Por Heitor Machado, publicado pelo Instituto Liberal
O imediatismo, inerente a muitos jovens,
tem suas raízes na imaturidade. Tanto é que Georges Clemenceau,
estadista e jornalista francês disse: “Um homem que não seja um
socialista aos 20 anos não tem coração. Um homem que ainda seja um
socialista aos 40 não tem cabeça.”. O Socialismo e a intervenção Estatal
(seja em forma de ditadura sanguinária ou de desenvolvimentismo
“democrático”) costumam ser a solução imediata revolucionária para
muitos dos problemas atribuídos aos “sistema”, segundo seus seguidores.
Sabemos, porém, que grandes mudanças não
são feitas do dia para a noite, e isso soa ineficiente para os jovens
militantes da esquerda ansiosos por transformações. A diferença entre
nós liberais e os revolucionários da esquerda está essencialmente na
maturidade que os primeiros têm em agir para que as mudanças ocorram por
meio das vias legais, sejam eles quais forem. Se atualmente, a
democracia ocorre de forma representativa, por meio do voto universal,
então que seja dessa forma, sem entrar no mérito se a direita liberal
tem ou não um representante digno desta ratificação.
Desta forma, podemos separar também
dentro das próprias ideologias os realistas dos que não são. A social
democracia, representada no Brasil pelo PSDB, é essa esquerda menos
radical que entende que deve existir um mercado que suporte o Estado e
faz concessões, apesar de ser acusado de ser um partido “de direita”,
isso é completamente falso. O PSDB não é “de direita”, ele “está à
direita” de esmagadora maioria dos partidos existentes em nosso país. No
entanto, foi capaz de criar o tripé econômico que nos suporta
economicamente, reforma que dificilmente seria criada por um partido
social democrata europeu. Entendo que o ex-presidente Fernando Henrique
fique chateado quando não acreditam que ele pertence à esquerda
política.
No Brasil temos hoje uma demonização da
direita, sejam liberais (no sentido europeu da palavra, já que os
liberais americanos agem e são considerados como intervencionistas) ou
conservadores. Essa demonização é facilmente explicada pelo período da
Ditadura Militar, que teve sucesso ao tomar para si a luta contra um
eventual regime comunista no país.
Apesar de ex-militar, não compartilho
com brilhos nos olhos com quase nada que foi feito naquele período.
Condeno desde as supressões das liberdades individuais, o
desenvolvimentismo e agigantamento estatal, assim como o período
demasiadamente longo que essas medidas tiveram influência na vida dos
Brasileiros e influenciaram na cultura do Estado, pai de todos, resposta
para tudo que se vê de errado. Sinto muito, essa não é a direita que eu
gostaria que governasse novamente o país, se é que podemos chamar a
ditadura militar de inteiramente de direita.
Voltando ao tema, nossa reconquista dos
direitos democráticos começou por movimentos formados essencialmente por
jovens com apoio de sindicatos e do meio acadêmico. Nossa ex-presidente
foi uma representante de um desses movimentos. Infelizmente, a
totalidade deles era formada por ideias pautadas em ideologias
originárias da esquerda revolucionária, que usava da força, guerrilha e
torturas para tenta formar uma resistência contra o regime daquela
época. Quem acha que somente os militares fizeram uso da
violência desculpem-me, mas esses movimentos queriam um regime
semelhante ao Cubano.
Um erro não justifica outro, mas naquele
momento, a inteligência das Forças Armadas fez uso da força para
combater agressões que acreditavam culminar numa vitória e posterior
hegemonia dos comunistas na política. Hoje é possível que os generais
estejam se revirando em seus túmulos vendo que foi exatamente o que
aconteceu. E mesmo que esses episódios de tortura tenham sido pontuais,
infelizmente eles existiram.
Por conta disso, o fato de que a maioria
dos que combatiam a ditadura serem formados em frentes que se
denominavam Esquerda, existe essa abominação a qualquer um que se defina
como à direita. Qual pessoa que se identifica como sendo à direita,
nunca foi chamado de fascista ou opressor? Nessas horas é preciso
respirar fundo e ter sabedoria para não alimentar tolices nesses tempos
de Facebook.
A juventude costuma demonstrar ansiedade
por mudanças e isso costuma trazer sérios riscos à segurança. Um
exemplo recente é a tática black block tentando legitimar mudanças por
meio de força, mas felizmente essas práticas são abominadas pela
sociedade. E vemos também os movimentos culpando sempre o outro lado. Às
vezes black blocks são de direita, às vezes são de esquerda. Acredito
que não sejam nenhum dos dois, em minha opinião são jovens perdidos e
que com vontade de fazer mudanças, utilizando a violência anabolizada
com uma dose de ansiedade.
Por outro lado, vemos iniciativas de
também jovens, assim como eu, buscando no conhecimento e no diálogo o
caminho para a mudança que queremos ter. Tão cheios de esperança são os
amigos que escrevem aqui no Instituto Liberal quanto os que quebram a
propriedade alheia em manifestações pelas ruas. A diferença está em
nossos métodos, enquanto que Liberzone e Liberalismo da Zoeira preferem
atrair seu público por meio de linguagem convidativa, a Juventude
Socialista prefere fomentar a luta de classes que só divide a sociedade:
parecem entender bem a tática de dividir para conquistar.
Os jovens liberais reconhecem a
importância da propriedade privada e respeitam o livre comércio, o
indivíduo e os pilares fundamentais das mudanças que vão nos deixar mais
prósperos e tornar os pobres do Brasil mais confortáveis do que os
pobres da Venezuela. Os liberais têm também maturidade suficiente em
uma democracia que ainda é jovem para pedir mudanças de forma legítima.
Essa é a forma que encontramos para respeitar os brasileiros, deixar de
ser o país do futuro e começar a ser o Brasil do presente. Todos
queremos mudanças, mas essas passam essencialmente pelos métodos
utilizados que sejam menos nocivos às liberdades individuais em nossa
sociedade.
Rodrigo Constantino
Economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários
anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o
best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”.
Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal.
http://www.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constantino/artigos/o-imediatismo-e-inimigo-liberalismo/
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