O Banco do Brasil está reduzindo o atendimento ao varejo em mercados
como França e Portugal, passando a priorizar o atendimento a grandes
empresas, dentro da estratégia de enfatizar operações mais rentáveis,
disseram executivos do banco nesta quarta-feira.
Após ter desativado nos últimos meses escritórios em mercados como
Venezuela, Uruguai, Seul e Hong Kong, o BB está fechando agências
físicas em Portugal, maior operação de varejo na Europa, onde as
unidades de Lisboa e do Porto atendiam somadas cerca de 8 mil
correntistas, e em Paris.
Parte do time de cerca de 800 funcionários do banco hoje envolvidos
no atendimento ao varejo no exterior será direcionado para assessorar
grandes empresas e clientes estrangeiros interessados em projetos de
infraestrutura no Brasil.
A maioria das 19 regiões onde o banco tem escritórios está sendo
avaliada e algumas podem ser fechadas nos próximos meses. As operações
de varejo do banco em Miami, nos Estados Unidos, e do Japão, serão
preservadas. No país asiático, entretanto, o número de unidades do banco
foi reduzida de sete para três.
“Só vamos manter agências onde pudermos ter alguma escala e sermos
rentáveis”, disse à Reuters o vice-presidente de negócios de atacado do
BB, Maurício Maurano.
Clientes de regiões onde o atendimento ao varejo está sendo
desativado, como em Portugal e na França, serão encaminhados pelo BB a
outros bancos parceiros, disse o executivo.
Em alguns mercados, o BB manterá escritórios de negócios com foco no
atendimento a grandes empresas, especialmente filiais de companhias
brasileiras no exterior. Além disso, o banco manterá parte da equipe
atendendo clientes private, disse o diretor de Corporate Bank, Márcio
Moral. Na Europa, por exemplo, esse atendimento será feito a partir de
Lisboa.
Unidades de varejo fora da estrutura orgânica do banco, como o BB
Americas, em Miami, e o argentino Banco Patagonia, manterão suas
operações normalmente, disse Maurano.
O movimento marca uma virada na campanha de internacionalização
implementada em 2010, quando o BB comprou o Patagonia e uma operação nos
Estados Unidos. O BB chegou a negociar parceria com Bradesco e o Banco
Espírito Santo (BES) para montar uma operação na África.
Mais recentemente, precisando melhorar a rentabilidade para
organicamente fortalecer seus níveis de capital, o banco tem tomado
medidas agudas para reduzir de tamanho e cortar custos.
Sob comando do presidente-executivo, Paulo Caffarelli, o banco
anunciou no final de 2016 plano de fechar ou reduzir cerca de 800
agências no país e um programa de demissão voluntária de aproximadamente
10 mil funcionários, o que já foi concluído.
Segundo Maurano, o redimensionamento das operações no exterior
obedece a mesma diretriz de aumento da eficiência. Além disso, ele
afirmou que o custo regulatório da atividade bancária cresceu muito nos
últimos anos de forma global.
“Para nós, o custo de manter 200 ou 10 mil contas é o mesmo; então só
vamos ficar onde tivermos condições de sermos minimamente
competitivos”, disse Maurano .
(Reuters, 4/10/17)
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