segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Estados do Nordeste firmam cooperação para polo de hidrogênio verde

Foto grátis objetivos de desenvolvimento sustentável natureza morta

O Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste e o Banco Mundial, com a presença do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, assinaram nesta segunda-feira (25), em Brasília, memorando de entendimento (MdE), para desenvolver áreas consideradas chave em sustentabilidade nos nove estados integrantes do grupo (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe). 

O Banco Mundial deverá assessorar os estados em um plano de transição energética. Esse plano deverá se desdobrar em planos locais com operações de financiamento. Esse protocolo de intenção é um primeiro passo para promover amplamente a transição energética na região.

A parceria pretende financiar, sobretudo, projetos relacionados ao desenvolvimento do hidrogênio de baixo teor de carbono, o chamado hidrogênio verde; além da geração de energia eólica; preservação do bioma da Caatinga; exploração de eventuais oportunidades de projetos nas áreas de energia solar, água e saneamento; engajamento comunitário; e desenvolvimento digital. 

Neste último ponto, a cooperação firmada pretende promover a troca de experiências, conhecimentos e financiamento de infraestrutura pública digital para a expansão da conectividade, o desenvolvimento de plataformas digitais, melhores práticas em segurança cibernética e, por fim, fomentar o desenvolvimento de habilidades digitais. 

O governador da Paraíba e presidente do Consórcio Nordeste, João Azevêdo, falou do potencial do Nordeste. “Sabemos do potencial que a Região Nordeste tem para a geração de energias limpas e renováveis. E neste momento de transição energética, nossa região poderá ser a grande protagonista da produção de hidrogênio verde. Entretanto, é preciso que tudo isso aconteça de forma harmônica e regulamentada.” 

O governador paraibano comemorou a contribuição da instituição internacional. “O Banco Mundial colocará toda a sua expertise à disposição do Consórcio do Nordeste e a troca de experiência com as ações e projetos, já em andamento por parte de cada estado, fará com que a gente tenha condições de estabelecer um caminho seguro e sustentável, que possa gerar, acima de tudo, a riqueza que a região precisa, mas com inclusão social para que essa riqueza, verdadeiramente, chegue à ponta para aqueles que mais precisam”. 

O diretor do Banco Mundial para o Brasil, Johannes Zutt, disse que o Brasil tem grandes oportunidades de se tornar um líder global na transição energética e que, para isso, compartilhará as experiências de outros projetos desse tipo realizados em outras localidades do mundo.

“Nós temos a confiança de que podemos compartilhar nossas experiências com outros projetos, em outros países, com os estados do Nordeste do Brasil para ajudar o país a atingir níveis de crescimento e de produtividade mais altos.”

Pacheco diz que Congresso não será empecilho para agenda econômica do governo

Rodrigo Pacheco

O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse nesta segunda-feira, 25, que o Congresso Nacional não será empecilho para a agenda econômica do governo. Ele disse que Câmara e Senado podem se debruçar sobre os temas em tramitação concomitantemente e que, além da reforma tributária, a prioridade será a pauta ambiental.

“O tema do meio ambiente e da preservação do clima é absolutamente urgente, prioritário. O Congresso Nacional tem consciência disso, e vamos dedicar esse segundo semestre a diversos projetos de lei e alterações normativas relativas a esse tema. O Brasil tem enorme capacidade de se tornar uma potência econômica em função dessa agenda verde”, disse.

Pacheco falou a jornalistas ao deixar a 38ª Conferência Hemisférica da Federação Interamericana das Empresas de Seguros (Fides), que acontece esta semana no Rio.

Reforma tributária

Sobre a reforma tributária, Pacheco disse que pretende estabelecer outubro para sua apreciação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), levando-a, sem seguida, para o plenário do Senado.

Na próxima quinta-feira, 28, disse ele, haverá uma sessão para receber prefeitos de todo o País e discutir o assunto, assim como já foi feito com governadores. “Precisamos dar sustentação ao regime fiscal e fazer a (reforma) tributária, além de cuidar dessa pauta de economia verde e transição energética com prioridade”, disse.

