Tradicional varejista de malas e acessórios reestrutura sua operação, profissionaliza a gestão e fecha novas parcerias. Tudo para voltar a crescer
Por quase quatro décadas, a rede varejista Le Postiche
dominou com desenvoltura o segmento de malas e acessórios no País.
Fundada na década de 1970 pelo empresário Álvaro Restaino, até então o
maior fabricante de perucas do Brasil, a rede cresceu a passos largos
sob uma gestão puramente familiar – as filhas Alessandra e Fabiana
compartilhavam com o pai o comando da companhia. Em 2013, a rede chegou à
marca de 260 lojas, sendo 80 delas próprias, e quase R$ 600 milhões de
faturamento. Mas os tempos de bonança passaram. Entre 2014 e 2016,
afetada pela recessão econômica e “erros de gestão”, a vendas
despencaram 14% ao ano, em média. Em três anos, 24 lojas fecharam. “Esse
foi o período mais difícil da história da empresa”, disse à DINHEIRO o
presidente Carlos Padula, recrutado em fevereiro pelo fundador com a
missão de reestruturar o negócio.
O executivo havia passado por marcas como Hope e Puket, além do grupo
Scalina, dona da Trifil e Scala. “Identificamos que não foi apenas a
turbulência econômica que derrubou a Le Postiche, mas alguns equívocos
na gestão. Afinal, nesse mesmo período, a Renner não viu crise.” Os
erros aos quais Padula se refere eram a pouca integração entre os vários
setores da empresa, os elevados custos com logística e a manutenção de
despesas que poderiam ser cortadas. “Quando o mercado está em alta, as
empresas podem se dar ao luxo de flexibilizar alguns cortes de custos,
mas em tempos de crise cada real faz diferença”, afirmou o executivo.
O pilar da reestruturação da Le Postiche, articulada por Padula, foi a
parceria com japonesa Echolac, do grupo Mitsubishi. A marca é a maior
fabricante de malas da Ásia e a segunda no mundo, atrás apenas da
americana Samsonite. “Pelos próximos cinco anos seremos representantes
exclusivos da Echolac, algo que irá turbinar todas as nossas unidades”,
garante Padula. O preço médio de um jogo de malas da Echolac é de R$ 1,6
mil. A Samsonite cobra de R$ 3,5 mil e R$ 4 mil pelo mesmo kit.
Pelos cálculos do executivo, a incorporação da grife nipônica
ao portfólio deverá gerar R$ 10 milhões em vendas, além de ampliar a
exposição de outros 600 modelos de produtos – sendo 30% com a marca
própria – expostos nas lojas. Neste ano, as receitas devem
fechar com crescimento entre 5% e 7% sobre os R$ 448 milhões de 2016.
Para o ano que vem, espera-se um avanço de 12%. “Fizemos novas
parcerias, reduzimos nossos custos sem 10% e intensificamos a divulgação
da nossa garantia vitalícia. Tudo isso nos colocou nos trilhos”,
afirmou. Hoje a empresa mantém 700 funcionários.
A reação da Le Postiche terá a seu favor a tradição da marca, segundo
o Juarez Nunes, especialista em varejo. “A Le Postiche é uma bandeira
top of mind em seu segmento, além de ter uma rede de lojas altamente
capilarizada”, afirma. “Essas duas características darão a empresa um
maior poder e fogo em sua estratégia de recuperação das vendas nos
próximos anos.”
https://www.istoedinheiro.com.br/o-plano-anticrise-da-le-postiche/
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