O cenário é praticamente unânime: o crescimento será baixo e ajustes deverão ser feitos
Por Infomoney
Porém, no atual momento, os olhos seguem voltados para os ajustes necessários, o que tem gerado temores sobre o que será este ano para o Brasil. Em meio a um ambiente complicado – e também "temperado" por fatores internacionais – o que esperar para a economia brasileira em 2015? O Infomoney fez um apanhado das previsões econômicas de equipes de bancos de investimento e analistas sobre os possíveis cenários. Confira a seguir. Alexandre Schwartsman, sócio-diretor da Schwartsman & Associados
“Acredito
que 2015 será um ano difícil. Será uma combinação nada favorável de
crescimento ainda baixo, provavelmente inferior ao de 2014, na casa de
0% a -0.5% (supondo que não haja alteração na série histórica). Já a
inflação deve permanecer próxima a 6,5%, com probabilidade significativa
de superar esse valor. O desempenho ruim da atividade econômica, além
da dinâmica fraca de hoje, deve refletir algum aperto no conjunto da
política econômica, com o reaparecimento do superávit primário (hoje há
déficit), enquanto o aperto monetário em curso deve produzir a maior
parte dos seus efeitos em 2015. A inflação de preços livres deve
moderar, mas, no conjunto da obra, preços administrados – há muito
defasados – deverão representar parcela relevante da inflação. A moeda
deve seguir pressionada pela queda do preço de commodities e
fortalecimento global do dólar, mas não espero uma dinâmica
descontrolada. O dólar deve ficar na casa de R$ 2,80 a 2,90 para o final
de 2015. A taxa de juros deve fechar dezembro entre 12,5% e 13%. Contas
externas devem melhorar muito ligeiramente na esteira de um saldo
comercial melhor que o deste ano, refletindo câmbio mais fraco e demanda
interna contida. Nesse contexto, o desempenho do emprego deverá ser tão
ruim ou pior que o de 2014 levando a alguma elevação do desemprego para
a casa de 6%. Resta saber quanto tempo a presidente aguentará essa
sequência de más notícias.”
João Ricardo Costa Filho, economista da Pezco Microanalysis
“O
que sabemos sobre 2015? Será um ano difícil. O crescimento será baixo.
Para mim, nulo. A inflação continuará teimosamente alta e a
probabilidade de romper o teto de tolerância tem aumentado. A indústria
continuará com dificuldades para atender a demanda interna, que
continuará robusta, embora estagnada. As importações que vêm suprindo
essa diferença de competitividade serão desestimuladas com o aumento da
taxa de câmbio. Estimo que o valor de equilíbrio da taxa de câmbio
atualmente seja entre R$ 3,00 e 3,10. Todos os fundamentos apontam para a
depreciação do real. O que não sabemos sobre o ano que se inicia? Quão
difícil será. A equipe econômica propõe um ajuste fiscal da ordem de R$
100 bilhões. A articulação política será crucial para poder
implementá-lo, o que por si só já é um problema, dado que o governo
precisará da ajuda daqueles mesmos parlamentares que terão seus pedidos
de recursos negados (ou diminuídos). Abrem-se, portanto, dois caminhos:
se o ajuste for de fato implementado, no curto prazo o impacto será
contracionista. Esse movimento auxiliará a política monetária, cuja
entidade monetária já iniciou um novo ciclo de aumento da taxa de juros,
que deve chegar em 12,5% ao ano. Com a diminuição da inflação em 2016
em função dos ajustes em 2015, a economia poderá ganhar tração
novamente. É possível, inclusive, que os agentes antecipem esse
movimento e tornem 2015 menos pior. Tudo depende da credibilidade do
governo que, como sabemos, está abalada. Todavia, se não houver ajuste,
os próximos anos trarão uma crise fiscal.”
Alberto Ramos, economista e diretor de pesquisas para a América Latina do Goldman Sachs
“As
perspectivas macroeconômicas e financeiras dos anos de 2015 e 2016 para
o Brasil continuam a ser complexas e desafiadoras. O ajuste
macroeconômico dos excessos políticos anteriores devem continuar ao
longo deste ano. No geral, 2015 provavelmente marcará o quinto período
consecutivo de crescimento decepcionante e inflação global acima de
5,5%. Assim, a presidente enfrentará questões macroeconômicas antigas e
pode encontrar novos desafios políticos e sociais. Na área social, a
administração será desafiada a adotar políticas que abordem a ampla
demanda por mudanças (melhores e mais eficientes serviços públicos). Na
frente política, o governo enfrenta o desafio de construir uma maioria
que trabalha em um Congresso que agora é mais fragmentado e
ideologicamente diverso do que antes da eleição e onde a oposição deve
ser mais vocal e combativa. Finalmente, na parte da frente
macroeconômica, a administração enfrenta escolhas políticas monetária e
fiscal dado o fraco cenário macro de baixo crescimento, inflação elevada
e acima da meta, as expectativas de inflação não ancoradas, custos
unitários do trabalho não competitivos, a recessão no setor industrial,
enfraquecimento dos fundamentos fiscais em conta corrente, a
credibilidade da política corroída, além do cenário menos favorável do
sentimento dos consumidores e dos sentimentos das empresas. Em última
análise, o governo enfrenta o desafio de, através de uma combinação de
políticas convencionais disciplinadas e de reformas estruturais,
reequilibrar a economia e impulsionar os deprimidos ‘espíritos
animais’.”
