sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Decisão de acordo bilateral deve partir do Brasil, avisa a UE

Por Assis Moreira | Valor
 
 
GENEBRA  -  A discussão sobre uma negociação de acordo comercial diretamente entre a União Europeia e o Brasil depende basicamente de uma decisão política do lado brasileiro, deixou claro a nova comissária europeia de comércio, Cecilia Malmström nesta quinta-feira.

Recentemente, uma pesquisa mostrou que várias empresas europeias e brasileiras consideram que, até pelo seu atraso, as negociação birregional  UE-Mercosul podem não ter êxito. E que vale tentar um acordo bilateral entre Brasil e UE, que consideram como "menos pesado" e mais capaz de fornecer resultados "em um futuro previsível".

Por sua vez, a comissária de comércio, ao ser indagada sobre a questão, sorriu, balançou a cabeça e sinalizou que depende de o Brasil tomar uma eventual iniciativa, para o tema ser avaliado por Bruxelas. Ela lembrou que o mandato atual da UE é para negociar com o Mercosul.

O diretor-geral da Comércio, Jean-Luc Demarti, disse que não partiria de Bruxelas uma iniciativa de acordo diretamente com o Brasil, para a 'UE não ser acusada de ter quebrado o Mercosul'.

O fato, para importantes negociadores, é que, apesar de acenos da presidente Dilma Rousseff de novo ao bloco do Cone Sul, o sentimento é de que não dá para o Brasil esperar muito a Argentina arrumar sua economia e um dia decidir avançar em acordo de liberalização com outros parceiros importantes.

Alem disso, esses negociadores notam que a Tarifa Externa Comum  (TEC) do Mercosul hoje é uma fantasia, com 50% de exceções. O Uruguai é um membro cada vez menos convencido de que faz bom negócio permanecendo no bloco.

Comissária da UE quer regras anticorrupçao com Mercosul

Presidenta Dilma Rousseff durante cerimônia de Abertura da XLVII Cúpula do Mercosul e Estados Associados. (Paraná, Província de Entre Rios - Argentina - 17/12/2014 (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)
Por Assis Moreira | Valor
 
GENEBRA  -  A comissária de comércio da União Europeia (UE), Cecilia Malmström, chamou nesta quinta-feira a corrupção de 'uma doença' e sinalizou que uma das prioridades de Bruxelas na negociação com o Mercosul será a inclusão de regras nas licitações públicas,  que são conhecidas como regras "anticorrupção".

Em sua primeira visita a Genebra, na sexta semana no cargo, a nova negociadora comercial chefe europeia respondeu a vontade sobre o impacto dos escândalos no Brasil na confiança de investidores europeis e da própria Comissao Europeia.

Ela disse que não julgaria 'a natureza' dos escândalos no Brasil, mas que em geral casos de corrupção 'não são bons para a confiança e não só do Brasil, mas de todos". Acrescentou que 'a corrupção não é ruim apenas para a economia. Mas ela também causa dano para a confiança, legitimidade ou na relação dos cidadãos e de outros sobre o país". Para a comissária, corrupção não é apenas uma questão econômica, como também política', daí a prioridade que o governo brasileiro diz estar dando a esse problema. 

Companhias europeias são responsáveis por 45% do Investimento Estrangeiro Direito (IED) no Brasil. Por sua vez, 53% dos investimentos brasileiros no exterior foram destinados a países europeus. A UE é um dos principais parceiros comerciais do Brasil.

Cecilia Malmström reiterou que a UE quer bom acesso ao mercado do Mercosul, e que isso inclui acesso ao mercado de compras governamentais, e portanto para empreiteiras europeias no Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela. A negociação de um acordo birregional, se avançar, deve estabelecer também regras para garantir as transparencias nos contratos.

Existe um Acordo de Compras Governamentais, na Organizaçao Mundial do Comércio (OMC), com participação restrita de países. O Brasil nunca quis aderir a esse que é chamado um do principais instrumentos anticorrupçao no comércio mundial. Mas o país tem negociado no tema de compras governamentais com os europeus.

Para a comissária europeia, e há 'muitas razões' pelo atraso na retomada negociação UE-Mercosul, mas evitou apontar culpados. Ela repetiu a posição europeia de que o mais importante agora é que os países do Mercosul disseram que querem se engajar na negociação do acordo birregional.

Como outras autoridades europeias, a comissária de comércio reiterou que Bruxelas quer se assegurar sobre a dimensão das ofertas de liberalização do Mercosul, ante de 'retomada de reais negociações'. 'Queremos ver se as ofertas tem o mesmo nível de ambição de abertura dos respectivos mercados, para ver se é necessária calibrá-las'', afirmou. 'Precisamos ainda de detalhes de parte do Mercosul, antes de avaliar o que mudou em relação a oferta de 2004', avisou.

A comissária europeia declarou-se otimista sobre a retomada da Rodada Doha, elogiou a reaproximação EUA-Cuba, insistiu que os problemas da Russia atualmente nada tem a ver com o embargo ocidental e sim com falta de reformas que não foram feitas por Moscou.

Carolyn, a 'arma secreta' do Facebook


Por Gustavo Brigatto | De São Paulo
Luis Ushirobira/ValorCarolyn Everson, do Facebook: desde sua chegada, em 2011, receita quadruplicou
 
Pouca gente já ouviu falar de Carolyn Everson. Talvez por isso, a executiva americana de 42 anos possa ser considerada uma espécie de "arma secreta" na estratégia de crescimento do Facebook.

Enquanto o fundador da rede social Mark Zuckerberg, cuida da parte estratégica e seu braço direito, a diretora de operações Sheryl Sandberg toca o dia a dia do negócio, é Carolyn quem faz o meio de campo da companhia com o mercado publicitário. Em outras palavras, é ela quem faz com que o dinheiro dos anunciantes seja colocado na rede social. Na verdade, foi a executiva quem construiu as pontes que ligam os dois mundos e acelerou exponencialmente o avanço do Facebook nos últimos anos.

Desde sua chegada, em fevereiro de 2011, a receita da companhia saltou de US$ de 2 bilhões para quase US$ 8 bilhões no ano passado. Em 2014, a rede social responderá por 7,75% dos US$ 146 bilhões que devem ser investidos globalmente em publicidade digital, um avanço de dois pontos percentuais em relação ao ano passado, segundo a empresa de pesquisa eMarketer. No 3º trimestre, a publicidade respondeu por 92% da receita da companhia - em 2011 eram 83%. "Nos últimos quatro anos evoluímos de uma plataforma social, onde as empresas constroem suas marcas bases de fãs, para uma plataforma de mídia, que gera resultados de negócios para os anunciantes", disse a vice-presidente de soluções globais de marketing do Facebook ao Valor.

O caminho ainda é longo para alcançar o Google, que detém um terço da publicidade digital no mundo. Mas três aspectos da estratégia da companhia podem ajudá-la a reduzir mais rapidamente essa distância: o foco em dispositivos móveis, nos anúncios no formato de vídeo e a exibição de anúncios fora do ambiente do Facebook. Este último passo, aliás, pode ser considerado um dos mais interessantes da companhia.

Mesmo com 1,35 bilhão de usuários - quase 70% dos internautas no mundo - o Facebook sofre por ser um ambiente fechado. Ao contrário do Google, que é acessado quando o internauta está em busca de alguma coisa, portanto mais suscetível ao impacto da publicidade, no Facebook, os usuários precisam acessar suas contas, para então ver os anúncios. Com a possibilidade de vender anúncios fora de suas cercas, o Facebook aumenta o impacto que uma campanha pode ter. "Podemos ajudar os anunciantes a fazer publicidade direcionada e encontrar pessoas de verdade fora do Facebook [usando os dados que são coletados dos usuários da rede]", disse Carolyn.

Em sua segunda visita ao Brasil, ela se reuniu com publicitários para discutir ideias e levantar sugestões de novos funcionalidades e formatos de anúncios. O conselho de clientes foi criado em 2011 e funciona no Reino Unido, Brasil, Índia e como um bloco único para os países da Europa, África e Oriente Médio. "Ela conduz muito bem esse diálogo com o mercado", disse um executivo que participou do encontro.

Carolyn tem um currículo recheado com passagens pela Microsoft, Disney e MTV. Foi no canal de música que ela ouviu falar pela primeira vez do Facebook. Em 2005, quando comandava a área de publicidade da MTV, ela se interessou pela rede social que começava a se tornar popular entre os jovens e chegou a sugerir sua aquisição pela MTV. As negociações chegaram a acontecer, mas não resultaram em um acordo. "Talvez tenha sido melhor assim", disse a executiva.