Sobre essa última frente, Pacheco citou especificamente a regulamentação do mercado de créditos de carbono, que também deverá acontecer ao longo do segundo semestre.

O presidente do Senado garantiu que o Congresso não será empecilho à agenda econômica do governo Lula e, como “prova”, citou a aprovação da PEC da transição antes mesmo de o governo ser empossado.

Ele sugeriu que a reforma tributária não vai travar ou atrasar outras votações fundamentais, que podem evoluir nas duas casas legislativas ao mesmo tempo. Nesse balaio incluiu o programa Desenrola Já, que foi encaminhado para a comissão de assuntos econômicos; o projeto de lei sobre fundos exclusivos e offshore, sobre o qual o Senado deve aguardar deliberação na Câmara; e o marco das garantias, já votado no Senado e a espera de ratificação por parte dos deputados. “Todos esses projetos certamente serão deliberados (no 2º semestre), e espero que sejam aprovados com o melhor texto possível. Há sentimento de urgência em relação à pauta econômica”, afirmou.

Ativo ambiental

O senador afirmou que o Brasil deve aproveitar o ativo ambiental e a conjuntura global de transição energética para “resolver seus problemas de desigualdade, fome e miséria”.

Em aceno ao setor de seguros, Pacheco disse que o segmento, já responsável por mais de 6% do PIB, terá parte nesse processo. Ele mencionou as oportunidades em energia limpa, desde o conhecido etanol, passando por eólica e fotovoltaica, e chegando ao hidrogênio verde.

Qualidade dos gastos públicos

O presidente do Senado disse que o Senado vai discutir a qualidade dos gastos públicos logo após aprovar a primeira etapa da reforma tributária, que está em tramitação na Casa. Segundo Pacheco, discutir o quanto o Estado gasta é fundamental para calcular o tamanho da reforma sobre a tributação da renda que o governo federal pretende fazer.

“A discussão sobre a qualidade do gasto público, combate a desperdício, a sobreposição de funções, o excesso de gastos, isso tem que ser pauta do Congresso Nacional logo após a reforma tributária”, disse ele.

Segundo Pacheco, o debate será feito pelo Senado, e é fundamental para o começo de 2024.

Pacheco afirmou que, após a definição da alíquota do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) instituído pela primeira parte da reforma, e a mensuração de quanto isso representará de impacto na arrecadação do governo, o Congresso vai discutir tanto os gastos públicos quanto a reforma do imposto de renda. É por meio dela que o governo pretende instituir, por exemplo, a tributação da distribuição de dividendos pelas empresas aos acionistas, hoje isenta.

Arcabouço moderno para mercado de seguros

O presidente do Senado afirmou que o Legislativo deve levar em frente a votação do PL 29/2017, da chamada Lei do Seguro, que cria uma legislação específica para o mercado de seguros. O projeto tem uma série de pontos criticados pelas seguradoras.

Segundo Pacheco, o mercado segurador precisa de confiança para crescer mais. “O segundo ponto é a necessidade de um arcabouço jurídico moderno e eficiente. Uma regulação que não apenas organize e supervisione o funcionamento do mercado de seguros, mas que consiga integrá-lo ao mercado global”, disse ele.

De acordo com ele, o PL 29 deve cumprir esse papel. Pacheco afirmou que o projeto aguarda apenas o relatório do senador Jader Barbalho (MDB-PA), que é o relator do tema na CCJ do Senado.

O PL 29 cria, na prática, uma lei própria para o mercado de seguros, que hoje segue pontos do Código Civil e de outras legislações de caráter generalista.

O setor de seguros afirma, porém, que vários dispositivos da lei retrocedem em relação às mudanças de regulação dos últimos anos, que reduziram o grau de intervenção do Estado no setor.

 

Mercado mantém inalteradas no Focus do BC as previsões para alta do IPCA de 2023 a 2026


IPCA

Boletim Focus manteve a expectativa do IPCA para 2023 (Crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

As expectativas inflacionárias ficaram estáveis no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 25, pelo Banco Central. A projeção para a inflação oficial em 2023 seguiu em 4,86%. Um mês antes, a mediana era de 4,90%. Para 2024, foco da política monetária, a projeção também permaneceu em 3,86%. Há um mês, era de 3,87%.

Considerando somente as 93 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023 variou de 4,84% para 4,85%. Para 2024, por sua vez, a projeção de alta passou de 3,83% para 3,88%, considerando também 93 atualizações no período.

Para 2025, que agora tem peso minoritário nas decisões do Copom, a projeção continuou em 3,50%, mesmo número de quatro semanas antes. No horizonte mais longo, de 2026, também houve manutenção da estimativa em 3,50%. Há um mês, a mediana também era de 3,50%.

As estimativas do Boletim Focus continuam acima da meta. Para 2023, a mediana supera o teto da meta (4,75%) e indica estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022. Nos outros anos, as expectativas estão dentro do intervalo, mas superam o alvo central de 3,0%.

Na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de setembro, o BC divulgou projeção de 3,5% para o IPCA de 2024. Para 2025, ficou em 3,1% no modelo. Para 2023, a projeção é de 5,0%.

 

Feminista, democrata, grupo “Mulheres do Brasil” chega aos 10 anos gloriosa existência


Elas não são contra os homens, mas a favor das mulheres. Maior grupo político suprapartidário do país, o “Mulheres do Brasil” completa 10 anos de atuação com mais de 119 mil participantes.

 

Luiza Trajano, presidente do “Mulheres do Brasil” Crédito: Ângela Rezé

São mulheres de diferentes profissões e classes sociais, das mais diversas origens e segmentos, que agora celebram sua trajetória de luta pela representatividade feminina na sociedade. Em dez anos de atuação, o “Mulheres do Brasil” atinge a marca de mais de 119 mil mulheres inscritas, hoje formando mais de 154 núcleos nacionais e internacionais, sendo 116 no Brasil e 39 no exterior. Os números impressionam, o entusiasmo é grande, e os resultados provam as vitórias do caminho:

“O grupo se consagrou como referência importante para o movimento feminista no país”, observa Alexandra Segantin, CEO do “Mulheres do Brasil”. Presidido pela empresária Luiza Trajano, o movimento suprapartidário foi fundado em 2013, com o objetivo de estimular a participação das mulheres em todos os espaços de poder que envolvam a tomada de decisões no país. Eles querem influenciar, e estão influenciando, as políticas públicas – sem nunca tomar partido.

Nosso partido é o Brasil, assim anunciam em suas premissas, que incluem a luta a favor dos direitos humanos, da igualdade racial, da educação de qualidade para todo país, da liberdade de imprensa, de um sistema público e eficiente de saúde – entre outros propósitos que talvez expliquem o crescimento do número de voluntárias, que se multiplica todos os dias, em núcleos hoje presentes em 22 países de todos os continentes.
Ao longo desses 10 anos de atuação, entre as inúmeras ações significativas do grupo “Mulheres do Brasil” poderíamos destacar, por exemplo, o Movimento Unidos pela Vacina, que facilitou a logística de acesso das vacinas contra a covid-19, principalmente até estados como Maranhão, Acre e Amapá; o Fundo Dona de Mim, programa de microcrédito para empreendedoras invisibilizadas em comunidades, que já contemplou mais de 3 mil mulheres; e o Programa Aceleradora de Carreiras, voltado para mulheres pardas e pretas.

O grupo é contra todo tipo de discriminação, inclusive contra os homens – nada contra eles, reafirmam, somos a favor das mulheres. Nesse sentido, um dos propósitos fundamentais do “Mulheres do Brasil” é a mobilização e a articulação para que haja políticas públicas e inclusivas.

