quinta-feira, 7 de agosto de 2014

UBS estuda aquisição de gestor de fortunas no Brasil


Segundo CEO, banco quer multiplicar por sete o tamanho do negócio até 2020

Cristiane Lucchesi, da
Chris Ratcliffe/Bloomberg
Recepção da área de gestão de riquezas do banco UBS em Londres, Reino Unido
Recepção da área de gestão de riquezas do banco UBS em Londres, Reino Unido

São Paulo - O UBS, o maior banco suíço, está estudando a compra de uma empresa de gestão de riquezas no Brasil para multiplicar por sete o tamanho do negócio até 2020, disse Sylvia Coutinho, CEO da unidade brasileira do banco.

“Estamos à procura de oportunidades de aquisição no mercado brasileiro”, disse a executiva, em 31 de julho, em sua primeira entrevista desde que assumiu o cargo, em junho de 2013.

O UBS planeja contratar mais pessoas para seu negócio de gestão de riquezas e abrir escritórios no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte para atender clientes ricos mais de perto se não puder encontrar uma firma para comprar, disse ela.

“O foco serão os clientes de renda mais alta, com R$ 5 milhões (US$ 2,2 milhões) ou mais para investir com a gente”, disse Sylvia, que anteriormente foi diretora de banco de varejo e gestão de riquezas para a América Latina do HSBC Holdings.

O UBS está expandindo a gestão de riquezas nos mercados emergentes e na Ásia enquanto recua no setor de banco de investimento e deixa a maior parte dos negócios de comercialização de dívidas em meio a exigências mais estritas de capital. 

A empresa com sede em Zurique foi classificada como a maior gestora de riquezas do mundo pelo segundo ano seguido depois que o total de ativos sob sua gestão subiu 15 por cento, para US$ 1,97 trilhão, segundo um relatório do mês passado da Scorpio Partnership, empresa de consultoria com sede em Londres.

O Credit Suisse Group AG também decidiu expandir suas operações de gestão de riquezas no Brasil abrindo escritórios fora de São Paulo, em Belo Horizonte e Porto Alegre, e está formando parcerias com os principais gestores de fundos locais, disse José Olympio Pereira, CEO do banco no Brasil. 

Em março, a Julius Baer Group, que tem sede em Zurique, conquistou clientes brasileiros aumentando sua participação na GPS Investimentos Financeiros e Participações de 30 por cento para 80 por cento.


Meta de receita


O setor de gestão de riquezas do Brasil tinha R$ 591,4 milhões em ativos sob gestão até março, um incremento de 3 por cento em relação a outubro, segundo a Anbima, a associação de mercados de capitais do país. 

O UBS tem R$ 6 bilhões no negócio de private banking no Brasil, contra R$ 65 bilhões do Credit Suisse, disseram os bancos.

O UBS era um grande player do setor de gestão de riquezas no Brasil antes de comprar o Banco Pactual SA do bilionário André Esteves, em 2006, por US$ 3,5 bilhões, para expandir-se no segmento de banco de investimentos. 

Três anos depois, o UBS vendeu o Pactual de volta para Esteves, incluindo o negócio de gestão de riquezas, por US$ 2,5 bilhões.

O UBS tentou comprar a unidade de gestão de riquezas do BNP Paribas SA no Brasil em outubro de 2012, disse uma fonte com conhecimento direto do assunto na época. O negócio não se concretizou.

O setor de gestão de riquezas atualmente tem um peso pequeno sobre as receitas brasileiras do banco, disse Sylvia, preferindo não revelar números. 

O objetivo é que a participação da área cresça para 50 por cento até 2020, expandindo os ativos sob gestão para R$ 42 bilhões, disse ela.


Link Investimentos


A corretora é o setor que mais contribui com a receita do UBS no Brasil, disse Sylvia, sem fornecer números. A aposta nas negociações de alta frequência ajudou o banco a superar o rival suíço Credit Suisse no mercado de ações no Brasil pela primeira vez neste ano.

O UBS negociou R$ 221 bilhões em títulos e opções de títulos na BM&FBovespa até junho, segundo dados compilados pela bolsa, ampliando sua participação de mercado para 13,8 por cento, contra 11,4 por cento para todo o ano de 2013. 

O Credit Suisse, que tinha uma participação de mercado de 12,1 por cento e R$ 193 bilhões nos seis primeiros meses, dominava as negociações antes de o UBS comprar a Link Investimentos, que tem sede em São Paulo, no ano passado, operação que lhe deu a corretora de mais rápido crescimento no país.
O banco a rebatizou como UBS Brasil.

“Desde a integração com a Link, a receita com corretagem cresceu 20 por cento”, disse Sylvia. A compra foi assinada em abril de 2010 e concluída em janeiro de 2013 com aprovação do governo.
 

‘Mercados fracos’


O UBS, que tem 370 funcionários no Brasil e R$ 650 milhões em ativos, também está contratando para seu banco de investimentos, disse ela. 

Marcos Grodetzky, ex-executivo da processadora de pagamentos Cielo e da fabricante Fibria Celulose, ingressou na empresa no mês passado como consultor sênior.

“Estamos planejando dobrar nossa receita do negócio de banco de investimento neste ano mesmo com a fraqueza dos mercados acionários”, disse Sylvia.

O volume de fusões e aquisições no Brasil aumentou 38 por cento neste ano até 1º de agosto em relação a um ano antes, para US$ 30,3 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg. 

O UBS esteve envolvido em US$ 6,5 bilhões em negócios no período e se classificou em nono lugar entre os assessores financeiros brasileiros, mostram os dados.

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