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Banco Pine: o valor do mercado do banco está em cerca de R$ 700 milhões
Cynthia Decloedt e Aline Bronzati, do Estadão Conteúdo
São Paulo - O banco Pine
está negociando a venda de seu controle e, de acordo com fontes ouvidas
pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, um acordo já
estaria sendo costurado com o Original, do grupo J&F.
O valor do negócio ainda não foi fechado. Neste momento, as duas
instituições avaliam o impacto das provisões para devedores duvidosos,
as chamadas PDDs, no preço a ser pago pelo ativo. Ao final de setembro, o
saldo estava em R$ 132 milhões.
Pelo preço de fechamento na quarta-feira, 10, de suas ações, de R$ 6, o
valor do mercado do banco está em cerca de R$ 700 milhões. Há pouco
mais de um ano, estava em cerca de R$ 1 bilhão.
Além disso, o montante representa um desconto de quase 50% em relação
ao valor de seu capital social, segundo fontes. No entanto, por se
tratar de venda de controle, de acordo com um profissional, é natural
que seja somado um prêmio ao valor de mercado da instituição.
As provisões são fator decisivo para Pine e Original chegarem a um
consenso sobre o valor do negócio, conforme analistas. O saldo em
setembro era 30,5% inferior ao do mesmo período de 2013, quando estava
em R$ 190 milhões.
No terceiro trimestre, o banco vendeu uma carteira de crédito duvidoso que gerou resultado positivo nos gastos com calotes.
Nela, constavam créditos que ainda não estavam classificados como
inadimplentes e que o banco optou por rebaixar antecipadamente para a
classificação H, a mais baixa na escala de risco do Banco Central.
A venda de tais créditos gerou uma reversão de R$ 35,9 milhões nas
provisões, enquanto o rebaixamento de carteiras elevou em R$ 13,8
milhões as PDDs.
Se não tivesse conseguido vender o crédito podre, o índice de
inadimplência do Pine, considerando os atrasos acima de 90 dias, em
0,3%, estaria em 1%, de acordo com analistas do Grupo Bursátil Mexicano
(GBM).
O diretor de Relações com Investidores do banco, Norberto Zaiet Junior,
disse ontem, durante reunião com analistas e investidores, que a
estratégia não é novidade e que o banco vende carteiras com este perfil
desde 2011.
Considerou, inclusive, a hipótese de o banco seguir vendendo carteiras inadimplentes nos próximos trimestres.
Para um analista, dificilmente o Pine será vendido com tal deságio a
não ser que haja algum evento à frente de provisionamento que ainda não
está evidente no balanço.
Antes do Original, segundo a fonte, o Bradesco chegou a olhar o ativo,
mas declinou. Outros bancos também avaliaram os números do banco,
movimento natural quando há uma oferta na rua.
O banco Original tem fôlego para investir em aquisições. Seu índice de
Basileia, que mede quanto pode emprestar sem comprometer o seu capital
está em 26,5%, muito acima dos 11% exigidos pelo Banco Central.
Com patrimônio líquido de R$ 2 bilhões, conforme dados enviados ao
regulador até junho, sua carteira de crédito totalizou R$ 1,6 bilhão
equivalente a uma alavancagem de 0,8 vez.
Os bancos trabalham, diz o analista de bancos da Austin Ratings, Luiz
Miguel Santacreu com um indicador de 3 vezes o seu patrimônio. O Pine
tem alavancagem de 5 vezes sobre o patrimônio, sem considerar a carteira
de fianças bancárias.
O Original possui alavancagem e rentabilidade baixas, portanto,
precisa ocupar o caixa elevado com a expansão dos ativos e uma das
formas é ampliar a carteira de crédito, explicou ele, em entrevista ao
Broadcast.
No caso do banco Pine, os rumores de venda circulam no mercado, segundo
fontes, há mais de um ano. Conforme antecipou o Broadcast, em outubro, a
própria contratação de Alexandre Aoude, que veio do Itaú BBA, estaria
relacionada a este movimento.
Ele teria ido para o banco com a missão de prepará-lo para um novo controlador e conseguir o melhor preço possível pelo ativo.
A venda do Pine acontece em um contexto semelhante ao do BicBanco para
os chineses. Os bancos médios, conforme uma fonte, estão com problemas
de inadimplência.
Tanto é que o BC tem estado nessas instituições com maior frequência do
que exige a regulação. Como os ajustes implicam em aportes nas
instituições, a venda para outro banco é uma alternativa.
Com patrimônio líquido de R$ 1,3 bilhão, o Pine soma R$ 10,885 bilhões
em ativos. A carteira de crédito estava em R$ 9,8 bilhões. No terceiro
trimestre, o lucro líquido do banco caiu para menos da metade em um ano,
atingindo R$ 19 milhões. Sua Basileia encerrou setembro em 13,8%, acima
dos 11% exigidos pelo BC.
As informações são do jornal O Estado de S.
Paulo.
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