“Desde o início lutamos pela igualdade de salários entre os homens e mulheres”, comenta Alexandra Segantin, “conquista que resultou na sanção pelo atual presidente do Projeto de Lei no 1.085, que garante a igualdade salarial, e também pela recente aprovação na Câmara dos Deputados das cotas para mulheres nos conselhos administrativos.

Celebrando os dez anos, que se completam no início de outubro, o grupo “Mulheres do Brasil” realizará um programa ao vivo na próxima segunda-feira, dia 25 de setembro, a ser transmitido pelo Globoplay e no canal do youtube do grupo, a partir das 14.30. Apresentado por Luiza Trajano, pela jornalista Maria Beltrão e convidados, o programa vai contar a história desse movimento que vem transformando vidas femininas em todo mundo.

 

 https://mulher.istoe.com.br/feminista-democrata-o-grupo-mulheres-do-brasil-chega-aos-10-anos-gloriosos-de-existencia/

 

Subsidiária MServiços, da Marisa, contrata Ô Insurance para ofertar seguros auto a mulheres

A Marisa informou que sua subsidiária MServiços contratou a Ô Insurance para implantar uma plataforma tecnológica que viabilizará a oferta de produtos e serviços no balcão Marisa na qual as clientes poderão contratar seguros auto “especialmente desenhados para a mulher”. O plano de negócio prevê a geração de R$ 140 milhões em prêmios acumulados nos próximos cinco anos, gerando aproximadamente R$ 20 milhões em comissão para a Marisa, segundo comunicado ao mercado.

Com essa nova oferta de seguros auto a mulheres, as clientes Marisa terão opções de busca entre seguradoras como Porto Seguro, HDI e Suhai em um hub disponível via aplicativo e em breve em totens das lojas.

“Ao agregar produtos e serviços ao seu hub, na esteira do anúncio da parceria com a Credsystem, a Marisa mostra a eficácia de sua estratégia de utilizar o poder de sua marca para a geração adicional de receita, seja nas lojas físicas ou no online, via site ou aplicativo”, diz a companhia.

Antes deste novo acordo, a varejista já distribuía produtos de seguro em parceria com a Assurant e a Sulamérica (planos odontológicos).

 

Ciclone se forma no Rio Grande do Sul e frente fria avança; veja previsões

Em Cruz Alta, pelo menos cinco casas ficaram alagadas e outras duas foram destelhadas — Foto: Defesa Civil/Divulgação


A formação de um novo ciclone extratropical em alto-mar próximo à costa de Santa Catarina e o litoral norte do Rio Grande do Sul entre a noite de terça-feira, 26, e a madrugada quarta, 27, vai intensificar a instabilidade na região com muita chuva, vento e tempo severo, conforme a Defesa Civil gaúcha.

O órgão acrescenta, no entanto, que a intensificação das chuvas será devido ao aprofundamento e avanço de um sistema de baixa pressão para o oceano, fluxo de umidade do oceano combinado ao da Amazônia e formação de uma frente fria.

Nesta segunda-feira, 25, fortes áreas de instabilidade já se formam no território gaúcho ainda pela manhã, principalmente sobre Passo Fundo, Erechim, Caxias do Sul, Novo Hamburgo, Porto Alegre e Santa Maria, de acordo com a Defesa Civil do Estado.

“No decorrer do dia, a tendência é de que a instabilidade migre no sentido sul e alcance pontos da metade sul gaúcha. O risco de chuva forte com temporais isolados de raios, granizo e vento forte persiste na região”, reforça a MetSul.

A expectativa é de que, na terça-feira, uma área de baixa pressão se desloque do nordeste da Argentina e Paraguai para o Sul do Brasil, cruzando a região de oeste para leste na divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina.

“Esta baixa pressão reforçará muito a instabilidade durante o dia na terça com chuva intensa em muitos locais e temporais que localmente podem fortes e até severos com risco de vendavais e granizo, potencialmente médio a grande em alguns pontos com danos”, salienta a MetSul.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Conforme a previsão, o ciclone estará configurado na costa na quarta-feira e sua circulação de umidade ainda traz chuva para o Rio Grande do Sul para parte do norte e leste do Estado, especialmente na primeira metade do dia, mas gradualmente o tempo começa a melhorar antes de uma sequência de dias de sol e tempo firme na maior parte do Rio Grande do Sul, que se inicia na quinta-feira, 28.

