Odebrecht Agroindustrial passa a se chamar Atvos; mudança tenta desassociar empresa de Lava Jato e corrupção.
Após Odebrecht Realizações Imobiliárias
virar OR, agora é a vez da Odebrecht Agroindustrial mudar de nome. A
partir desta terça-feira, 12, a empresa de bioenergia passa a se chamar
Atvos – marca escolhida num processo que durou três meses. A medida faz
parte de uma estratégia que o grupo criou para tentar desvincular o nome
“Odebrecht” dos esquemas de corrupção deflagrados pela Operação Lava
Jato. A próxima a passar pela mudança deve ser a Odebrecht Óleo e Gás.
O objetivo é criar condições atraentes para
a entrada de novos investidores e abertura de capital das empresas. “A
mudança de nome segue o entendimento de que a Odebrecht quer ser uma
holding e cada uma de suas empresas terá independência para fazer o
melhor para o negócio”, diz o presidente da Atvos, Luiz de Mendonça.
Fundada em 2007 como ETH Bioenergia, essa é
a segunda troca de nome da empresa. Na primeira, em 2013, a situação
era bem diferente. O grupo vivia uma fase de forte expansão e tinha
prestígio no mercado. Foi nesse ambiente que as companhias passaram a
incorporar o nome Odebrecht em todas as atividades. Na época, a ETH foi
batizada de Odebrecht Agroindustrial.
Renegociação
Mendonça garante que a reputação da agora
Atvos foi mantida já que nenhum executivo foi questionado na Lava Jato.
Além disso, a companhia passou por um processo de reestruturação da
dívida no ano passado, que envolveu a capitalização pela Odebrecht S.A.
de R$ 4,6 bilhões. “Com isso, conseguimos alongar o endividamento que
antes era de 3 anos para 13 anos e voltamos a ter capacidade de ser
independente para gerir a dívida com a própria geração de caixa”, diz.
Atualmente a empresa, que faturou R$ 4,4
bilhões na última safra, tem oito usinas em operação e mais de 11 mil
empregados. Tem capacidade para moer 36 milhões de toneladas de cana. Na
safra 2016/2017, a empresa processou 28,3 milhões de toneladas. “Somos o
segundo maior produtor de etanol do Brasil e o maior de geração de
energia com biomassa”, afirma o presidente da empresa.
Segundo o executivo, as conversas com
potenciais investidores já começaram e incluem tanto estrangeiros como
grupos nacionais. Mas ele afirma que ainda não há nada concluído.
“Queremos um novo sócio para acelerar o processo de investimentos, que a
companhia poderia fazer sozinha, mas de uma forma mais lenta.”
Hoje, apesar de ainda ter capacidade de
ampliar a produção, há necessidade de investir no campo. Na última
safra, a empresa aplicou cerca de R$ 600 milhões especialmente na
renovação dos canaviais. Além disso, a cada 5 ou 6 anos, é preciso
renovar a frota.
Outro ponto importante, destaca Mendonça, é
que a entrada de um novo sócio não exclui a possibilidade de abertura
de capital da Atvos, o que pode ocorrer dentro de um prazo de dois anos.
A empresa já tem um assessor financeiro contratado para analisar
alternativas
(O Estado de S.Paulo, 12/12/17)
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