O BTG ganhou aprovação de analistas em seus esforços para se tornar a primeira empresa global de serviços financeiros brasileiros
São Paulo - O Grupo BTG Pactual ganhou aprovação de analistas do Goldman Sachs Group Inc. e do Deutsche Bank AG em seus esforços para se tornar a primeira empresa global de serviços financeiros brasileiros.
O acordo do BTG, no mês passado, para a aquisição do BSI Group Inc. por
1,5 bilhão de francos suíços (US$ 1,7 bilhão) para construir uma
plataforma internacional de private-banking “pode ajudar a estabilizar
receitas que têm sido voláteis como resultado de linhas de negócio
relacionadas ao mercado”, disse Carlos Macedo, analista do Goldman Sachs
em São Paulo, que recomenda a compra das ações, em um relatório.
O BTG está construindo um negócio mundial de commodities e disse em 10 de julho que compraria a resseguradora Ariel Re Holdings Ltd., com sede nas Bermudas.
A expansão pode ajudar o BTG, que tem sede em São Paulo, a
diversificar sua receita e a lidar com um “difícil ambiente macro no
Brasil”, disse Tito Labarta, analista do Deutsche Bank.
O BTG ainda precisa provar que pode navegar pelos riscos
inerentes a qualquer fusão, incluindo o de integrar companhias com
culturas e clientes diferentes, disse Labarta.
Os investidores da empresa ganharam neste ano o retorno total
mais alto entre os bancos do Brasil, de 34 por cento até ontem, segundo
dados compilados pela Bloomberg.
O preço-meta de 12 meses da empresa, entre os analistas, está
cerca de 14 por cento acima do preço de mercado, e o índice de consenso
dos analistas para o banco é de 4,75.
Ambos os números são os mais altos entre seus pares, mostram os dados.
O consenso é calculado por meio da conversão da recomendação de
cada analista em um número de um a cinco, no qual um é o equivalente a
uma recomendação de venda.
Tornar-se global
O CEO André Esteves,
que brincou que o nome da empresa significa “Better Than Goldman”
(“Melhor que o Goldman”, em tradução livre), disse que o BTG está se
tornando global em parte porque muitos concorrentes não podem tirar
vantagem das oportunidades de fusão no momento.
“Os maiores bancos internacionais ainda estão lidando com as
consequências da crise de 2008 e tentando recuperar capital e seus
reguladores não gostariam de vê-los fazendo enormes aquisições”, disse
Esteves, 46, em uma entrevista em São Paulo.
“Nesse ambiente, foi deixado para os bancos de mercados
emergentes a tarefa de ajudar a consolidar o sistema financeiro
internacional”.
A aquisição do BSI, unidade suíça de private-banking do Assicurazioni
Generali SpA, irá quase dobrar os ativos sob gestão do BTG, para mais de
US$ 200 bilhões.
O preço da aquisição, equivalente a cerca de 1,7 por cento dos ativos
sob gestão, está abaixo da média de 5,9 por cento paga por empresas
latino-americanas de gestão de riqueza durante os últimos três anos,
segundo Labarta, do Deutsche Bank.
"Essencialmente global"
No tocante às commodities, o negócio de vendas e negociação do BTG é,
agora, “essencialmente global”, disse Esteves, e ajudou a empresa a
registrar um aumento de 42 por cento em seu lucro líquido, para R$ 1,8
bilhão, no primeiro semestre de 2014, em comparação com um ano antes.
“Os preços de produtos como o açúcar e a soja são definidos na América
Latina e é por isso que temos uma vantagem competitiva”, disse Esteves.
O BTG tem cerca de 300 funcionários no negócio de commodities e pode contratar mais 50 neste ano, disse ele.
Em comparação, o Credit Suisse Group AG disse no mês passado que
abandonaria a negociação de commodities em meio a perdas da empresa e o
Barclays Plc, o JPMorgan Chase Co., o Morgan Stanley e o Goldman Sachs
recuaram porque as regulações se tornaram mais restritivas e a receita
caiu.
O BTG “adora movimentos contrários”, disse Esteves.
Depois que todas as aquisições anunciadas estiverem concluídas, mais de
metade da receita do BTG virá de fora do Brasil, disse Esteves,
acrescentando que à medida que o BTG crescer a participação continuará
aumentando.
“Este é um movimento natural, porque o mundo é muito maior do que o Brasil”, disse ele.
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