Segundo a MetSul, Santa Catarina e Paraná devem ter pancadas de chuva e temporais isolados de vento e granizo em diferentes pontos nos próximos dias. Na quarta-feira, a frente fria associada ao ciclone vai avançar pelos dois Estados, com chuva mais intensa, especialmente em Santa Catarina. “A frente levará chuva e temporais a pontos do sul e do leste de São Paulo até o fim da quarta-feira”, projeta a MetSul.

Rajadas de vento

Na terça-feira, a baixa pressão se aprofunda entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. “Vai gerar rajadas de vento de 60 km/h a 80 km/h, isoladamente superiores em elevações, na parte norte gaúcha, Santa Catarina (mais no oeste), Paraná (maior intensidade no oeste), Mato Grosso do Sul e São Paulo.

Na quarta-feira, o ciclone estará formado sobre o Atlântico nas costas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. “Vai trazer vento forte com rajadas ocasionalmente intensas mais na área da Lagoa dos Patos, setor sul da Grande Porto Alegre, leste da Serra, litoral norte gaúcho, planalto sul catarinense e a costa catarinense”, acrescenta a MetSul.

Nestas áreas, em média, as rajadas devem ficar entre 60 km/h e 80 km/h, mas com picos de 80 km/h a 90 km/h em alguns setores da orla e até de 100 km/h ou mais nas montanhas da Serra do Mar. O ciclone se afasta rapidamente na quinta-feira da costa do Sul do Brasil.

O que são os ciclones extratropicais

São sistemas meteorológicos comuns na costa do Sul e do Sudeste do Brasil. Segundo a Climatempo, podem se formar em qualquer época do ano, mas são mais frequentes nos meses de outono e inverno.

“A maioria dos ciclones extratropicais que passam pela costa do Sul e do Sudeste estão associados a uma frente fria, mas alguns ciclones se formam de modo independente. É o que tecnicamente se chama de ciclogênese, que podem ocorrer sobre o continente ou sobre o mar”, explica a empresa brasileira de meteorologia.

 

Economia mundial corre risco de desintegração; entenda


Guerra, pandemia e protecionismo reverteram o processo de globalização do comércio internacional e elevaram os riscos a países dependentes das exportações, segundo a OMC 

 

Comércio global, antes visto como a salvação da economia mundial, perdeu tração após

Comércio global, antes visto como a salvação da economia mundial, perdeu tração após (Crédito: Gregor Fischer)

• Cadeia produtiva global foi afetada por pandemia e guerra da Ucrânia
• Especialistas apontam que a desintegração pode levar algum tempo para ser solucionada
• Riscos do enfraquecimento do sistema global impactam meio ambiente

O fenômeno da globalização entrou em estado de hibernação desde que a pandemia, a guerra na Ucrânia e o aumento das tensões comerciais e militares entre Estados Unidos e China tomaram conta do noticiário internacional. E isso pode custar muito caro para o PIB global, segundo a Organização Mundial do Comercio (OMC). Um estudo divulgado pela entidade em 14 de setembro mostra que o custo da fragmentação em blocos do sistema comercial pode reduzir em 5% a renda real em nível mundial.

 Os países em desenvolvimento, e com economias dependentes das exportações, podem sofrer perdas de dois dígitos, segundo a diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala. “A fragmentação do mundo e o aumento das incertezas devem levar ao aumento da exclusão socioeconômica e ao aguçamento da deterioração do meio ambiente”, afirmou. “O argumento em favor do fortalecimento do sistema comercial é muito mais forte do que o que propõe abandoná-lo.”

