O agronegócio brasileiro precisa dar um novo salto tecnológico para se manter entre os principais exportadores mundiais e assegurar o adequado suprimento de um mercado interno crescente.
Responsável
por alimentar boa parte da população do planeta graças aos avanços
alcançados nas últimas décadas, o agronegócio brasileiro precisa dar um
novo salto tecnológico para se manter entre os principais exportadores
mundiais e assegurar o adequado suprimento de um mercado interno
crescente. Ele mostra estar em condições de fazer isso, embora persistam
velhos desafios aos ganhos de eficiência e novos estejam sendo
colocados ao setor, especialmente no campo da informação. Nunca o
produtor teve a seu alcance tantas informações, a maior parte disponível
em tempo real, o que tornou vital para sua atividade captar e utilizar
as que lhe são de fato eficazes para assegurar maior produtividade.
Temas como esses marcaram os debates e as exposições feitas durante o Summit Agronegócio Brasil 2017, realizado pelo Estado,
com patrocínio da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo
(Faesp) e do Banco do Brasil. O Summit mostrou que o setor de
agronegócio está atento às mudanças tecnológicas que ocorrem em escala
global e já incorporou a preservação ambiental como baliza essencial dos
projetos destinados a elevar continuamente sua eficiência e conquistar
novos mercados.
A
transformação da área do Cerrado do Centro-Oeste numa das maiores
regiões produtoras de grãos do mundo, o aumento constante da produção
sem o aumento da área cultivada na mesma proporção, a posição entre os
maiores fornecedores mundiais de diferentes produtos, o peso do
agronegócio na geração de superávits comerciais, a melhora do padrão de
vida nas principais regiões produtoras, entre outros fatores, não deixam
dúvida quanto à notável evolução do setor nos últimos anos, período em
que não poucas vezes o País enfrentou crises.
A
falta de políticas adequadas que garantam crédito suficiente e acesso
ao seguro rural marcou as queixas dos produtores rurais durante décadas,
e continua a ser lembrada nos debates sobre os problemas do setor.
Outro obstáculo à evolução do setor invariavelmente mencionado no
passado – a deficiência da infraestrutura de transportes e de
armazenamento – continua a corroer a eficiência da agropecuária
brasileira. Perdas de produção e alto custo de transporte reduzem ganhos
dos produtores e elevam o preço do produto embarcado nos navios,
tornando-o menos competitivo. Também são lembrados o peso dos impostos e
a complexidade do sistema tributário, que afetam todo o setor
produtivo.
A
despeito de liderar as exportações mundiais de diversos itens e estar
entre os maiores fornecedores de outros, o Brasil pode conquistar mais
espaços no comércio de produtos agroindustriais. O Ministério da
Agricultura vê grandes oportunidades para a expansão das exportações do
setor, inclusive com o aumento da pauta de produtos exportados. Está em
elaboração um programa que permita a conquista de novos mercados e
assegure a sustentabilidade do agronegócio em termos ambientais.
A
China tornou-se o destino mais importante das exportações brasileiras,
inclusive de itens do agronegócio, e, por sua demanda crescente e
volumosa, tem sido responsável por fatia expressiva dos resultados
positivos registrados pela balança comercial do País. É preciso, porém,
reduzir a dependência das exportações para a China, por meio da
diversificação dos mercados para os nossos produtos.
Quanto
aos avanços tecnológicos, às mudanças que já introduziu no sistema de
cultivo e de gerenciamento da produção, responsáveis pelo notável
aumento da produtividade nos últimos anos, é preciso acrescentar outras,
que exigirão habilidades novas do agronegócio. Num mundo coberto por um
“dilúvio” de informação para a agricultura, como o descreveu o
pesquisador da Embrapa Evaristo Eduardo de Miranda, “o grande desafio é
captar dados importantes e produzir tecnologia com resultado”. Colher e
interpretar uma imensa variedade de dados e utilizar a seu favor as
novas e sofisticadas ferramentas à disposição é parte desse desafio
(O
Estado de S.Paulo, 10/12/17)
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