Assim como Sheryl Sandberg, Carolyn é uma defensora do aumento da presença das mulheres no mercado de tecnologia. "Elas são apenas 18% dos formandos em ciência da computação nos Estados Unidos", ressaltou. Para estimular isso, ela faz encontros e também acompanha a carreira de algumas profissionais da companhia. "Acredito que as mulheres podem ter uma carreira e cuidar da família. Não é um, ou outro", disse a mãe de gêmeas. Ela destaca, no entanto, que essa questão não é apenas das mulheres. "Também estímulo os homens da minha equipe a passar tempo com a família", completou.

Conselheira de diversas empresas, Carolyn ainda acha tempo para fazer trabalho voluntário. Antes de chegar ao Brasil, ela passou 10 dias com as filhas de 12 anos no Equador ajudando a construir casas para famílias carentes. "Tento mostrar a elas que o mundo não é só a vida que temos nos Estados Unidos", disse.
No mundo da publicidade, ela disse acreditar que o cenário de restrição de verbas por conta da turbulenta situação econômica global não é um problema para os planos de crescimento do Facebook. "Dá para fazer publicidade eficiente com menos verba", disse.

A Medida Provisória 656/2014 enriquece ainda mais os donos de cartórios


 Manual sobre como conservar documentos foi elaborado pelo CNJ



 
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A MP 656, no inciso IV do artigo 54, estabelece o procedimento da concentração das ações judiciais na matrícula do imóvel, sendo a cobrança deste procedimento estabelecido no art. 56, § 1º.

Traduzindo: o autor de qualquer ação judicial (trabalhista, juizado especial, penal, etc.) para ser considerado diligente, deverá percorrer todos os cartórios de registros de imóveis de sua cidade fazendo pesquisas para localizar bens dos réus e depois promover as averbações dessas ações nas matrículas de seus imóveis. Para efeito de pagamento ao cartório de registro de imóveis, esta averbação é considerada sem valor declarado.

Os donos de cartórios de registro de imóveis, além de ganhar grandes somas de dinheiro com todas essas pesquisas de bens, averbações nas matrículas dos imóveis, foram contemplados também com a exigência de mais uma certidão para a lavratura do contrato de compra e venda de imóveis – a certidão de propriedade (artigo 59).

Todos nós sabemos que as receitas dos cartórios de registro de imóveis são milionárias. Dou como exemplo as receitas do ano 2013 de dois cartórios, divulgadas pelo Conselho Nacional de Justiça:

Registro de Imóveis da 1a Zona de Porto Alegre – R$16.064.090,00
1º Oficio de Registro de Imóveis de São Paulo – R$ 14.400.194,00

Para se ter uma ideia do quanto a MP 656/2014 ajudará aos donos de cartórios ficarem mais ricos, basta refletirmos sobre os seguintes pontos:

1. Até agosto de 2014, tramitava no TJ/SP 20.258. 821 ações (conforme o Comunicado nº 1090/2014 da Corregedoria Geral-TJ/SP);

2. O valor da averbação sem valor declarado cobrado em São Paulo (item 2.1 da tabela da ARISP) é de R$ 20,14 por ato;

3. Como a baixa da averbação também será cobrada, o autor da ação pagará, no mínimo, R$ 40,28 por ação averbada no cartório. Eu digo "no mínimo" porque qualquer alteração durante a tramitação da ação judicial (retificações, redistribuições, inclusão e/ou exclusões de nomes, etc) deverá ser averbada e paga pelo autor de qualquer ação judicial:

4. Considerando apenas as ações em curso na Justiça Estadual de São Paulo, os autores de ações judiciais arcarão com uma despesa de dois bilhões de reais, que está sendo direcionada, pela MP 656, aos donos cartórios de registros de imóveis. O montante desse valor é muito maior, pois neste cálculo não se levam em conta as ações das justiças federal e trabalhista.

Venina está depondo no Ministério Público em Curitiba

 
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Por Juliano Basile | Valor
 
CURITIBA  -  A geóloga Venina Velosa da Fonseca está depondo, nesta sexta-feira, junto à força tarefa da Operação Lava-Jato que investiga os esquemas de desvios de dinheiro da Petrobras. Ela está sendo ouvida por procuradores da República ao lado de seu advogado, Ubiratan Mattos.

O depoimento de Venina deve trazer novas informações a respeito das irregularidades na Petrobras. A geóloga conduziu uma auditoria na área de comunicação da Diretoria de Abastecimento da estatal em que descobriu desvios de pelo menos R$ 58 milhões. O dinheiro foi repassado a empresas da área de comunicação que não prestaram os serviços. Venina tem documentos, cópias de e-mails e notas fiscais comprovando essas irregularidades. Todo esse material será entregue à força tarefa.

O esquema de desvios na área de comunicação do Abastecimento foi descoberto por Venina quando Paulo Roberto Costa comandava essa diretoria na estatal, entre 2008 e 2009. Venina era subordinada a Paulo Roberto e foi reclamar com o então chefe a respeito do esquema. Na ocasião, ele apontou o dedo para o retrato do presidente Lula e perguntou se ela estava “querendo derrubar todo mundo”. Acusado de diversas irregularidades, Costa foi preso e fez um acordo de delação premiada com o Ministério Público no qual se comprometeu a entregar provas dos crimes em troca de redução de pena.

Esse esquema envolveu o desvio de verbas para o PT da Bahia, o grupo político do então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. Em 3 de abril de 2009, Venina enviou um e-mail pedindo ajuda para Graça Foster, então diretoria de Gás e Energia, para concluir um texto sobre as descobertas que fez de desvios milionários na área de comunicação. A mensagem foi enviada às 3h50 daquele dia, o mesmo do relatório final da comissão. Graça não respondeu.

A Petrobras informou, em nota, que demitiu o funcionário responsável pelos desvios, Geovanne de Morais. No entanto, como ele estava sob licença médica, a estatal manteve-o no cargo por mais quatro anos. Ao verificar que Geovanne não foi demitido, Venina obteve um parecer jurídico determinando o desligamento do funcionário, mesmo sob licença médica. Ela encaminhou esse parecer aos superiores, pois achava absurdo que o funcionário pego em desvios continuasse sob a folha de pagamento da estatal. Mas Geovanne não foi desligado de imediato. Demorou mais de quatro anos, informação atestada em nota recente da própria Petrobras.

Venina deve apresentar provas desse e de outros casos. A geóloga batalhou contra a aprovação de aditivos que elevaram os custos da refinaria Abreu e Lima, em 2009, e denunciou desvios feitos por negociadores de combustível de navio em unidades da Petrobras no exterior. Ao todo, ele obteve mais de mil comunicações entre “traders” e esse material está sendo encaminhado ao Ministério Público.

Banca empresarial decidiu defender Venina


Por Juliano Basile | Valor
Vitor Salgado / Valor

BRASÍLIA  -  Mandada para Cingapura, com duas filhas pequenas, o salário cortado em cerca de 40%, destituída de suas funções, separada do marido, diagnosticada com distúrbio de ansiedade e com a empresa pela qual trabalhou durante 24 anos afastando-a de suas funções e se negando a custear até a sua passagem de volta ao Brasil, Venina Velosa da Fonseca, a geóloga que denunciou por cinco anos irregularidades na Petrobras, enfrentou ainda uma dificuldade adicional.

Ela precisava de um advogado para obter os seus direitos junto à estatal justamente no momento em que a imensa maioria das grandes bancas do Rio de Janeiro e de São Paulo está comprometidas com a defesa de empresários e das companhias suspeitas de envolvimento no desvio de verbas da estatal.

“Nossa decisão de representar Venina levou em conta não somente a situação difícil em que ela se encontra, mas também a nossa indignação quanto ao que está ocorrendo no país”, afirmou Ubiratan Mattos, advogado que abraçou a defesa da geóloga.

Ubiratan é sócio de uma banca de São Paulo que possui grandes empresas em sua carteira de clientes — o escritório Mattos Muriel Kestener Advogados. São 150 profissionais dos quais 70 são advogados e 30 são estagiários. A banca atua na área do direito empresarial e fez muitos casos na área de compliance, antes mesmo da promulgação da Lei Anticorrupção, em janeiro deste ano. Ubiratan já foi presidente do Instituto Brasileiro de Relações de Concorrência e Consumo (Ibracc), entidade que reúne os principais advogados das companhias bilionárias que enfrentam processos no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Ele está acostumado a atuar em processos envolvendo valores altíssimos.

