Pesquisas apontam que executivos que atuam em plataformas na internet constroem melhor imagem e até resultados para suas companhias
A pesquisa, chamada The Global Social CEO 2014, ouviu 1.000 funcionários de companhias de todos os portes e diversos segmentos nos Estados Unidos e Reino Unido.
Para cerca de dois terços (61%) dos respondentes britânicos e três
quartos (71%) dos norte-americanos, é fato que uma organização cujos
executivos falam sobre seus negócios, marca e valores nas redes é mais
confiável do que outras que outras comandadas por pessoas que não têm
esse hábito.
Na mesma linha, 61% dos respondentes dos EUA e metade dos do Reino
Unido afirmaram, na posição de clientes, ter mais tendência a comprar de
empresas lideradas por executivos que comunicam claramente os seus
valores por meio de mídias sociais.
Paulo Alvarenga, sócio diretor da consultoria Crescimentum, acredita
que os gestores precisam assimilar essa tendência o quanto antes. "Tem
de haver uma conscientização de que não se trata de uma moda. A nova
geração exige o contato pelas redes sociais e para acompanhar o
pensamento desses jovens, se aproximar disso é essencial", afirma.
Fatima Motta, professora da ESPM e da FIA-USP e sócia diretora da
F&M consultores, endossa o discurso."Estar nas redes mostra que o
CEO é humano e cria uma relação mais próxima das pessoas. Isso faz com
que os funcionários se comprometam muito mais, se vinculem melhor à
empresa e ao presidente", diz.
"Da mesma forma, para o consumidor, uma marca ou produto é muito mais
confiável quando ele vê o posicionamento da empresa sobre eles nas
redes", completa a professora.
Os resultados do levantamento revelam que a opinião dos empregados
pesquisados é parecida. Nos EUA, 77% dos ouvidos acreditam que
executivos que usam as redes sociais conseguem criar um canal para um
engajamento autêntico com os públicos de relacionamento da companhia.
E na percepção dos funcionários, esse relacionamento acaba refletindo
nos resultados. Conforme acreditam 87% dos entrevistados nos EUA e 79%
dos ouvidos no Reino Unido, ter uma política séria de social mídia
permite que a liderança das empresas aja de forma proativa e não apenas
reaja diante dos desafios de negócios.
Em 2012, um outro estudo elaborado pela consultoria Weber Shandwick
junto a 630 profissionais do alto escalão de companhias das Américas do
Norte e Latina, Europa e Ásia revelou que 70% deles confiavam que ter
um presidente ativo nas redes sociais provocava um impacto positivo nos
negócios da companhia.
Estratégia
De acordo com o levantamento da BRANDfog, tanto nos EUA quando no Reino
Unido, mais de dois terços (85% e 75%, respectivamente) dos ouvidos
concordam que as redes sociais já se tornaram um instrumento essencial
para a estratégia de comunicação e relações públicas dos líderes.
Os especialisas concordam, mas alertam que é preciso ter cuidado com o que e como se compartilha.
"Como consumidora, tudo o que eu sinto que é verdade, que está mais
próximo de mim, eu tenho tendência a consumir. Mas isso vale para o bem e
para o mal. Se eu souber de coisas ruins, me afasto", diz a professora
Fatima Motta.
Por isso, segundo ela, executivos e empresas precisam conhecer bem seus
clientes, fornecedores e outros públicos de relacionamento.
"O profissional tem que ter discernimento sobre o que ele vai postar,
sejam informações mais pessoais ou de marketing empresarial. É
importante que se faça uma análise de para onde vai esse conteúdo e qual
a mensagem se quer transmitir, que se tenha foco e clareza para definir
o que será colocado nas redes", reforça.
"É preciso também avaliar os riscos desse investimento. Um CEO é um
formador de opinião. Qualquer postagem dele em uma rede social é uma
informação que pode mexer com o mercado financeiro", ressalta Paulo
Alvarenga, da Crescimentum.
Exemplos
Por aqui, alguns comandantes de empresa têm presença marcada nas redes
sociais. O presidente do conselho de administração da BRF, Abílio Diniz,
compartilha fotos e divulga no Twitter eventos de que participa e
também opina sobre atividades físicas e o seu time do coração, o São
Paulo. O executivo mantém até mesmo um blog vinculado à plataforma.
Já a presidente do conselho do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano,
adota um tom mais comercial e geralmente posta conteúdos relacionados às
atividades de sua rede de lojas.
O perfil de Jorge Paulo Lemman, dono da 3G capital, também é mais
institucional e geralmente conta com informações ligadas a fundações e
projetos que o empresário mantém e apoia.
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