis e contrários à sua aprovação

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Juiz
Direito: mesmo sem aprovação no Exame da OAB, o paralegal poderia exercer algumas funções

São Paulo - O mercado para quem trabalha como advogado no Brasil pode mudar nos próximos tempos. Pelo menos se o Senado aprovar a proposta regulamentadora da profissão de paralegal, que já passou pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados no início de agosto.

Segundo o projeto de lei 5749/13, de autoria do deputado Sergio Zveiter (PSD-RJ), o bacharel em Direito sem aprovação no Exame da OAB poderia exercer algumas atividades num escritório de advocacia, desde que acompanhado por um advogado com registro. 

Segundo explica o autor do projeto, que altera o Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, o paralegal não poderia exercer certas funções restritas a advogados, como assinar petições ou fazer sustentações orais em julgamentos.

No entanto, ele poderia auxiliar o advogado a preparar documentos e fazer pesquisas. O detalhe é que a profissão vem com um "prazo de validade" de três anos. Depois desse período, se o indivíduo não for aprovado no Exame da OAB, volta a ser bacharel.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) é contrária à proposta. “O paralegal é um advogado parcial, que acabaria sendo levado a uma situação precária”, afirma Marcus Vinícius Furtado Coelho, presidente do Conselho Federal da OAB.

Segundo ele, seriam criados níveis desiguais de atuação. “Não podem existir cidadãos, e nem advogados, de primeira ou de segunda linha”, diz. “Como determinar qual dos dois vai cuidar de um atendimento ou outro? Não existe uma causa mais ou menos importante do que outra”.

O presidente do Conselho Federal da OAB também enxerga a proposta como um “desestímulo ao estudo”. “É só uma forma de acomodar quem não passa no Exame da Ordem”, afirma.
 

Profissão existe em outros países
 

Em resposta à controvérsia, o autor do projeto de lei, o deputado Sergio Zveiter (PSD-RJ), afirma que teve como inspiração países como Estados Unidos e Canadá, onde existe a figura do paralegal.

“É uma experiência que já deu certo em muitos outros países e pode ser boa para nós”, afirma. Segundo ele, essa seria uma solução para “retirar do limbo” um grande número de bacharéis sem status jurídico no Brasil.

“Há um sem número de profissionais formados em Direito que desejam seguir carreiras alternativas à de advogado, como delegado por exemplo”, explica o deputado. Segundo ele, além de ser mais uma opção no mercado de trabalho, a figura do paralegal seria muito útil para o trabalho nos escritórios de advocacia.

 
Demanda do mercado

 
De fato o mercado de trabalho apresenta demanda pelo trabalho do paralegal, segundo o advogado Fábio Salomon, da consultoria Salomon e Azzi. “Os escritórios de advocacias muitas vezes precisam de alguém para apagar incêndios, e esses profissionais fariam esse papel”, afirma.

No entanto, isso é uma má notícia para os estagiários, segundo ele. “Com a recente mudança na lei do estágio, os estudantes só podem trabalhar 6 horas por dia, o que não é suficiente para suprir a necessidade de trabalho dos escritórios”, diz.

Assim, no lugar de contratar um estagiário com limitações de tempo, o empregador provavelmente irá preferir o paralegal, na opinião de Salomon. “Em termos de empregabilidade, o jovem estudante sai perdendo”, afirma.

Mas o estagiário não é o único prejudicado, de acordo com ele. “O paralegal não tem plano de carreira, porque só pode atuar durante três anos. O que acontece com ele depois desse período?”, diz o advogado.

Para o deputado Sergio Zveiter, autor da proposta, não há conflito entre as funções do estagiário e do paralegal. “Um é um acadêmico que busca contato com a prática, o outro é um profissional de fato”, afirma.

Quanto à dificuldade de se traçar um plano de carreira para o paralegal, Zveiter responsabiliza a própria OAB. “Foi por pressão deles que tivemos que incluir o prazo de três anos para a atividade. Na proposta original, seria por tempo indeterminado”, diz o deputado.


Aprovados e reprovados
 

Para Salomon, a existência do paralegal esvaziaria a importância da OAB e desgastaria a imagem do advogado perante a sociedade. “Há uma perda moral para quem é aprovado no Exame da Ordem, ao mesmo tempo em que o jovem é desestimulado a buscar a habilitação”, opina.

Segundo Marcus Vinícius Furtado Coelho, presidente do Conselho Federal da OAB, o exame propõe questões básicas, que qualquer advogado deveria ser capaz de responder. “Quem não é aprovado precisa estudar mais, e não há limite para tentativas”, afirma.

Ele afirma que as reprovações no Exame da Ordem têm a ver com a baixa qualidade do ensino superior na área. “O projeto de lei é só um ‘jeitinho’ para acomodar uma situação grave causada pela multiplicação desenfreada dos cursos de Direito”, diz Coelho.

O deputado Zveiter afirma que o Exame da OAB, em si, não é o objeto da proposta. “Não estamos discutindo a OAB e nem o Exame, estamos apenas falando de uma possibilidade de atuação para bacharéis em Direito”, afirma.