Quando Venina o procurou, o advogado logo percebeu que aquela não era uma causa cujo objetivo seria o retorno financeiro. “Evidentemente que o que está em jogo não são honorários altos, mas os valores éticos que devem pautar a atividade empresarial”, afirmou. “Nesse caso, nós nos solidarizamos com a parte mais vulnerável. Nós decidimos que a primeira medida a tomar é garantir o emprego dela na Petrobras.”

A banca não está atuando de graça, mas combinou com Venina um valor “que coubesse em seu orçamento”. “Nós fizemos uma reunião de sócios para avaliação do caso da Venina, e seu potencial conflito com a defesa de outros clientes”, revelou o sócio Marcelo Muriel. “Concluímos não haver nenhuma incompatibilidade, já que a Venina tem contra si a alta direção da Petrobrás, e não as empresas. Além disso, ela está do lado da ética e da transparência, valores que estão no nosso DNA e com os quais nossos clientes se identificam e exercitam no dia a dia, com a nossa ajuda”, completou.

Caixa e Correios terão que fazer aporte extra em fundos de pensão


Por Thais Folego | De São Paulo
Claudio Belli/Valor"Não há que se preocupar quanto a isso, a Funcef está sólida", afirma Carlos Caser, presidente da fundação
 
Pelo menos 50% do déficit da indústria de fundos de pensão brasileira vem de planos de previdência de empresas estatais. Ou seja, parte da conta pode sobrar para os cofres públicos justamente no momento em que o governo precisa conter gastos. A Caixa Econômica Federal deve começar a fazer aportes extras em um de seus planos em breve e os Correios terão que aumentar as contribuições adicionais que já faz desde 2013.

Os fundos de pensão que estão no negativo têm um déficit de R$ 27,6 bilhões, segundo os últimos dados da Previc, de junho deste ano. Só as fundações dos funcionários da Caixa (Funcef), da Petrobras (Petros), do BNDES (Fapes) e dos Correios (Postalis) têm, juntas, planos que somam déficits de R$ 14,6 bilhões, segundo levantamento do Valor sobre os últimos dados disponíveis das entidades.

Pelas regras dos fundos de pensão, resultados deficitários devem ser equacionados de forma paritária entre empresas e participantes. Ou seja: meio a meio. E, claro, isso tem preocupado os funcionários, especialmente quem já está aposentado e terá seu benefício reduzido.

A regra do setor determina que planos que tenham déficit igual ou inferior a 10% de seu patrimônio por três anos consecutivos devem apresentar um plano de resolução do passivo no ano subsequente - quando participantes e patrocinadora precisam colocar mais dinheiro no plano. Se o déficit for superior a 10%, deve ser resolvido no exercício do ano seguinte.

O cenário, pelo menos no curto prazo, não deve melhorar. A Abrapp, associação que reúne os fundos de pensão, estima que, na média, as fundações não atinjam suas metas de rentabilidade este ano, ficando abaixo dela em 1,5 ponto percentual. A meta de 2014 é de em torno de 12%, equivalente a IPCA mais 5,5%.

A associação destaca que há uma diferença entre o déficit conjuntural e o estrutural. "A maioria das entidades que se encontra no total de R$ 27 bilhões apresenta déficit conjuntural provocado eminentemente pela combinação, em 2013, da queda na taxa de juros básicos que levou a normativo que obrigou as fundações a redução de suas taxas atuariais, com a precificação dos títulos públicos federais", disse a Abrapp em nota, destacando que há outro grupo de fundações que registram superávit de R$ 35 bilhões - a maior parte da Previ, que tem saldo positivo de R$ 25 bilhões.

Em 2013, a rentabilidade dos fundos de pensão foi de 3,28%, ante meta de 11,63%. "Resultado bem diferente do histórico. No acumulado de 2005 a junho de 2014 a rentabilidade do setor é 243% e a meta, de 186%", ressaltou a associação. A Abrapp lembra que a nova regra de mensuração do ativo e do passivo, que agora considera o prazo médio do fluxo de pagamento dos benefícios de cada entidade, vai modificar parte dos números de déficit e superávit.

A Funcef, terceiro maior fundo de pensão do país, vai elaborar, em 2015, o plano de equacionamento do déficit de seu maior plano, o que exigirá contribuições extras. A fundação não bate a meta de rentabilidade desde 2011. Mas naquele ano o superávit do ano anterior cobriu o resultado negativo. O déficit, de R$ 4,9 bilhões até setembro, equivale a 11% dos ativos do plano, de R$ 46,7 bilhões. Neste ano, o retorno médio dos ativos investidos está em 5,7% até setembro, ante meta de retorno de 8,9%.

Em eventos com participantes, o presidente da Funcef, Carlos Caser, disse que o desempenho da fundação segue impactado pelo baixo retorno dos investimentos em renda variável - a fundação tem 30% dos ativos em ações. Ele afirma, porém, que a fundação tem capacidade para honrar os compromissos com os participantes, tanto no momento como no futuro. "Não há que se preocupar quanto a isso, a Funcef está sólida", disse.

Procurada, a Funcef disse que vai se pronunciar depois que tiver os números de 2014 fechados.

Já a fundação dos Correios, a maior do país em número de participantes, tem saldo negativo de R$ 2,7 bilhões até setembro. Como o valor equivale a mais de 50% dos ativos do plano, de R$ 5,1 bilhões, a fundação terá que equacioná-lo já no próximo ano. Tanto os Correios quanto os funcionários já fazem aportes adicionais ao plano de benefício definido, o maior da fundação, desde o ano passado para cobrir o resultado negativo de R$ 985 milhões de 2012 e 2011.

Procurado, o Postalis informou que "haverá, sim, aumento da contribuição no próximo ano e os estudos atuariais estão sendo elaborados para finalização do novo plano de equacionamento".

Já nos casos de Petros e Fapes não será necessário, por ora, fazer aportes extras. Segunda maior fundação do país, a Petros apresentou déficit de R$ 2,3 bilhões em 2013, valor que subiu para R$ 5,5 bilhões até setembro deste ano. Já a Fapes vai apresentar déficit pela primeira vez neste ano. O saldo negativo da fundação do BNDES era de R$ 1,3 bilhão até novembro.

Em nota, a Petros explica que o surgimento do déficit no ano passado ocorreu por vários fatores, entre eles o mau desempenho da bolsa de valores e dos títulos de renda fixa, "o que afetou todo o segmento de previdência complementar". A fundação ainda cita a mudança da tábua de mortalidade de seu principal plano, o que aumentou os compromissos em cerca de R$ 1,054 bilhão.

"A Petros já estuda medidas para reversão do déficit, o que vai depender das mudanças no cenário econômico, da aprovação das políticas de investimentos da fundação para o próximo quinquênio e da relação [entre] risco, retorno e liquidez de cada investimento disponível no mercado", informou a Petros.

O fundo de pensão lembra que uma das medidas é a que altera a regra de cálculo da meta de rentabilidade dos ativos das fundações, "que é importante para evitar que os fundos registrem déficits irreais devido à volatilidade da taxa básica de juros". A Petros está analisando os impactos da nova regras sobre os seus números.

A Fapes informou que os resultados recentes "refletem a conjuntura da economia e a volatilidade do mercado observadas no ano, fatos que caracterizam como conjuntural o resultado deficitário que vier a ser apresentado". A fundação diz que "no próximo exercício, caso a conjuntura econômica apresente um desempenho positivo, como se espera, este resultado deficitário poderá ser parcial ou integralmente revertido".

Galderma, da Nestlé, compra Moderm no Brasil


Galderma/N.Oundjian
Produtos da Galderma sendo manipulados
Galderma: empresa farmacêutica da Nestlé comprou a Moderm no Brasil
São Paulo - A Galderma, farmacêutica de produtos dermatológicos da Nestlé, comprou a Moderm, do setor de dermocosméticos, no Brasil.

Segundo comunicado, a aquisição é parte da estratégia da Galderma de explorar um novo mercado e ampliar sua atuação em regiões e novos consumidores.

A ideia é que a Moderm continue como marca independente e planos de negócio separados dos da Galderma.

"Estamos confiantes, pois o mercado brasileiro é aberto às novidades que atendam às exigências dos cuidados com a pele”, disse José Roberto Ferraz, gerente geral da Galderma no país.

Segundo o executivo, o Brasil representa uma boa parcela do mercado mundial de dermatologia e ocupa a segunda posição em vendas no ranking da Galderma, "números que esperamos incrementar com a Moderm”, disse.

Moderm, criada em 2012, está presente em cerca de 1.000 pontos de venda em São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Pará e Paraná. O objetivo é que a marca chegue a 20.000 estabelecimentos comerciais.

