terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Com alta de juro americano, aporte estrangeiro no Brasil pode reduzir

Especialistas avaliam também que insegurança jurídica de setores como de energia elétrica, a alta inflação e problemas de logística são outros fatores que devem impactar entrada de recursos

Paula Salati
São Paulo - De acordo com especialistas, fatores como a expectativa de aumento da taxa de juros norte-americana e insegurança jurídica em alguns setores da economia brasileira podem prejudicar o desempenho dos aportes estrangeiros diretos que chegam ao País.

Para o professor de finanças do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), Gilberto Braga, se o Brasil conseguir manter o mesmo patamar de investimentos verificados no ano passado, "já será uma vitória", diz ele.

Dados do Banco Central (BC) até novembro de 2014 mostram que os aportes do exterior no País estão estáveis. Enquanto no ano de 2013, os recursos foram no valor de US$ 49, 342 bilhões, até novembro do ano passado, estão somando US$ 48,497 bilhões.

Por setor, o levantamento do BC mostra que os serviços, não apenas têm maior participação nos aportes estrangeiros, como é o único no qual os investimentos se elevaram. Em 2013, os recursos investidos em serviços somaram US$ 21, 062 bilhões e até novembro de 2014, alcançam US$ 30,152 bilhões. 

Já na indústria, a comparação é estável, passando de US$ 13,428 bilhões, em 2013, para US$ 13,754 bilhões, em 2014.

No segmento de agropecuária, por sua vez, os aportes estrangeiros se reduziram praticamente à metade no mesmo período e foram de um valor de US$ 9,990 bilhões para 4,402 bilhões.

Por país de origem, os Estados Unidos foram os que mais destinaram recursos ao Brasil no ano passado, em uma soma de US$ 7,742 bilhões. 


Juros nos EUA


"Não há motivos para alimentar grandes expectativas em relação aos investimentos estrangeiros diretos no Brasil. Com a expectativa de elevação da taxa de juros norte-americana, a tendência é que os recursos migrem para os Estados Unidos", afirma Braga.

"Além disso, passamos por um momento de desalinhamento em nossa economia, que o governo está tentando corrigir. Temos também um problema de insegurança jurídica em setores como o de energia elétrica. O investidor, portanto, fica mais cauteloso em relação a esse cenário instável", afirma Braga.

Para o professor do Ibmec, até mesmo o setor de serviços deve ser prejudicado. "Os serviços devem ter apelo menor por conta da inflação elevada. Isso causa uma perda do poder aquisitivo da população", diz o professor, acrescentando que os investimentos na agricultura devem ser fortemente impactados, devido aos problemas de logística, causados pela crise hídrica. "Boa parte do nosso corredor exportador é feito por vias fluviais", afirma.

Ele diz ainda que a possível adoção de um programa de compra de títulos de governo pelo BC europeu, não afeta diretamente os investimentos no Brasil. "Apesar ser um competidor, a rentabilidade brasileira é cinco vezes maior do que a do bloco europeu", finaliza.

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