RIO
DE JANEIRO (Reuters) - O governo brasileiro decidiu voltar atrás e
reduzir o limite do corte nas exigências de conteúdo local para
equipamentos de petroleiras, em um movimento que atende parcialmente à
indústria fornecedora, segundo a Associação Brasileira da Indústria de
Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
A medida foi
tomada como contrapartida para que deputados desistissem de defender uma
barreira para a adoção do Repetro, um regime aduaneiro diferenciado
para o setor de petróleo e gás, durante a aprovação de uma Medida
Provisória sobre o tema no Congresso, na semana passada.
Fruto
da negociação, o governo prometeu um Projeto de Lei que contemplaria
uma demanda do setor de fornecimento de bens e serviços, que seria a
adoção de percentuais mais específicos de conteúdo local, que desse
menos margem para a fuga do compromisso, além da elevação de
percentuais, explicou o vice-presidente da Abimaq, Cesar Prata.
O
movimento obrigou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP) a adiar a publicação de uma resolução que iria
permitir a adoção de regras mais flexíveis de conteúdo local para
contratos antigos, prevista atualmente para até 13 de dezembro.
A
resolução também vai disciplinar pedidos de isenção de conteúdo local
(“waiver”, no jargão do setor) e as transferências de excedente de
conteúdo local, todos os mecanismos aplicáveis aos contratos da 7ª à 13ª
Rodadas de Concessão, da 1ª Rodada de Partilha da Produção e da Cessão
Onerosa.
“A ANP se sentiu preocupada de fazer
alguma coisa (a publicação da resolução) e ir contra ao projeto de lei
que será votado agora”, disse Prata.
O
diretor-geral da ANP, Décio Oddone, afirmou nesta segunda-feira de manhã
a jornalistas que pediu ao Tribunal de Contas da União (TCU) uma
extensão do prazo, para que possa obter do governo uma aprovação para
elevar e detalhar os percentuais de conteúdo local para plataformas de
produção de petróleo.
Em sua nova proposta, a
ANP busca que as plataformas tenham 40 por cento de conteúdo local para
engenharia, 40 por cento para máquinas e equipamentos e 40 por cento em
construção, integração e montagem.
Nos valores
já aprovados pelo governo, as plataformas teriam apenas um total de 25
por cento de conteúdo local global, sem um detalhamento de onde seriam
aplicados. Essa regra recebeu fortes críticas da indústria, uma vez que
não detalhava para onde iria o conteúdo local, dando margem para que as
petroleiras o cumprissem apenas com serviços.
“A
gente quer criar uma condição para que a indústria destrave, para que
(isso aconteça) precisa ter uma resolução que tenha maior probabilidade
de ser cumprida efetivamente”, disse Oddone, que afirmou ter a
expectativa de que o TCU conceda uma extensão de quatro meses para a
publicação.
Oddone explicou que as empresas
poderão aderir aos novos percentuais de conteúdo local ou manter as
condições originais dos seus contratos.
Caso optem por aderir, as companhias não poderão pedir “waiver” sobre o mesmo contrato, segundo explicou Oddone.
Por Marta Nogueira
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