Estimativa é parte do estudo contratado pelo BNDES para nortear o Plano Nacional de Internet das Coisas; levantamento de R$ 17,5 milhões foi revelado nesta terça durante a Futurecom.
As tecnologias da chamada internet das coisas – revolução que vai conectar todos os objetos à nossa volta – poderão gerar entre US$ 50 bilhões e US$ 200 bilhões por ano para o Brasil, em 2025. A estimativa, que está no estudo contratado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para embasar o Plano Nacional de Internet das Coisas, foi apresentada na Futurecom, principal evento de telecomunicações da América Latina, realizado em São Paulo.
Feito por um consórcio formado pela consultoria McKinsey, o escritório Pereira Neto Macedo Advogados e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), o estudo teve custo de R$ 17,5 milhões e foi desenvolvido ao longo de dez meses. Ele definiu 76 ações, entre iniciativas de fomento à inovação e mudanças regulatórias, em quatro áreas prioritárias para o Brasil: saúde, cidades inteligentes, indústria e agronegócio.
A expectativa era de que o Plano Nacional de Internet das Coisas, que vai definir os objetivos do governo na área, também fosse anunciado ontem, mas isso não aconteceu. De acordo com Maximiliano Martinhão, secretário de Política de Informática do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), o governo vai divulgar a versão final do plano, com metas e previsão de orçamento, até o final do ano, em forma de decreto.
Em entrevista ao Estado, Martinhão disse que o Plano vai trazer metas que podem ser realizadas até o fim do governo Temer, e prever iniciativas para a gestão seguinte. Uma das prioridades, diz o secretário, será a criação de polos de inovação, formados com o apoio de institutos de pesquisa de referência na área, como o Centro de Estudos e Sistemas Avançado do Recife (Cesar), o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (CPqD) e o Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI), da Universidade de São Paulo. “Vamos colocar as ações prioritárias dentro do orçamento existente”, diz Martinhão, “em áreas nas quais consideramos que há uma oportunidade única para o Brasil.”
Segundo Carlos da Costa, diretor de planejamento do BNDES, o volume de aportes a ser feito pela instituição para viabilizar o plano ainda não foi definido, mas o banco possui os recursos necessários, mesmo no cenário de crise fiscal atual. Ontem, o banco anunciou um acordo de cooperação técnica com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para apoiar startups focadas em desenvolvimento de tecnologias de internet das coisas. “Queremos ser exportadores de soluções para o setor rural”, afirmou Costa.
O estudo foi bem recebido pelos analistas presentes no evento. “A definição das áreas prioritárias está em linha com as possibilidades do Brasil”, destacou Marcia Ogawa, da consultoria Deloitte no Brasil.
Para Mário Lemos, líder de internet das coisas da
consultoria Accenture, agronegócio e indústria têm potencial para andar
sozinhas, com aportes de empresas. “Cidades inteligentes, porém, vão
depender de aportes governamentais”, diz.
Irrigando o campo ‘à distância’
O
instituto Cesar, do Recife, apresentou na Futurecom um monitor de
irrigação como um dos principais exemplos de aplicação de internet das
coisas na agricultura.
Desenvolvido para monitorar a irrigação em grandes plantações, o dispositivo opera por meio de tecnologias sem fio, como redes 3G/4G e rádio, e envia informações sobre a irrigação para um centro de dados, e, depois, para um painel de controle acessível via internet. Além disso, é possível acionar o equipamento à distância.
Segundo os pesquisadores, os sistemas tradicionais de irrigação não fornecem todo o potencial de produtividade, pois é difícil monitorar a quantidade de água usada e detectar falhas é complexo e caro. Com o uso do novo sistema, a expectativa é de multiplicar a produtividade do agronegócio em quatro vezes.
Trator se conecta à internet
Em parceria com a
Usina São Martinho, de Pradópolis (SP), e com apoio do BNDES, o CPqD
instalou sensores em máquinas agrícolas, que enviam dados sobre posição e
desempenho dos equipamentos via rádio em frequência de 250 MHz para as
estações instaladas nas torres da fábrica.
Todos os dados sobre
equipamentos como tratores e caminhões são enviados para uma plataforma
que pode ser acessada por meio de dispositivos móveis.
“O projeto
atual começou em 2016. No primeiro ano, desenvolvemos os equipamentos e
agora no segundo estamos corrigindo e melhorando os produtos”, disse
Rafael Moreno, diretor de sistemas sem fio do CPqD.
Por enquanto, 20
terminais foram instalados na usina. Até o fim do ano, o total de
unidades deve chegar a 108
(O Estado de S.Paulo, 4/10/17)
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