A Galderma, criada a partir de uma parceria entre Nestlé e L’Oréal, em 1981, está presente em 70 países é líder mundial no segmento. No Brasil, a companhia atua há quase 20 anos.

No início do ano, a Nestlé pagou 3,6 bilhões de dólares para assumir o controle completo da Galderma.
A companhia passou a ser parte da divisão Nestlé Skin Health, que reúne marcas que vão desde medicamentos vendidos somente com receita a sabonetes e demais produtos de higiene pessoal.

Carga tributária atinge 35,95% do PIB em 2013


Divulgação/Facebook
Impostômetro
Impostômetro: o Brasil ficou na 13ª posição entre os países com maior carga tributária da OCDE 

Anne Warth, do Estadão Conteúdo
 
Brasília - A carga tributária brasileira chegou a 35,95% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013, ante 35,86% no ano anterior, segundo a Receita Federal. Trata-se do maior patamar na proporção do PIB da série histórica, iniciada em 2004. 

No ano passado, o PIB brasileiro atingiu R$ 4,844 trilhões, enquanto a arrecadação tributária bruta somou R$ 1,741 bilhões. Em 2013, a União foi responsável por 68,92% da arrecadação; os Estados, por 25,29%; e os municípios, por 5,79%.

A Receita Federal divulgou também dados comparativos sobre a arrecadação brasileira em relação a outros países. Nesse caso, os dados são de 2012, mas confirmam a alta carga tributária que incide no País.
O Brasil ficou na 13ª posição entre os países com maior carga tributária da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O primeiro lugar ficou com a Dinamarca, que registrou uma carga tributária da ordem de 48% do PIB, seguida por França (45,3%); Itália (44,4%); Suécia (44,3%); Finlândia (44,1%); Áustria (43,2%); Noruega (42,2%); Hungria (38,9%); Luxemburgo (37,8%); Alemanha (37,6%); Eslovênia (37,4%); e Islândia (37,2%).

Entre os países da América Latina, a carga tributária é a 2ª maior, atrás apenas da Argentina, com 37,3% do PIB. Sem considerar os programas de parcelamento de dívidas tributárias (Refis), a carga tributária atingiu 35,18% do PIB em 2013, um pouco menos que os 35,27% verificados no ano anterior.

5 ações simples para ser um profissional disputado em 2015


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leilão
Profissional disputado: no ano que vem, mercado deve valorizar quem se adapta rapidamente a mudanças 

São Paulo - A chegada de 2015 pode ser uma ótima oportunidade para preparar uma nova fase na sua profissão. Só não vale transformar objetivos reais em “resoluções” abstratas.

O alerta é de Alexandre Slivnik, autor do livro “O Poder da Atitude” (Editora Gente, 2012). “Muita gente usa o ano novo como uma desculpa para adiar decisões. É como a velha história da dieta, que só começa na segunda-feira”, afirma.

Segundo ele, é importante estabelecer prazos para cada meta. “Traga para a esfera prática pelo menos o primeiro passo. Pense nas pessoas que você precisa acionar, cursos que precisa fazer, e estabeleça datas-limite”, diz Slivnik.

Para garantir o seu sucesso, também é importante prestar atenção à realidade do mercado de trabalho em 2015 - um ano de “cinto apertado” para a maior parte das empresas em função da economia.

Ceder ao pessimismo, no entanto, não é uma boa ideia, segundo Rodrigo Soares, diretor da consultoria Hays. Para ele, momentos críticos sempre geram oportunidades para quem sabe aproveitá-los.

“Há dois tipos de profissionais: os que fazem parte do problema e os que fazem parte da solução. O ano que vem deve premiar quem estiver no segundo grupo”, afirma Soares.

A seguir, veja alguns conselhos para se destacar no mercado no ano que chega:

1. Abrace os problemas
Para Slivnik, assumir os problemas que se apresentarem - mesmo que sejam alheios - é essencial para se destacar. “As empresas não vão querer aqueles que ficarem se lamentando pelas dificuldades de 2015 ou culpando variáveis externas por tudo que der errado”, diz Soares. Resiliência continuará sendo uma palavra de ordem para o mercado. 

2. Tenha humildade para aprender
“O ano que vem obrigará as empresas a ter equipes mais enxutas, o que levará muita gente a acumular funções”, diz Soares. Nesse contexto, a versatilidade e a abertura para aprender atividades novas serão muito valorizadas.

3. Esteja pronto para mudanças 
Diante de uma crise interna, mais de 49% das empresas querem funcionários com alta capacidade de adaptação, segundo um recente estudo da Hays. “O mercado vai precisar de pessoas prontas para se adequar a transformações rápidas, sem perder o ritmo da produção”, diz Soares.

4. Descubra a causa da sua empresa
Independentemente do seu departamento ou função, é preciso mostrar que você se considera parte do todo. Daí a importância de saber qual é a missão do seu empregador, e incorporá-la ao seu dia a dia. “As empresas devem valorizar mais quem se prova comprometido com a sua causa”, diz Slivnik.

5. Invista como nunca em relacionamento
Soares afirma que ter boas habilidades de relacionamento interpessoal sempre foi e continuará sendo importante em 2015. “É essencial se dar bem com colegas e chefes, e entender que ninguém consegue superar dificuldades sozinho”, diz ele.

A teoria do caos e o trio Levi, Barbosa e Tombini


Neste artigo, o consultor Telmo Schoeler diverge da crença de que uma nova equipe econômica signifique uma mudança na condução da economia. E alerta para um provável aumento do número de processos de recuperação judicial de empresas


22-teoria-do-caosNuma rotina anual, protagonistas da governança empresarial – acionistas, conselheiros e executivos – estão diante do desafio de desenhar estratégias e movimentos táticos para o ano novo. O que o Brasil ativo, empreendedor, operante e real há pouco tempo enxergava era um 2015 muito difícil, mas ponto de partida para um cenário modificado com recuperação do desenvolvimento, do crescimento, dos investimentos, da competitividade, tudo apenas possível a partir de um novo modelo e foco de governo e de gestão pública.

O resultado das urnas, dando continuidade ao mandato dos partidos no poder, não permite antever esta necessária mudança de modelo e rumo. A própria previsão do novo governo de um crescimento de 0.8% do PIB, embora pífio em si e em termos relativos a quem é relevante no mundo, é otimista. Os fatos apontam para zero ou menos. Imaginar que as mesmas lideranças que conduziram a “empresa Brasil” ao caos vão conseguir tirá-la daí é tão utópico quanto acreditar que os gestores que levaram uma organização à falência serão capazes de promover o milagre de sua recuperação.

Por isso, é de se esperar a continuidade de um modelo estatizante, antagônico e antipático à atividade empresarial e privada, com uma visão antiga e ultrapassada do mundo. Por decorrência deverá haver a manutenção de inchada estrutura do Estado, portanto, sem perspectivas de redução da carga tributária, com todas as ineficiências, distorções e falta de investimentos que oneram o custo Brasil, que impedem nossa competitividade e nos rebaixaram para a 57ª posição mundial de produtividade, com custos 30% maiores do que os países desenvolvidos.

Por isso, nossa capacidade competitiva em exportações continuará em queda, ao lado de um mercado interno cada vez mais restrito pela estagnação econômica, exaustão de renda e impossibilidade de aumentar o endividamento da população. Nada diferente do que já vem o correndo e que é perceptível na performance negativa da indústria automobilística, têxtil, imobiliária, de móveis, motos, varejo... tudo. O Brasil está derretendo como jamais o vi nos meus 50 anos de vida executiva e consultiva. Realmente, como disse uma certa figura, “nunca antes na história deste país”... estivemos tão generalizadamente mal.

A carência de investimentos públicos (por falta de recursos do governo) e privados (por dúvidas, riscos, falta de perspectivas e desânimo), manterá a oferta de produtos limitada, gerando inflação, com os nefastos efeitos de corrosão de renda e obrigação de subir juros. A baixa geração de empregos contribuirá para o aumento da inadimplência – empresarial e pessoal – retroalimentando o ciclo vicioso da estagnação. Um coquetel explosivo, especialmente para as empresas endividadas, o que redundará em aumento dos processos de recuperação judicial.

Os otimistas acreditam que a nomeação do trio econômico Levi - Barbosa - Tombini é uma sinalização positiva de mudanças, tanto pela formação acadêmica dos três quanto especialmente pelas ligações e posições já ocupadas pelo primeiro. Os realistas sabem que há de se esperar para ver a autonomia e ouvidos que a presidente dará a eles, lembrando que uma andorinha só – ou mesmo três – não faz verão.
A flexibilização das regras de meta fiscal agora patrocinada pelo governo é uma demonstração de que não devemos esperar mudanças nos absurdos de governança praticados atualmente. Por isso, as mudanças salvadoras são possíveis (pela teoria do caos), mas improváveis. Quem sabe milagres ocorram, embora os últimos remontem a cerca de 2000 anos e seu autor tenha morrido crucificado. Decisoriamente, só nos resta dar um tiro no escuro e rezar para que tenha os efeitos desejados, porque não podemos parar.


