terça-feira, 9 de julho de 2013

Espionagem põe sob tensão negociações de livre comércio EUA-UE


 
 
 
As negociações entre EUA e a União Europeia (UE) em busca de um acordo de livre comércio prosseguem nesta terça-feira em Washington em um clima de tensão após as revelações de espionagem norte-americana. 
 
O representante do Comércio Exterior norte-americano, Michael Froman, e o chefe negociador europeu, Ignacio García Bercero, lideram esta rodada de discussões sobre uma das principais zonas de livre comércio do mundo, com 820 milhões de habitantes. 
 
O processo está cambaleante depois de ser revelada a espionagem norte-americana a seus sócios da UE; Paris ameaçou suspender as discussões antes da solução sugerida pela Alemanha, de lançar as conversações e exigir, ao mesmo tempo, esclarecimentos de Washington. 
 
"Os governos da UE poderão se opor um pouco aos EUA, mas isso não terá efeito a longo prazo sobre o acordo", estima Joshua Meltzer, da Brookings Institution de Washington.Gary Hufbauer, pesquisador do Peterson Institute, prevê fortes atritos em matéria de transferência de dados pessoais e particularmente bancários.As barreiras alfandegárias não são um problema: já são frágeis de ambos os lados, abaixo de 3% em média e sua eliminação é quase um consenso, apesar de alguns setores continuarem sendo protegidos (nos EUA as tarifas sobre o calçado possam atingir 50%, por exemplo).
 
As negociações devem se concentrar então nas regulamentações e normas que os produtos devem cumprir para que sua venda seja autorizada."Isso poderia marcar verdadeiramente uma diferença. É muito caro para uma empresa se adequar às regras exigidas por outros países e isto pode frear o comércio", considerou Hufbauer. 
 
A UE não renunciará facilmente a suas normas fitossanitárias e ao princípio de precaução invocado, por exemplo, para justificar a proibição de produção e consumo de produtos agrícolas norte-americanos geneticamente modificados.
 
Os EUA poderiam, por sua vez, valer-se de leis como as chamadas "Small Business Act" para pequenas empresas, ou "Buy American Act", que promove as compras de produtos norte-americanos, para reservar certos mercados públicos como prioritários para as empresas norte-americanas de pequeno porte.Com um acordo, os norte-americanos poderiam reduzir seu déficit comercial: em 2012 importaram US$ 380,8 bilhões de bens provenientes da Europa e exportaram muito menos, US$ 265,1 bilhões.
 
Contudo, recuperam terreno se for considerada a venda de serviços, em  particular financeiros e de informática.Para a UE o que está em jogo é ainda mais importante: uma possibilidade de combater a recessão que atinge a zona do euro há 18 meses e se beneficiar do moderado crescimento de seu sócio do outro lado do Atlântico.
  Fonte: redação com agências


 

Venezuela assume presidência temporária do Mercosul; Paraguai volta ao bloco em agosto


 
 
O ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Luis Almagro (foto), disse nesta terça-feira (9/7) que a  Venezuela assumirá a presidência pro tempore (temporária) do Mercosul, no próximo dia 12, e apenas em agosto o Paraguai retornará ao bloco regional.

Atualmente, a presidência do grupo está com o Uruguai. Na sexta-feira (12), os presidentes Dilma Rousseff, Cristina Kirchner (Argentina), José Pepe Mujica (Uruguai) e Nicolás Maduro (Venezuela) participarão da Cúpula do Mercosul em Montevidéu (Uruguai) para discutir os temas.

“O Paraguai está suspenso, portanto, seguirá a presidência pro tempore para a Venezuela, em ordem alfabética, é um dado da realidade, sem prejuízos, considerando as sensibilidades, o caminho a seguir é este”, disse o chanceler uruguaio em entrevista coletiva concedida ao lado do ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota. 
 
As autoridades paraguaias reivindicavam o direito de assumir o comando temporário do Mercosul. Mas o Paraguai está suspenso do bloco desde junho de 2012 em decorrência de decisão tomada pelos líderes regionais que discordaram da forma como foi conduzido o processo de impeachment do então presidente Fernando Lugo.  
 
Almagro reiterou que o fim da suspensão do Paraguai do Mercosul está condicionada à cerimônia de posse do presidente eleito, Horacio Cartes, em 15 de agosto. “O fim da suspensão tem de esperar o 15 de agosto”, ressaltou, em resposta ao apelo dos paraguaios para antecipar a reintegração para julho. 
 