Marcelo Kfoury e equipe econômica do Citi Corretora
“O
ano de 2015 promete ser muito difícil para a economia brasileira. Além
do ambiente doméstico e internacional difícil, Dilma terá de enfrentar
as consequências políticas do escândalo de corrupção na Petrobras. O
país tem sido avisado pelas agências de rating que um rebaixamento é
possível e, por conseguinte, uma consolidação gradual fiscal se tornou
necessária. Prevemos um superávit primário de 1% do PIB para este ano, o
que não é suficiente para estabilizar a relação entre a dívida pública e
o PIB. Essa melhoria nos números fiscais será ainda mais difícil dada a
nossa revisão em baixa das estimativas de crescimento do PIB para 2015 e
2016 (a 1,8% de 2,8%). Em relação a inflação, a nossa estimativa é de
que ficará acima da meta em 2015, em 6,8%, apesar de nosso cenário de
crescimento lento e o esperado aperto da política monetária (Selic em
12% no final do ano em nossa projeção). As condições externas têm
alimentado as perspectivas para a queda do real e leva a perspectivas
mais limitantes em relação às contas externas.”
Carlos Kawall e equipe econômica do Banco Safra
“O
desempenho da economia brasileira terá como pano de fundo um processo
de crescimento da economia global que será liderado pelos Estados
Unidos. Mas o ritmo diferenciado de expansão das principais economias
desenvolvidas deverá acarretar o início do processo de elevação do juro
básico nos EUA e Reino Unido, enquanto a Zona do Euro, Japão e China
poderão adicionar estímulos monetários adicionais – um cenário que
favorece a apreciação do dólar norte-americano. O Brasil iniciará o seu
ciclo político sob a égide de uma nova equipe econômica, que já anunciou
metas para o superávit primário e dívida bruta do governo geral para os
próximos três anos, passo fundamental para recuperar a credibilidade
dos agentes econômicos. O ajuste fiscal terá apoio importante na
recomposição dos preços administrados, o que nos leva a esperar uma
aceleração do IPCA para 7,2%, mas com importante queda da inflação de
preços livres. Com isso, esperamos que a taxa Selic seja elevada para
12,5%. A taxa de câmbio deverá manter sua trajetória de desvalorização,
alcançando R$ 2,80 ao final de 2015, contribuindo para uma redução do
déficit em transações correntes para 3,5% do PIB. O crescimento do PIB
será de 0,3% repetindo o quadro de estagnação de 2014. Mas acreditamos
que a recuperação da confiança permitirá um quadro mais favorável para o
crescimento, com inflação mais baixa, a partir de 2016.”
Nilson Teixeira e equipe econômica do Credit Suisse
“A
expectativa é de que o PIB tenha pouca expansão em 2015. Esse baixo
crescimento é resultado da contração dos investimentos e desaceleração
adicional do consumo das famílias. O crescimento mais baixo pode ser
adverso e levar a um mercado de trabalho mais atribulado, uma demanda
mais fraca da busca de crédito nos bancos e alta das taxas de
empréstimos. A expansão do consumo de governo deve desacelerar como
ocorre nos anos seguintes às eleições presidenciais. A contribuição do
setor externo será positiva graças ao resultado de uma contração das
importações. A expectativa é de um crescimento de 0,5% do PIB em 2015 e
de 1,% em 2016.”
Equipe econômica da LCA Consultores Associados
“O
ano de 2014 começou com esperanças de aceleração do crescimento global,
mas acabou marcado pelo desempenho desigual nas principais economias
mundiais. O ano de 2015 também se inicia com expectativas de melhora da
atividade mundial, mas antigas incertezas – muitas renovadas – continuam
a pesar sobre a confiança. Esse fator ameaça um cenário global mais
auspicioso. No Brasil também persistem incertezas em relação à condução
da política econômica e à capacidade de reativação da economia –
elementos que tendem a manter elevados os riscos de rebaixamento de
rating. Nosso cenário base continua a antever: (i) alguma melhora, mesmo
que desbalanceada, do crescimento global; e (ii) gradativa (mas
irregular) diluição das desconfianças internas. Mas o risco de
frustração dessas expectativas alvissareiras continua significativo.”
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Atuação: Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
quarta-feira, 14 de janeiro de 2015
O que sete mentes econômicas estão pensando sobre o Brasil de 2015?
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