sexta-feira, 15 de agosto de 2014

BTG tem aprovação de Wall Street ao se tornar banco global


O BTG ganhou aprovação de analistas em seus esforços para se tornar a primeira empresa global de serviços financeiros brasileiros

Cristiane Lucchesi e Francisco Marcelino, da
CESAR GRECO/FOTO ARENA
André Esteves, dono do banco BTG Pactual.
André Esteves, do BTG Pactual: aquisição do BSI irá quase dobrar os ativos do BTG

São Paulo - O Grupo BTG Pactual ganhou aprovação de analistas do Goldman Sachs Group Inc. e do Deutsche Bank AG em seus esforços para se tornar a primeira empresa global de serviços financeiros brasileiros.

O acordo do BTG, no mês passado, para a aquisição do BSI Group Inc. por 1,5 bilhão de francos suíços (US$ 1,7 bilhão) para construir uma plataforma internacional de private-banking “pode ajudar a estabilizar receitas que têm sido voláteis como resultado de linhas de negócio relacionadas ao mercado”, disse Carlos Macedo, analista do Goldman Sachs em São Paulo, que recomenda a compra das ações, em um relatório.

O BTG está construindo um negócio mundial de commodities e disse em 10 de julho que compraria a resseguradora Ariel Re Holdings Ltd., com sede nas Bermudas.

A expansão pode ajudar o BTG, que tem sede em São Paulo, a diversificar sua receita e a lidar com um “difícil ambiente macro no Brasil”, disse Tito Labarta, analista do Deutsche Bank. 

O BTG ainda precisa provar que pode navegar pelos riscos inerentes a qualquer fusão, incluindo o de integrar companhias com culturas e clientes diferentes, disse Labarta.

Os investidores da empresa ganharam neste ano o retorno total mais alto entre os bancos do Brasil, de 34 por cento até ontem, segundo dados compilados pela Bloomberg. 

O preço-meta de 12 meses da empresa, entre os analistas, está cerca de 14 por cento acima do preço de mercado, e o índice de consenso dos analistas para o banco é de 4,75.

Ambos os números são os mais altos entre seus pares, mostram os dados.
O consenso é calculado por meio da conversão da recomendação de cada analista em um número de um a cinco, no qual um é o equivalente a uma recomendação de venda.


Tornar-se global


O CEO André Esteves, que brincou que o nome da empresa significa “Better Than Goldman” (“Melhor que o Goldman”, em tradução livre), disse que o BTG está se tornando global em parte porque muitos concorrentes não podem tirar vantagem das oportunidades de fusão no momento.

“Os maiores bancos internacionais ainda estão lidando com as consequências da crise de 2008 e tentando recuperar capital e seus reguladores não gostariam de vê-los fazendo enormes aquisições”, disse Esteves, 46, em uma entrevista em São Paulo. 

“Nesse ambiente, foi deixado para os bancos de mercados emergentes a tarefa de ajudar a consolidar o sistema financeiro internacional”.

A aquisição do BSI, unidade suíça de private-banking do Assicurazioni Generali SpA, irá quase dobrar os ativos sob gestão do BTG, para mais de US$ 200 bilhões.

O preço da aquisição, equivalente a cerca de 1,7 por cento dos ativos sob gestão, está abaixo da média de 5,9 por cento paga por empresas latino-americanas de gestão de riqueza durante os últimos três anos, segundo Labarta, do Deutsche Bank.


"Essencialmente global"


No tocante às commodities, o negócio de vendas e negociação do BTG é, agora, “essencialmente global”, disse Esteves, e ajudou a empresa a registrar um aumento de 42 por cento em seu lucro líquido, para R$ 1,8 bilhão, no primeiro semestre de 2014, em comparação com um ano antes.

“Os preços de produtos como o açúcar e a soja são definidos na América Latina e é por isso que temos uma vantagem competitiva”, disse Esteves. 

O BTG tem cerca de 300 funcionários no negócio de commodities e pode contratar mais 50 neste ano, disse ele.

Em comparação, o Credit Suisse Group AG disse no mês passado que abandonaria a negociação de commodities em meio a perdas da empresa e o Barclays Plc, o JPMorgan Chase Co., o Morgan Stanley e o Goldman Sachs recuaram porque as regulações se tornaram mais restritivas e a receita caiu.

O BTG “adora movimentos contrários”, disse Esteves.
Depois que todas as aquisições anunciadas estiverem concluídas, mais de metade da receita do BTG virá de fora do Brasil, disse Esteves, acrescentando que à medida que o BTG crescer a participação continuará aumentando.

“Este é um movimento natural, porque o mundo é muito maior do que o Brasil”, disse ele.

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