Telmo Schoeler é fundador e Presidente da Strategos – Consultoria Empresarial.

Dificuldade para inovar é a grande barreira da empresa familiar


Estudo da PwC mostra que famílias empresárias precisam abrir mão de certas tradições para se manterem competitivas no mercado

Da Redação


1-home1-1912A sétima edição da pesquisa “Empresa familiar: o desafio da governança” realizada pela consultoria PwC em 40 países, revelou que as empresas familiares brasileiras , apesar de todas as dificuldades econômicas do país, têm perspectivas otimistas em relação ao seu desempenho nos próximos cinco anos. Cerca de 76% das 121 entrevistadas preveem um crescimento contínuo durante o período. A maioria delas (79%), registrou crescimento nos últimos 12 meses - um índice, inclusive, acima da média global constatada pelo mesmo estudo, que foi de 65%.

Mas para manter o fôlego e crescer, as empresas familiares no Brasil vão ter que lidar com questões tradicionalmente delicadas para elas. Um dos principais desafios elencados pelos entrevistados é a necessidade de constante inovação. Assim como na edição da pesquisa de 2012, 71% das empresas acreditam que este é um fator fundamental para se manterem competitivas no mercado. “Provavelmente, o apelo decorrente do acelerado ritmo de transformações que estamos vivendo e da chegada das novas gerações mais identificadas com novos modelos, métodos e tecnologias é que está despertando atenção para a importância de inovar”, afirma Fábio Abreu, sócio da PwC Brasil.

No entanto, os analistas da PwC observam que, na prática, as empresas familiares, em todo o mundo, continuam apresentando resistência a mudanças. Elas possuem dificuldade de repensar suas atividades ou reestruturar o modelo de negócio. Nas empresas que estão sob o comando da terceira e quarta gerações, a aversão ao risco é ainda maior. Com a responsabilidade de manter o sucesso do negócio, os sucessores preferem estratégias mais seguras e tradicionais a empreender e inovar. Também mostram maior resistência à entrada de executivos de fora da à família.

A sucessão e a profissionalização da gestão são outros aspectos que a empresa familiar precisa administrar para garantir uma trajetória ascendente. Na pesquisa da PwC, somente 11% das brasileiras relataram ter um plano de sucessão bem estruturado. Para Abreu, o percentual reflete a falta de um planejamento de longo prazo. “Este tipo de prática [planejamento] faz com que a empresa esteja preparada para o futuro, seja ele qual for”, atenta. Na opinião de Mary Nicoliello, diretora da PwC Brasil e especialista em empresas familiares, para que o negócio perdure por muitas gerações, é importante que os membros da família participem do plano de desenvolvimento do negócio como um todo. “As futuras gerações de gestores e líderes das empresas familiares devem ser contempladas com um plano de carreira desde cedo, para que se sintam parte importante da empresa, não só da família. Assim, a chance de o herdeiro se interessar pelo negócio e, posteriormente, querer assumir a gestão são muito maiores”, analisa Mary.

No caso da profissionalização, 46% das empresas brasileiras admitiram a necessidade de iniciar o processo. As mais novas são as que demonstram maior interesse. Porém, em seu relatório, a PwC identifica que falta aos negócios familiares a percepção de que a profissionalização não se resume somente à contratação de gestores de fora. “Trata-se de conferir à administração familiar processos, estrutura e disciplina para que consiga inovar, diversificar-se de modo mais eficiente, exportar mais e crescer rapidamente. Em resumo, alcançar os seus objetivos principais: assegurar um futuro no longo prazo e melhorar a lucratividade”, aponta a análise da consultoria.

Para ter acesso ao estudo completo, clique aqui. 

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

De fabricante de cestos a dona do Ibope, quem é a WPP


Simon Dawson/Bloomberg
Martin Sorrell, da WPP
Martin Sorrell, da WPP: Ser a líder mundial é um objetivo constante da história do grupo, que começou como fabricante de cestos de metal e virou multinacional de comunicação
São Paulo - A Kantar Media, braço do grupo WPP responsável por gestão de informação, anunciou ontem, 17, que adquiriu o controle do Ibope Media. Assim, a empresa britânica se posiciona como líder em medição de audiência de televisão. 

O Ibope Media, comprado da família Montenegro, está presente em 16 países, com 3.500 funcionários. O grupo britânico já tinha participação de 44% na brasileira desde 1997, segundo comunicado.

O grupo amplia sua presença na América Latina para brigar contra sua rival o instituto alemão GfK. Em 2013, o instituto assinou uma carta de intenções com as emissoras SBT, Record, RedeTV! e Band para medir a audiência a partir de 2015. 

Nos últimos meses, o Kantar Media adquiriu as empresas Data Republic, Precise e a unidade de áudio da Civolution, com o objetivo de se tornar líder em pesquisa. Aquisições estão no cerne do crescimento do grupo WPP desde sua criação. 


De fabricante de cestos a líder global


A história da companhia começou em mercado completamente diferente. A Wire and Plastic Products foi criada no Reino Unido em 1971, para produzir objetos de cestas de metal. Em 1985, Martin Sorrell, seu atual presidente, entrou em cena,  ao comprar uma participação de 30% por US$ 676 mil. 

O objetivo de Sorrell nunca foi fabricar cestas, ainda que esse setor ainda esteja ativo no grupo até hoje. Ele estava apenas buscando uma empresa pequena, já listada na bolsa, para transformá-la em uma multinacional de serviços de marketing.

A empresa foi renomeada para WPP Group e dois anos depois Sorrell se tornou diretor executivo. Com uma série de aquisições, começou a reunir oportunidades em comunicação e marketing.

Apenas dois anos depois de ter sido adquirida por Sorrell, a WPP passou a fazer aquisições milionárias. Em 1987, comprou o J. Walter Thompson Group por US$ 566 milhões, já iniciando sua atuação no setor de dados e pesquisa de mercado.

Em 1988, o grupo foi listado na Bolsa de Nova York e, no ano seguinte, realizou uma das maiores aquisições do setor de marketing em 1989, ao comprar o gurpo Ogilvy por US$ 864 milhões. 

As empresas de pesquisa Millward Brown, brasileira, e Research International também entram para o grupo, além de outro gigante, o Young & Rubicam Group.

Em rápida expansão, adquiriu dezenas de empresas nos anos seguintes. Formou aliança com a Asatsu-DK Inc, a terceira maior agência de publicidade do Japão e passa a fazer parte da lista FTSE 100 Index, da Bolsa de Londres.

Entrou no mercado chinês, coreano e taiwanês e, mais recentemente, na Rússia. Investiu em agências inovadoras para conteúdo digital, como a AKQA, e em mercados emergentes.

Já são mais de 350 empresas combinadas pelo grupo. Agora, o seu objetivo é se fortalecer na América Latina.

Mundialmente, sua concorrente é o grupo Publicis Omnicom, a fusão das empresas francesa e norte-americana. Com a aliança, o grupo ultrapassou a WPP, se tornando líder do mercado com uma gigante de US$ 35 bilhões.

11 filmes, livros e séries para curtir na folga do fim de ano


São obras que vão ocupar seus dias e, de quebra, acrescentar algum conteúdo


Fábio Zugman,  
 
 
Reprodução

Estamos chegando àquela época da piada do “pavê ou pracomê”, dos comentários sem noção direcionados aos nossos cônjuges, de virar alvo do julgamento daquelas tias de quem você tanto gosta. Sim, caro leitor, se está lendo isso, parabéns, você sobreviveu mais um ano e, salvo algum azar muito grande, pulará deste ano para o próximo com toda a pompa que o evento merece.

Provavelmente, também enfrentará horas de fila, viagens e discussões interessantes sobre o último exame ginecológico daquela parente distante. Se você quer dicas para passar o tempo, evitar situações sociais desagradáveis ou ter uma desculpa para passar alguns momentos a sós, seus problemas acabaram. Segue uma lista de livros, séries e filmes para alegrar seu fim de ano e fazer pensar um pouco na vida:

Filmes

1. Idiocracia (2006): Nos velhos tempos, quando os seres humanos andavam pelos campos, a seleção natural dava conta de mandar uns tigres para se livrar dos mais bobinhos. 500 anos no futuro, com a tecnologia resolvendo tudo e sem pressões da natureza, resta sentar em uma poltrona e ver TV o dia inteiro. Se você quer uma comédia de humor negro, falando de populismo, acomodação e as maravilhas do mundo moderno, vá até a locadora e seja feliz. 