O chanceler uruguaio assinou dois acordos bilaterais com Patriota durante a visita a Brasília. Um documento visa a agilizar a concessão de autorização de vistos e residência para brasileiros interessados em viver no Uruguai e de uruguaios que querem morar no Brasil. O outro acordo é sobre a desburocratização, facilitando o reconhecimento de documentos entre países.  
 
De 2003 a 2012, o comércio entre Uruguai e Brasil quadriplicou, passando de US$ 943 milhões para mais de US$ 4 bilhões. O Brasil é o principal sócio comercial do Uruguai e o principal mercado para os produtos uruguaios. O Uruguai é o 2º investidor no Brasil entre os países da América do Sul. Os investimentos brasileiros no Uruguai estão em setores, como agroexportação, frigoríficos, energia, alimentos e bebidas, finanças, construção civil, produtos químicos, mineração e siderurgia.
 
  Fonte: AGência Brasil

Micros e pequenos importadores mostram como sobrevivem à alta do dólar



 
 
Com o dólar em alta, os micro e pequenos importadores - que compram produtos em dólar e revendem em real - têm pela frente o desafio de manter a clientela sem reduzir a margem de lucro e prejudicar as finanças do negócio.

A equação parece difícil de ser resolvida, mas segundo Carlos Alberto dos Santos (foto), diretor-técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae ), é possível vencer a alta do dólar sem trazer grandes danos ao negócio.

Primeiramente, destaca o consultor, o empresário precisa avaliar se houve impacto no estoque da empresa, pois é possível que o produto adquirido não tenha sofrido tanto com o câmbio. Em segundo lugar, orçamentos de longo prazo devem ser evitados.

E na hora de fazer novos pedidos, vale considerar a troca de insumos estrangeiros por versões nacionais, cotadas em real. "O ideal é buscar no mercado interno produtos que possam substituir aqueles usualmente adquiridos", aconselha Joseph Couri, presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi).

Mas se a empresa é 100% importadora e não tem espaço para artigos brasileiros, negociar desconto e prazo de pagamento com fornecedores é uma 
saída para não repassar um alto reajuste ao consumidor, segundo Santos, do Sebrae.

Prejudicado pela alta do dólar ao negociar produtos com a cotação do mês passado, Wilson Ribeiro, de 47 anos, dono da JUK Industrial, importadora de peças, criou uma estratégia para não perder mais dinheiro: passou a vender em dólar e só manter o orçamento aos clientes durante dois dias. Ou seja, aboliu a negociação antecipada.

"Se o consumidor não aceita comprar o produto na moeda americana, eu jogo o valor lá para cima para reduzir meu risco. Também parei de fazer orçamento e concretizar o negócio depois de semanas. Com o dólar variando desta forma, o preço muda de um dia para o outro", explica o empresário.

Quando o empreendedor está prestes a comprometer as finanças do negócio, como ocorreu com Ribeiro, a solução é abrir o jogo com o consumidor, alerta Simone Oliveira, presidente da consultoria America Expert. "O cliente quer um parceiro no negócio, não simplesmente um fornecedor. Se o preço teve que ser reajustado, o empreendedor precisa deixar isso claro.

"Foi o que fez o empresário do ramo de vinhos Orlando Pinto Rodrigues Júnior, de 51 anos, dono da Premium Importação e Exportação. Surpreso com a valorização da moeda americana, ele não só negociou preços e prazos com os fornecedores, como decidiu manter o diálogo aberto com os clientes explicando o porquê do reajuste de 6% a 10%.

"Tivemos de repassar um pouco do aumento aos consumidores porque tenho vários contêineres chegando já com os novos preços. Não posso mcomprometer minha empresa por causa do descontrole da economia", diz o empresário.

De acordo com Carlos Eduardo Furlanetti, professor do Programa de Administração do Varejo da Fundação Instituto de Administração (FIA), as micro e pequenas empresas são mais suscetíveis à variação cambial porque possuem menos capital de giro para cobrir possíveis imprevistos.

Por este motivo, os pequenos importadores devem priorizar produtos menos expostos à concorrência. "A venda de commodities, por exemplo, está muito ligada ao preço. Perfumes importados, contudo, não estão tão sujeitos à variação cambial porque o consumidor, na maioria das vezes, está disposto a pagar um preço mais caro por eles", explica o professor.

Para os que temem mais uma decolada do dólar, uma boa notícia: a alta deve cessar neste segundo semestre, segundo os especialistas ouvidos pelo iG. "A tendência é que o dólar caia conforme a melhora da economia dos EUA. No entanto, o empresário precisa sempre acompanhar o noticiário nacional e internacional para estar preparado para mudanças no setor financeiro", adverte Furlanetti.

