Estratégia da marca é voltar com lojas físicas de rua (Crédito: Renato Pizzutto)
A Polishop pretende começar a explorar o modelo de franquias de lojas físicas de rua a partir do final de abril. Em meio a uma crise financeira e problemas com credores, a companhia está de olho em cidades médias e grandes para ampliar a sua presença no país e se reerguer.
A necessidade, de acordo com o CEO da empresa, João Appolinário, em entrevista à IstoÉ Dinheiro, veio depois da Polishop sofrer com o fechamento de lojas de shopping após os aluguéis dispararem após a pandemia. O número de lojas da marca encolheu para 120, menos do que a rede tinha há três anos.
“Isso já estava dentro de uma reestruturação da empresa e agora vamos colocar a primeira franquia na rua. Isso vai ser muito importante pra gente aumentar a nossa capilaridade”, afirmou.
Empresa busca acordos extrajudiciais com credores
A companhia vem passando por dificuldades desde a pandemia. As lojas em shoppings, todas em modelo próprio, chegaram a somar 250 no final de 2021. Hoje esse número é de 120. A justificativa para isso foram os alugueis em shoppings, que subiram mais de 60% nos últimos anos, de acordo com Apolinário.
Em razão da crise, a empresa anunciou que vai procurar realizar acordos extrajudiciais com credores como parte do plano de reestruturação da companhia. Em nota, a Polishop aponta que os planos são “abrir espaço com os credores de forma colaborativa”.
A empresa afirma que os acordos não vão alterar os planos do lançamento da primeira franquia ainda em abril.
O varejo brasileiro viu nos últimos anos diversas empresas apelando para as recuperações judiciais para renegociar suas dívidas, como as redes Americanas e Dia. No caso da Polishop, o próprio Appolinário afirma ter feito um aporte pessoal de R$ 50 milhões desde a pandemia de Covid-19 para fazer a empresa pagar às instituições financeiras e fornecedores.
Qual é a estratégia para as franquias
Pioneira na venda de produtos por telefone e pela TV, a empresa vai focar a sua estratégia em franquias de lojas físicas de rua em cidades grandes e médias pelo país. A expectativa é de lançar 23 lojas em 2024, ter 102 franquias em 2025, 182 em 2026, 266 em 2027 e alcançar 314 lojas em funcionamento até o final de 2028. O cliente vai poder ver e levar o produto na hora.
As franquias têm taxa no valor de R$90 mil, com área mínima de 80m² e máxima de 200m². Além disso, o franqueado deve ter R$ 80 mil de capital de giro e mais R$ 80 mil para a montagem da loja. Nas contas da empresa, o franqueado vai precisar desembolsar R$ 250 mil para ter a loja funcionando. A ideia é lançar as lojas em cidades médias e grandes pelo Brasil.
Apesar de sempre apostar também nas vendas por telefone e internet, Appolinário entende que o consumidor tem a necessidade de tocar e interagir com um produto que ele nunca tenha visto ao vivo. “No ponto de venda dá para saber se aquilo que nós estamos anunciando de fato é verdade, se aquele produto vai atender às suas necessidades”, explica.
Apesar de ser novidade na Polishop, o empresário tem experiência no franqueamento de negócios. Um exemplo é a Decor Colors, que Appolinário se tornou sócio em uma episódio do Shark Thank Brasil, em 2021. A rede de lojas especializadas em tinta já conta com mais de 500 lojas e foi a franquia que mais cresceu em 2023.
Atuação como tubarão em reality show
Há oito edições como um dos tubarões da edição brasileira de “Shark Thank”, Apolinário já participou de mais de 50 empreendimentos como sócio. Nem todos deram certo e alguns deles nem mesmo saíram do papel. O empresário afirma que gosta de falar sobre o empreendedorismo na vida real e não nos palcos ou nas redes sociais.
“Ali tem um aprendizado na vida real, não é discurso de palco. É um reality show e não um game. É aquilo que o Instagram e o Facebook não mostram. A gente quer falar um pouco de dificuldades, problemas e as soluções encontradas pelos empreendedores”, completa.
Apesar da empresa passar por uma tempestade, o empresário enxerga o futuro do varejo brasileiro de forma positiva.
“O
varejo acaba sendo o para-choque da economia. É o primeiro a sentir o
baque e o último a se recuperar. Mas com a queda na Selic acredito que o
varejo deve se recuperar em 2024 e 2025”, acredita.
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