2. Shaun of The Dead (2004): Antes de zumbis entrarem na moda, essa clássica comédia inglesa já era imbatível. O início do filme – em que os personagens, acostumados a todo mundo se arrastando e resmungando no dia a dia, não percebem que as pessoas estão se transformando em zumbis – continua sendo uma das melhores observações sobre a vida moderna que você vai ver na telinha. Tudo na tradição do melhor humor britânico.

3. Guardiões da Galáxia (2014): Por que não aproveitar as férias e relaxar com o melhor filme de ação do ano? Pegue uma pipoca e não pense demais enquanto vê uma árvore falante ajudar a salvar a galáxia. 

4. Herói (2002): Sempre é bom rodar um pouco o mundo. Esse filme, inspirado em uma lenda chinesa real e com Jet Li impecável, é ótimo para quem quer “perder tempo” na televisão com algo de conteúdo.

Livros

5) Zero to One (Peter Thiel): Faz tempo que não lia um livro que realmente tem algo diferente a dizer sobre empreendedorismo. Thiel é um dos mais respeitados empreendedores do Vale do Silício. O livro é baseado em um curso de empreendedorismo que deu por lá. O autor criou uma bolsa de estudos que motiva as pessoas a saírem da faculdade para perseguir suas ideias de negócio. Então não espere perder seu tempo com teorias furadas e longas explicações.

6) Scarcity (Mullainathan e Shafir): Quem é familiar com o campo de finanças comportamentais vai reconhecer muita coisa. Ainda assim, a visão dos autores é inovadora. O livro é um estudo sobre a “escassez”, ou como as pessoas se viram quando têm pouco tempo, dinheiro, comida e assim por diante. 

7) 1984 (George Orwell): Porque em ano que teve eleição, impossível não pensar nele.

8)  Busque Dentro de Você (Chade-Meng Tan): Sempre procuro ler uma ou outra coisa diferente, e esse livro foi uma boa surpresa. Apesar de livros de autoajuda me irritarem, esse tem o mérito de tratar a meditação de forma nova e aplicada ao mundo real. Um livro de meditação escrito por um engenheiro pode trazer bons resultados para quem está querendo fazer mudanças pela frente.

Séries

9) Como séries são a nova onda para passar o tempo na frente da TV, porque não assistir a Battlestar Galactica (2004 - 2009) e conhecer aquela que é considerada umas das melhores séries de ficção científica de todos os tempos?

10) Para acompanhar, se você ainda não viu, é hora de conhecer as manobras políticas de Frank Underwood em House of Cards.

11) Finalmente, a série Vikings é uma boa pedida para quem procura por algo diferente ou está com saudades de Game of Thrones.

Conheça a Nova Terceira Idade: um mercado com mais de 20 milhões de brasileiros e de 1 trilhão de reais


Italo Rufino - 10 de dezembro de 2014
Maria Correia, 70, com José Arcas, 76, o namorado com quem ela divide a porção de pastel com Malzebier (foto: Kalinca Maki).
Maria Correia, 70, com José Arcas, 76, o namorado com quem ela divide a porção de pastel com Malzebier (foto: Kalinca Maki).
 
A funcionária pública aposentada Maria Ruiz Correia, 70, é mãe de três filhas e avó de duas netas – a mais jovem tem 19 anos e está prestes a iniciar a faculdade. “Sou uma vovó, mas não me sinto uma velhinha”, diz ela. E não é para se sentir mesmo. Maria considera que começou a curtir a vida para valer após os 50, quando terminou um casamento de quase 20 anos e se aposentou. “Queria viver intensamente”, afirma. Ela mudou de casa e começou a cursar faculdade da terceira idade, onde participou de palestras sobre saúde da mulher e sexualidade. Também realizou um antigo desejo: fazer aulas de canto. Nos últimos anos Maria fez cursos de fotografia, informática, jardinagem e paisagismo. Pelo menos uma fez por ano, faz uma viagem internacional. Já foi a Portugal, França, Itália e Espanha.
“Viajo sozinha e gosto de fazer meus próprios passeios, não dependo de ninguém”
Três vezes por semana, Maria faz musculação e alongamento em uma academia, “ótimas atividades para enrijecer os braços”. Aos finais de semana, se diverte com amigos em bares da Vila Mariana, bairro da zona sul paulistana onde mora. Há cinco meses, passou a dividir o prato predileto – porção de pastel com cerveja Malzbier – com o novo namorado, o aposentado José Arcas, de 76 anos. “Ele é muito romântico e sempre me surpreende com flores e carinhos”, diz ela.

Maria conversou com o Draft durante o Lab+60, um encontro que reuniu cerca de 500 pessoas para colocar em evidência a nova dinâmica social de quem tem mais de 60 anos. Organizado pela agência de marketing digital Garage e pela consultoria corporativa Via Gutenberg, teve patrocínio do Grupo Segurador Banco do Brasil, Mapfre e Plenitud, a marca de fraldas geriátricas da Kimberly Clark.

Selfie não tem idade, mostram os participantes do Lab 60+ (da esq. para a dir.): Maria Correia, Raimundo Moura, José Arcas e Renilda Moura (foto: divulgação).
Selfie dos participantes do Lab 60+ (da esq. para a dir.) Maria Correia, Raimundo Moura, José Arcas e Renilda Moura (foto: divulgação).

Mulheres com blusas estampadas e homens de bermuda e camiseta eram figuras comuns no evento, que teve palestras sobre saúde, atividade física, programas culturais e consumo. Depois das apresentações, um grupo musical embalou o público com uma música que lembrava forró nordestino. Ninguém ficou parado. Foi também a hora de fazerem selfies e mostrarem intimidade com smartphones, apesar da idade. Mas, que idade? Terceira? Melhor? Idade de gente que continua trabalhando, se divertindo e tem agenda cheia. A faixa etária dos 60+ não é mais sinônimo de gente frágil que necessita de cuidados em tempo integral. A lógica é outra.

EM ÚLTIMA INSTÂNCIA, ESTAREMOS TODOS VIVOS

Aumento da renda, maior acesso à saúde, novos tratamento médicos e hábitos de vida saudáveis têm feito os brasileiros viverem mais e melhor. Há pouco o IBGE divulgou que a expectativa de vida no Brasil é de 74,9 anos – um aumento de 12,4 anos em comparação à média em 1980. Hoje, o país tem 20,6 milhões de pessoas com mais de 60 anos (quando o IBGE considera alguém idoso), o que representa 10,8% do total da população. Em 2060, serão 58,4 milhões de idosos – cerca de um quarto da população brasileira.

Roni Ribeiro e Benjamin Rosenthal, da Gagarin. Pesquisa de mercado com pessoas maduras para as empresas desenvolverem e melhorarem produtos.
Roni Ribeiro e Benjamin Rosenthal, da Gagarin, que pesquisa o público maduro para empresas desenvolverem e melhorarem seus produtos (foto: Kalinca Maki).

Um estudo da consultoria paulista de geomarketing Escopo apontou que o consumo entre as pessoas com mais de 50 anos foi de quase 1 trilhão de reais em 2013. Desse montante, 135 bilhões de reais foram gastos em alimentos e bebidas, 64 bilhões em carros, 49 bilhões em artigos de vestuário, 24 bilhões em produtos de higiene e beleza. Ao todo, essa fatia foi responsável por 34% do consumo total da população, e esse número deve crescer para 44% em 2018.

Não é o caso de esperar. Hoje, os mais velhos já são um público consumidor relevante. Conversamos com alguns empreendedores que estão aproveitando esse mercado e criando novos negócios em torno dele.

Roni Ribeiro, 39, e Benjamin Rosenthal, 43, passam o dia conversando com pessoas maduras. Não que eles sejam psicólogos ou médicos geriatras – embora também acumulem conhecimento nessas áreas. São empreendedores e o motivo de tanto bate papo é conhecer seus hábitos sociais e de consumo para ajudar grandes empresas a desenvolverem ou aprimorarem produtos e serviços para os consumidores mais experientes. Eles são fundadores da Gagarin, empresa focada em pesquisa de mercado com pessoas acima de 45 anos e que tem como clientes empresas farmacêuticas, de cosméticos, planos de saúde e do mercado financeiro. Roni conta mais:
“Hoje é comum ver pessoas com 60 anos que trabalham, têm vida social ativa e estão no ápice de seu poder econômico. As empresas estão começando a entender isso”
Os dois sócios acreditam, por exemplo, que em breve o mercado de educação terá mais espaço para este público. Pessoas perto dos 60 anos estão iniciando novas carreiras em áreas que lhe dão prazer, como um engenheiro que começa a estudar filosofia. Por outro lado, também é comum profissionais experientes deixarem o mercado corporativo para empreender. “As universidades terão que olhar esse público com mais atenção”, acredita Rosenthal.