“A fragmentação do mundo e o aumento das incertezas devem levar ao aumento da exclusão socioeconômica e deterioração do meio ambiente” Ngozi Okonjo-Iweala Diretora-geral da OMC (Crédito:Carlos Eduardo Valim)

Parte dessa desunião do comércio global se explica pelo aumento do protecionismo e do fortalecimento das cadeias internas de produção desde a Covid.

O desabastecimento de itens essenciais — desde vacina e máscaras até equipamentos médicos — despertaram muitos países a rever a política de terceirização da produção. Fábricas chinesas que antes abasteciam o mundo todo foram substituídas por microprodução local, principalmente nos Estados Unidos e na Europa.

20%
é a redução prevista na tensão política entre China e EUA caso os países firmassem mais acordos comerciais

Esse fenômeno, no entanto, precisa encontrar um novo equilíbrio, segundo a OMC, que apela para que governos busquem uma cooperação internacional maior e uma integração econômica mais ampla — processo que a organização define como “reglobalização”.

“A globalização está em uma encruzilhada e precisamos refletir sobre para onde vamos”, disse o economista-chefe da OMC, Ralph Ossa, baseado em Genebra.

“As várias crises têm levado à percepção de que a globalização nos expõe a maiores riscos.” Ossa afirmou que as autoridades deveriam “aceitar o comércio com entusiasmo em vez de rejeitá-lo, se quisermos superar os desafios do nosso tempo”.

5%
é a queda na renda média mundial com a escalada do isolamento comercial das nações, segundo estimativa
da OMC

Outro argumento para o aumento da fragmentação do comércio global, na análise da OMC, é a escalada das preocupações com a segurança nacional.

Como grande parte do fluxo internacional tem substituído produtos por serviços e equipamentos de tecnologia, há um temor de que a abertura de fronteiras gere exposição de dados e informações estratégicas, como é o caso das restrições impostas pelos Estados Unidos a chinesa Huawei ou a incorporação de tecnologia 5G.

“As questões envolvendo segurança dos países já não se limitam a questões de conflitos militares, mas ganharam um espectro mais ampla de segurança econômica”, disse a OMC, no relatório. “Por isso, a segurança hoje envolve também a política comercial de forma muito extensiva.”

Nesse contexto, a OMC correlaciona a paz e o aumento do comércio global. Pelas projeções do relatório, se Estados Unidos e China dobrassem o comércio entre eles, as possibilidades de conflito cairiam mais de 20%. “As tensões comerciais afetam a composição dos fluxos comerciais bilaterais, principalmente no caso de categorias de produtos sensíveis, como semicondutores.”

Perspectiva

A processo de fragmentação e isolamento do comércio global deve perdurar, segundo Eduardo Felipe Matias, autor do livro A Humanidade e suas Fronteiras e doutor em direito internacional pela USP.

Ele diz que a crise sanitária e conflitos armados fortaleceu discursos de políticos populistas, com forte teor nacionalista, invertendo a percepção mundial pré-pandemia de que o comércio global era a saída para o crescimento econômico.

“Há algum tempo o desemprego gerado em alguns setores pela redistribuição da produção mundial vem gerando uma perigosa ascensão de políticos xenófobos e protecionistas ao redor do mundo”, disse Matias. “Tudo isso deve seguir trazendo turbulências ao comércio internacional por um período.”

A invasão russa à Ucrânia, que caminha para completar dois anos em fevereiro, um tempo longo o bastante para fortalecer a ideia de que os países não podem depender de nações que não controla.

Com os embargos do Ocidente — em especial os membros da Otan — ao governo de Vladimir Putin a nacionalização de produtos essenciais já acontece na Alemanha e no Reino Unido para produção de gás natural.

E no cone sul o Brasil também começou a produzir fertilizante para suprir a baixa oferta e aumento dos preços.

Para Denis Medina, professor da Faculdade do Comércio de São Paulo (FAC-SP), diante de um mundo mais fragmentado, desbravar novas fronteiras no comércio internacional será uma tarefa cada vez mais trabalhosa e exigirá mais mesa de negociação de acordo e menos nacionalismo irracional.