terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Minoritários vão processar Petrobras no RS

Iniciativa pode ser seguida em outras partes do país, segundo advogado responsável

Petrobras (Foto: Agência O Globo)

Um grupo de acionistas minoritários da Petrobras entrará na Justiça contra a estatal no Rio Grande do Sul pedindo indenização financeira.

O advogado Francisco Antônio Stockinger, que moverá as ações em Porto Alegre, reúne a documentação necessária para acionar a Justiça na capital gaúcha no final desta semana ou no início da próxima, em nome de seis acionistas. Ele esclareceu que os processos contra a Petrobras e a União serão individuais - ou seja, não haverá uma ação coletiva dos minoritários - e que o objetivo é recuperar as perdas que os investidores tiveram após os papéis da empresa despencarem na Bolsa de Valores, em parte devido aos desdobramentos da operação Lava Jato.

 "O objeto da ação é a redução do valor dos papéis da Petrobras, o que resulta da redução do valor do próprio patrimônio da estatal. E isso é decorrente do superfaturamento de obras, da (compra da) refinaria de Pasadena (nos EUA) e de uma série de operações que deram prejuízo", afirmou. "Queremos provar que houve má gestão (por parte da estatal) com dolo aos acionistas."


Segundo Stockinger, a União será demandada na condição de acionista controladora, responsável pela nomeação dos administradores que colocaram a empresa na situação em que está hoje. "Há provas de que a União nomeou a diretoria da Petrobras com interesse político. Isso já demonstra um desvirtuamento dos objetivos da companhia, que deveria estar pautada em favor dos acionistas", disse.

O advogado apresentará à Justiça Federal documentos públicos, como relatórios do Tribunal de Contas, e buscará ter acesso a depoimentos da própria investigação Lava Jato que comprovem a prática de dolo aos acionistas com a motivação política como pano de fundo.
Stockinger afirmou que também está em contato com possíveis demandantes em São Paulo e Minas Gerais. "Há outras pessoas interessadas", afirmou, apontando que a iniciativa pode ser seguida em outras partes do país.

Indenização


Stockinger contou que alguns dos seis clientes que entrarão na Justiça em Porto Alegre adquiriram as ações em 2008, quando o ativo valia R$ 48. A indenização pedida na Justiça, segundo o advogado, corresponderá à diferença entre o valor de compra e o de venda (no caso dos investidores que já se desfizeram dos papéis) ou o valor no momento da liquidação da sentença (para aqueles que ainda mantêm as ações).
O montante reivindicado por acionista, portanto, dependerá da quantidade de ações adquiridas e do período em que ficou de posse delas. Nesta segunda-feira, o papel PN da Petrobras fechou a sessão cotado a R$ 8,91. "Não existe precedente (para o processo). É uma matéria nova no Brasil", lembrou o advogado. A assessoria de imprensa da Petrobras informou que a estatal "desconhece a existência de qualquer ação judicial movida por acionistas minoritários no Rio Grande do Sul que verse sobre queda no preço das ações da companhia".

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