As pesquisas da Gagarin costumam durar de dois a oito meses, o tempo depende do objetivo do cliente: reformular uma embalagem para que seja mais aderente à mão do idoso ou criar um novo serviço de private bank, por exemplo. Para obter informações, a empresa faz entrevistas presenciais (conforme as respostas ficam homogêneas, as informações passam a ser validadas) e conversa com especialistas como médicos geriatras e pesquisadores em antropologia e etnografia.

Ao entregar os resultados aos clientes, Roni e Benjamin costumam esclarecer alguns mitos sobre a terceira idade. Por exemplo, a solidão. É comum achar que os mais velhos se sintam sós e, nesse caso, cuidar dos netos seria uma ocupação gratificante. “Não é bem por aí”, diz Rosenthal.
“Eles querem curtir os netos, mas sem a obrigação de serem responsáveis pela educação”
Na verdade, prossegue ele, muitos idosos querem ter sua própria agenda e não gostam de depender de ninguém – e nem que alguém dependa deles. Por outro lado, os mais velhos de fato se preocupam em deixar uma herança para os familiares. Além disso, pensam em qual será o legado após a morte e, por isso, muitos transferem recursos a entidades ligadas a causas sociais e empreendedoras. “É uma forma de se manterem vivos por meio de seus ideais”, acredita Rosenthal.

SMARTPHONE PARA TODOS

O Instituto de Artes Interativas, também conhecido como iai?, é uma escola de cursos livres focada em tecnologias móveis. Fundado em 2009 pelo engenheiro paulista Lucas Longo, 40, oferece cursos de programação, design e segurança de dados com ênfase em smartphones e tablets. Em 2011, Lucas percebeu que alguns clientes mais velhos procuravam o instituto para aprender funções mais básicas dos aparelhos.

Lucas Longo, do Instituto de Artes Interativas, abriu cursos para tornar smartphones acessíveis aos mais velhos.
Lucas Longo, do Instituto de Artes Interativas, abriu cursos rápidos específicos para ensinar os mais velhos a usarem smartphones iOS e Android (foto: Kalinca Maki).

Muitos ganhavam os dispositivos de filhos ou netos e as dúvidas iam desde como tirar fotos e acessar a internet até como criar arquivos de planilhas. “Os próprios familiares poderiam ensinar”, diz Lucas. “Mas faltava paciência, pois o que é intuitivo para um jovem pode não ser para uma pessoa com mais de 50 anos.” Foi aí que o empreendedor enxergou uma oportunidade de negócio e criou os cursos “iPhone para todos” e “Android para todos”, para quem tem mais de meio século de vida.

Em média, o valor do curso é de 1.200 reais e as aulas são particulares, com duração de quatro horas, em duas sessões. Na primeira etapa, o professor ensina conceitos, como o funcionamento dos serviços em nuvem. Depois, é hora de aprender na prática a configurar e-mail, conversar por chat, tirar fotos e acessar redes sociais. “Uma dúvida bem comum é o que fazer caso esqueça a senha do e-mail”, diz Lucas.

Em 2014, os clientes acima de 50 anos representarão 5% do faturamento da empresa, estimado em 3 milhões de reais. Lucas acredita que essa participação vá crescer, acompanhando a popularização dos smartphones. Segundo a consultoria de tecnologia de informação IDC, em 2013 foram vendidos 35,6 milhões de smartphones no Brasil, colocando o em quarto lugar no ranking mundial. Nos EUA, segundo levantamento da consultoria Forrester Research, os gastos de pessoas entre 50 a 64 anos representaram 40% do mercado de produtos tecnológicos.

Nos últimos anos, algumas empresas desenvolveram aplicativos exclusivos para idosos, como o Pillboxie, que lembra a hora de tomar remédios. E há novidades a caminho, como a rede social Stitch, que visa conectar pessoas com mais de 50 anos para amizades ou relacionamentos amorosos. O site ainda está em fase de testes, disponível apenas para cidades dos EUA e da Austrália.

CURAR PARA FORTALECER, FORTALECER PARA CURAR

O médico ortopedista Benjamin Apter, que não revela a idade, pratica esportes desde a infância. Hoje, seus preferidos são surf e skate. Com 1,70m de altura e 68 quilos, exibe uma condição física invejável a muitos jovens. Benjamin tem um grande estímulo para manter a forma: é fundador da B-Active, a rede paulistana de academias terapêuticas que oferece musculação, pilates e fisioterapia para o público maduro. “Cerca de 80% dos nossos clientes tem mais de 60 anos”, diz.

O B-Active tem o conceito de ser um ambiente mais “médico” do que “fitness”: 80% dos 50 professores são fisioterapeutas que acompanham os alunos em atividades para tratar lesões musculares e nas articulações. “Mas a questão estética também entra em cena, pois muitos clientes querem ter um corpo mais magro e saudável.”
Benjamin Apter, o médico ortopedista que fundou a B-Active, uma academia terapêutica para os público acima de 50.
Benjamin Apter, o médico ortopedista que fundou uma academia terapêutica para o público acima dos 60.

Benjamim decidiu criar a academia quando atendia idosos e atletas em uma clínica de ortopedia. Ele recomendava aos pacientes exercícios de musculação no pós-operatório mas, poucos meses após a alta, eles voltavam ao consultório com as mesmas queixas de antes. Foi quando vislumbrou a oportunidade:
“Percebi que as academias convencionais não estavam preparadas para tratar lesões ortopédicas. Enxerguei um nicho de mercado promissor”
Na mesma época, Benjamin fez pós-graduação no departamento de geriatria da Universidade de São Paulo (USP) para conhecer melhor a fisiologia do idoso. Também fez MBA em economia e marketing, para aprender a gerir uma empresa. Era o início da B-Active, fundada em 2004 com outros dois sócios, os médicos Ari Radu Halpern e Nelson Wolosker.

Os aparelhos da B-Active foram fabricados quase artesanalmente. Os sócios buscaram projetos de equipamentos já testados por grupos médicos em centros de pesquisa de universidades de diversos países. Depois, terceirizavam a fabricação aqui no Brasil. “Começamos com seis equipamentos, hoje temos 60”, conta Benjamin.

As mensalidades variam de acordo com a frequência do aluno, que precisa marcar as aulas com antecedência. O pacote com duas aulas semanais sai por cerca de 350 reais ao mês. A empresa também oferece serviços avulsos, como um programa de massagens para reduzir gordura visceral e localizada. Este ano, a B-Active deve faturar cerca de 6 milhões de reais – um crescimento de 10 %.

No ano passado, a B-Active iniciou a expansão por franquias. Além das unidades próprias, localizadas em Higienópolis e Perdizes, abriu franquias no Ibirapuera, em Moema e no Jardim Anália Franco. Em março de 2015, será a vez de inaugurar uma unidade em Campinas. “O próximo passo será chegar a outras capitais brasileiras”, conta Benjamin. Ou seja, mais “velhinhos” saudáveis e fortes estão por vir. Seu negócio está preparado para recebê-los?

Petrobras não aprova pagamento a trabalhadores da Iesa



 

Estatal e funcionários do estaleiro de Charqueadas vão discutir novo acordo




A diretoria executiva da Petrobras não aprovou o pagamento dos trabalhadores da Iesa Óleo e Gás, de Charqueadas (RS), acertado na última segunda-feira (15) em encontro entre a presidente da estatal, Graça Foster, e políticos e sindicalistas gaúchos.

A proposta de acordo entre a Petrobras e os trabalhadores incluía o pagamento do salário atrasado referente a novembro, verbas rescisórias, cestas básicas e ajuda de custo para os funcionários de fora do Rio Grande do Sul voltarem aos estados de origem. São mais de mil trabalhadores que a Iesa pretende demitir devido à rescisão do contrato de fabricação de módulos de plataformas de petróleo pela Petrobras. Com o recuo da estatal, um novo encontro entre as partes será promovido em busca de um novo acordo. Caso não ocorra um acerto, as dívidas serão cobradas judicialmente. A Petrobras ainda não se manifestou sobre a decisão.

