sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Comissária da UE quer regras anticorrupçao com Mercosul

Presidenta Dilma Rousseff durante cerimônia de Abertura da XLVII Cúpula do Mercosul e Estados Associados. (Paraná, Província de Entre Rios - Argentina - 17/12/2014 (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)
Por Assis Moreira | Valor
 
GENEBRA  -  A comissária de comércio da União Europeia (UE), Cecilia Malmström, chamou nesta quinta-feira a corrupção de 'uma doença' e sinalizou que uma das prioridades de Bruxelas na negociação com o Mercosul será a inclusão de regras nas licitações públicas,  que são conhecidas como regras "anticorrupção".

Em sua primeira visita a Genebra, na sexta semana no cargo, a nova negociadora comercial chefe europeia respondeu a vontade sobre o impacto dos escândalos no Brasil na confiança de investidores europeis e da própria Comissao Europeia.

Ela disse que não julgaria 'a natureza' dos escândalos no Brasil, mas que em geral casos de corrupção 'não são bons para a confiança e não só do Brasil, mas de todos". Acrescentou que 'a corrupção não é ruim apenas para a economia. Mas ela também causa dano para a confiança, legitimidade ou na relação dos cidadãos e de outros sobre o país". Para a comissária, corrupção não é apenas uma questão econômica, como também política', daí a prioridade que o governo brasileiro diz estar dando a esse problema. 

Companhias europeias são responsáveis por 45% do Investimento Estrangeiro Direito (IED) no Brasil. Por sua vez, 53% dos investimentos brasileiros no exterior foram destinados a países europeus. A UE é um dos principais parceiros comerciais do Brasil.

Cecilia Malmström reiterou que a UE quer bom acesso ao mercado do Mercosul, e que isso inclui acesso ao mercado de compras governamentais, e portanto para empreiteiras europeias no Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela. A negociação de um acordo birregional, se avançar, deve estabelecer também regras para garantir as transparencias nos contratos.

Existe um Acordo de Compras Governamentais, na Organizaçao Mundial do Comércio (OMC), com participação restrita de países. O Brasil nunca quis aderir a esse que é chamado um do principais instrumentos anticorrupçao no comércio mundial. Mas o país tem negociado no tema de compras governamentais com os europeus.

Para a comissária europeia, e há 'muitas razões' pelo atraso na retomada negociação UE-Mercosul, mas evitou apontar culpados. Ela repetiu a posição europeia de que o mais importante agora é que os países do Mercosul disseram que querem se engajar na negociação do acordo birregional.

Como outras autoridades europeias, a comissária de comércio reiterou que Bruxelas quer se assegurar sobre a dimensão das ofertas de liberalização do Mercosul, ante de 'retomada de reais negociações'. 'Queremos ver se as ofertas tem o mesmo nível de ambição de abertura dos respectivos mercados, para ver se é necessária calibrá-las'', afirmou. 'Precisamos ainda de detalhes de parte do Mercosul, antes de avaliar o que mudou em relação a oferta de 2004', avisou.

A comissária europeia declarou-se otimista sobre a retomada da Rodada Doha, elogiou a reaproximação EUA-Cuba, insistiu que os problemas da Russia atualmente nada tem a ver com o embargo ocidental e sim com falta de reformas que não foram feitas por Moscou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário