segunda-feira, 30 de outubro de 2017

O plano anticrise da Le Postiche


Tradicional varejista de malas e acessórios reestrutura sua operação, profissionaliza a gestão e fecha novas parcerias. Tudo para voltar a crescer

Crédito: Gabriel Reis
Padula, presidente: “Não foi apenas a turbulência econômica que derrubou a Le Postiche, mas equívocos na gestão. Afinal, a Renner não viu crise” (Crédito: Gabriel Reis)
Por quase quatro décadas, a rede varejista Le Postiche dominou com desenvoltura o segmento de malas e acessórios no País. Fundada na década de 1970 pelo empresário Álvaro Restaino, até então o maior fabricante de perucas do Brasil, a rede cresceu a passos largos sob uma gestão puramente familiar – as filhas Alessandra e Fabiana compartilhavam com o pai o comando da companhia. Em 2013, a rede chegou à marca de 260 lojas, sendo 80 delas próprias, e quase R$ 600 milhões de faturamento. Mas os tempos de bonança passaram. Entre 2014 e 2016, afetada pela recessão econômica e “erros de gestão”, a vendas despencaram 14% ao ano, em média. Em três anos, 24 lojas fecharam. “Esse foi o período mais difícil da história da empresa”, disse à DINHEIRO o presidente Carlos Padula, recrutado em fevereiro pelo fundador com a missão de reestruturar o negócio.
Viajar é preciso: o contrato de exclusividade com a japonesa Echolac é a grande aposta para aumentar as vendas (Crédito:Divulgação)
O executivo havia passado por marcas como Hope e Puket, além do grupo Scalina, dona da Trifil e Scala. “Identificamos que não foi apenas a turbulência econômica que derrubou a Le Postiche, mas alguns equívocos na gestão. Afinal, nesse mesmo período, a Renner não viu crise.” Os erros aos quais Padula se refere eram a pouca integração entre os vários setores da empresa, os elevados custos com logística e a manutenção de despesas que poderiam ser cortadas. “Quando o mercado está em alta, as empresas podem se dar ao luxo de flexibilizar alguns cortes de custos, mas em tempos de crise cada real faz diferença”, afirmou o executivo.

O pilar da reestruturação da Le Postiche, articulada por Padula, foi a parceria com japonesa Echolac, do grupo Mitsubishi. A marca é a maior fabricante de malas da Ásia e a segunda no mundo, atrás apenas da americana Samsonite. “Pelos próximos cinco anos seremos representantes exclusivos da Echolac, algo que irá turbinar todas as nossas unidades”, garante Padula. O preço médio de um jogo de malas da Echolac é de R$ 1,6 mil. A Samsonite cobra de R$ 3,5 mil e R$ 4 mil pelo mesmo kit.

Pelos cálculos do executivo, a incorporação da grife nipônica ao portfólio deverá gerar R$ 10 milhões em vendas, além de ampliar a exposição de outros 600 modelos de produtos – sendo 30% com a marca própria – expostos nas lojas. Neste ano, as receitas devem fechar com crescimento entre 5% e 7% sobre os R$ 448 milhões de 2016. Para o ano que vem, espera-se um avanço de 12%. “Fizemos novas parcerias, reduzimos nossos custos sem 10% e intensificamos a divulgação da nossa garantia vitalícia. Tudo isso nos colocou nos trilhos”, afirmou. Hoje a empresa mantém 700 funcionários.

A reação da Le Postiche terá a seu favor a tradição da marca, segundo o Juarez Nunes, especialista em varejo. “A Le Postiche é uma bandeira top of mind em seu segmento, além de ter uma rede de lojas altamente capilarizada”, afirma. “Essas duas características darão a empresa um maior poder e fogo em sua estratégia de recuperação das vendas nos próximos anos.”

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