Sul, o campo de provas dos vinhos estrangeiros


Região tem se destacado como local para testes de rótulos que sonham em ganhar o apetite dos brasileiros. A mais nova iniciativa do gênero coube ao administrador de empresas Andre Roso que planeja exportar a bebida de pequenas vinícolas italianas a partir de 2015

Por Marcos Graciani


blog-cepasRaramente o Atelier de Massas, um dos restaurantes mais conhecidos de Porto Alegre, abre aos domingos. Quis o destino que uma das exceções fosse a apresentação para um seleto grupo de consumidores de vinhos que provaram nada menos que mais de duas dezenas de rótulos italianos. A última vez que um fato desses se repetiu foi há praticamente três anos quando o local acomodou a apresentação de uma importadora. Agora, o local, que fica no coração da capital gaúcha, foi palco de uma apresentação conduzida pelo administrador de empresas Andre Roso (na foto, à esquerda, acompanhado do pai em Verona), um amante de vinhos e proprietário da Legno Brasile, uma construtora de São Leopoldo (RS). "Em mais de três décadas lidando com o segmento, nunca vi uma degustação de tão alto nível", opina Gelson Radaelli, artista plástico e um dos sócios do restaurante.



O objetivo de Roso, que tem como projeto comercializar vinhos sob demanda a partir do ano que vem, foi medir a temperatura de consumidores comuns, aqueles mais acostumados a beber vinhos – algo raro de acontecer tendo em vista que vinícolas e importadoras se satisfazem com as avaliações de técnicos. As fichas para os participantes do encontro eram muito simples. O visual pesava até 4 pontos, o aroma até 8 pontos e o gosto até 10 pontos, uma soma de 22 – bem distante do 100, o maior índice de pontos em concursos nacionais e internacionais, por exemplo. Do Paraná para baixo, a iniciativa de Roso é a mais nova proposição do gênero. Em solo catarinense, a importadora Porto Mediterrâneo já costuma fazer ações parecidas na região.



Na apresentação exclusiva de sete horas que Cepas & Cifras participou, a análise final dá conta que todas as amostras são de altíssima qualidade. E o melhor: os preços de mercado tendem a não ser abusivos. Tanto é verdade que o rótulo mais caro deve ser comercializado por algo em torno de R$ 420 – metade do preço cobrado por um grande Barbaresco hoje no Brasil. A Roso Azienda Alimentare deve trabalhar com margens entre 30% e 50%. Roso planeja trazer os vinhos italianos via transporte aéreo – o que deve preservar a qualidade dos rótulos. Em uma segunda fase do projeto o empresário deve apostar nas castas francesas. “Pretendo atender tudo e todos, pois teremos vinhos únicos e preços bons”, garante Roso. “Mas não podemos esquecer que vinho bom não é barato – e sim ´buon mercatto´ como falamos em italiano”, defende.



blog-enzo_bogliettiOs 15 seletos consumidores tiveram a oportunidade de provar 27 rótulos de seis pequenas vinícolas. Roso procurou escolher pequenos empreendimentos familiares que não produzem mais do que 170 mil litros anualmente. “Sono vini fatti a mano”, explicou Roso, que é também cidadão italiano, fazendo referência à produção da bebida feita em pequena escala. Na oportunidade foram apresentados rótulos de Dolcettos, Amarones, Barolos e Barbarescos. Na opinião de Cepas & Cifras, os rótulos mais representativos são os da vinícola Enzo Boglietti (na foto, à esquerda) – especialmente os Barolos 2008 e o 2007 (dos vinhedos Arione e Fossati, respectivamente). Outro que chamou a atenção foi o espumante extra Dry Pinot Grigio, da Benotto Luigino. Outra surpresa foi o assemblage de Cabernet Sauvignon com Cabernet Franc, produzido pela Corte Moschina. O Moscato Bianco, da Marcarini, também vale a pena ser provado. Por fim, o corte de Merlot e Cabernet Sauvignon, da Colli Vicentini, um ITG, também estava muito bom.



Tudo leva a crer que os três estados do sul continuam tendo potencial para se tornarem verdadeiros campos de provas para os vinhos estrangeiros e também os nacionais. Nós, paranaenses, catarinenses e gaúchos só temos a agradecer iniciativas como essas!

Por que a melhor construtora da Bolsa pode dobrar de valor nos próximos anos?



A Eztec mostrou que escolher pela regionalização foi a chave do sucesso

Por Infomoney


21-construtora-da-bolsaA Eztec (foto) tem provado que acertou sua estratégia ao concentrar suas operações na região metropolitana de São Paulo entre as classes média e alta. O resultado surpreende: enquanto o setor atingiu, em média, uma margem líquida com vendas de 8% de 2007 até o terceiro trimestre deste ano, a construtora alcançou uma margem de 35%. A alavancagem (medida por dívida líquida sobre patrimônio líquido) foi de 4% no período contra 74% das concorrentes.

A empresa, que é considerada pelos analistas do setor como a melhor construtora da Bolsa, teve sucesso na sua estratégia de escolher pela regionalização. Hoje, 71% dos seus projetos estão na cidade de São Paulo, 20% na região metropolitana e 1% no litoral. Por conta disso, a Eztec conseguiu ganhar reconhecimento do mercado. Prova disso é que nenhum terreno vai à venda hoje na capital sem passar pela companhia. "Temos sempre a opção de comprar os melhores terrenos", disse Sílvio Zarzur, vice-presidente e diretor de incorporação da Eztec, durante evento realizado na terça-feira (16), quando foi entregue o mais promissor projeto da empresa: a torre A do megaempreendimento comercial EZ Towers, vendida por R$ 564 milhões à São Carlos.

A possibilidade de comprar bons terrenos permite que a companhia mantenha uma satisfatória velocidade de vendas – que ficou em 22,3% no terceiro trimestre – e consiga, principalmente, preservar a rentabilidade. A margem líquida do landback (estoques de terrenos) da companhia é de 40% e dos novos terrenos de 36%. O reflexo disso pode ser observado na Bolsa: atualmente, a ação da Eztec tem o melhor ROE (Retorno sobre Patrimônio Líquido) do setor, de 22,3% (contra média de 5,5%).

Com resultados consistentes nos últimos anos, o papel da companhia acumula ganhos de 1.300% do seu menor patamar atingido em 2008 até hoje, embora neste ano ela acumule queda de 29%, em linha com o desempenho do Imob (Índice que acompanha as ações do setor imobiliário e de shopping centers), que recuou 23% até terça-feira (16). A valorização, contudo, não é um sinal de que o preço potencial já foi alcançado. Embora a Eztec seja negociada em Bolsa R$ 5,44 acima do seu patrimônio líquido (um indicador muito utilizado por analistas de mercado para mensurar se uma ação está "cara"), Emílio Fugazza, diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, afirma que o papel ainda tem grande potencial.

Quando olha-se apenas para o P/L (Preço/Lucro), por exemplo, para medir em quanto tempo demorará para o investidor ter o retorno do seu capital, a primeira leitura pode ser oposta a essa, com o P/L da Eztec em 6,7 vezes, enquanto a média do setor é 4,9 vezes. No entanto, por trás disso há ainda muita oportunidade. A conta é simples: com resultado do backlog (R$ 604 milhões), estoques (R$ 1,3 bilhão) e landback (R$ 5,4 bilhões) – lembrando que esse último ainda deva ter um incremento de mais de R$ 600 milhões até o final deste ano com a compra de mais um ou dois terrenos –, a companhia tem um potencial adicional de R$ 25,90 por ação em relação a seu patrimônio líquido, que pode chegar a R$ 29,30, incluindo a venda da torre B do EZTowers.

Isto é, considerando que R$ 16,65 do valor da ação da empresa corresponde a seu patrimônio líquido, há ainda mais R$ 29,30 de valor adicional que o papel pode alcançar nos próximos anos, chegando a R$ 45,95. Levando em consideração a cotação do fechamento de segunda-feira (15), a ação tem potencial para subir 130%. Além do que já está "na conta", a companhia tem planos robustos pela frente. A conclusão do EZ Towers, localizado no bairro Morumbi, em São Paulo, colocou a incorporadora em um patamar ainda mais alto. O projeto é o mais importante empreendimento da empresa e sua execução deu a eles competência para replicá-lo em novas oportunidades. "São poucas as construtoras que possuem \'expertise\' para construir um prédio desses no Brasil. Estar entre essas poucas nos coloca muito à frente da concorrência", comenta Flávio Ernesto Zarzur, diretor vice-presidente e diretor de incorporação. O próximo grande projeto que a companhia pretende lançar é o "Chucri Zaidan", também no bairro Morumbi, com VGV (Valor Geral de Vendas) entre R$ 800 e R$ 900 milhões e lançamento previsto para início de 2017.