Veja dicas para lidar com a alta do dólar:
  • - Evite acumular estoque
  • - Avalie a venda de insumos nacionais
  • - Priorize produtos com baixa concorrência no mercado
  • - Acompanhe o noticiário nacional e internacional
  • - Negocie prazos de pagamento e valores com fornecedores
  • - Reajuste preços e seja transparente com os consumidores
  • - Reduza a margem de lucro sem prejudicar as finanças do negócio
  • - Em último caso, faça um hedge cambial (proteção contra oscilação monetária)

Fonte: Brasil Econômico

13 empresas que também podem sofrer com a crise de Eike

Quem são os parceiros, fornecedores e clientes que também sentiriam os efeitos dos problemas que sufocam o empresário


, de MONTEIRO
O empresário Eike Batista, dono do Grupo EBX
Eike Batista: queda do empresário atrapalharia planos de muitos parceiros

São Paulo – Grandes grupos não operam no vácuo. Ao seu redor, forma-se um verdadeiro ecossistema de fornecedores, clientes, investidores e outros parceiros de negócio. A EBX, holding de Eike Batista, não é exceção, pois do sucesso de suas empresas depende também os planos de inúmeras companhias.

Por isso, a crise que atinge os negócios de Eike coloca em risco os projetos de parceiros do porte de uma Petrobras e de uma Anglo American, por exemplo. Veja, a seguir, algumas companhias que podem ser prejudicadas pelos problemas do empresário:

NKTF
A NKTF, uma das maiores fabricantes mundiais de tubos flexíveis para a indústria do petróleo, alugou, em 2011, uma área no porto de Açu, em construção pela LLX, para construir uma fábrica. O início da operação está previsto para este ano. O principal cliente da NKTF é a Petrobras, com quem assinou um contrato para fornecer até 694 quilômetros de tubos, avaliados em 1,86 bilhão de dólares. A LLX espera receber cerca de 8 milhões de reais da NKTF por ano, entre taxas portuárias e o aluguel da área. O contrato é de 20 anos, renováveis pelo mesmo prazo.

Intermoor
Também em 2011, a LLX alugou uma área de 52.300 metros quadrados para a americana Intermoor, uma prestadora de serviços para o setor de óleo e gás, no Porto de Açu. No local, a empresa pretende erguer uma base de operações para atender clientes como Petrobras, Shell e OGX. As operações da Intermoor estavam previstas para começar em 2013, e a LLX projeta uma receita anual de 3,6 milhões de reais com o contrato, entre tarifas portuárias e o aluguel da área. O contato é de 20 anos, renováveis pelo mesmo prazo.

Technip
A empresa francesa Technip assinou, em 2011, o maior contrato de locação no Porto de Açu, em construção pela LLX. Entre tarifas portuárias e aluguel, LLX estima receber 22 milhões de reais por ano. Especializada em projeto e construção de instalações de óleo e gás, a Technip fechou um acordo de 25 anos, renováveis por mais 25.

Wärtsilä
Um dos contratos mais recentes assinados pela LLX foi com a finlandesa Wärtsilä, que produz motores para navios e termelétricas. Fechado em março deste ano, o contrato de 30 anos, renováveis, prevê o investimento de 20 milhões de euros pela empresa para construir uma fábrica no Porto de Açu.

General Electric
Uma das gigantes do capitalismo global, a General Electric (GE) também assinou contrato para se instalar no Porto de Açu. Com 30 anos de validade, renováveis, o acordo prevê a construção de uma fábrica da GE com foco nas áreas de óleo e gás e geração de energia. Segundo a LLX, o contrato foi assinado em 2012, mas só começa a vigorar em 2014.

V&M
No fim do ano passado, a francesa V&M, que pertence ao grupo Vallourec, fechou um acordo de 20 anos, renováveis, para construir uma fábrica no Porto de Açu, em construção pela LLX. A unidade vai armazenar e fornecer tubos para o setor de óleo e gás.

Anglo American
A partir de julho de 2014, deve começar a valer um contrato assinado entre a mineradora Anglo American e a LLX. Com prazo de 25 anos, renováveis, o acordo prevê o escoamento de até 26,5 milhões de toneladas por ano de minério, o que geraria uma receita de 190 milhões de dólares para a empresa de Eike Batista.

Asco
Em fevereiro, a LLX assinou um contrato com a Asco, uma das maiores empresas do mundo para prestação de serviços de logísticas para o setor de óleo e gás. O objetivo, segundo a empresa de Eike, é oferecer às companhias que se instalem no Porto de Açu um parceiro capaz de auxiliar quem se instalar no polo petrolífero que a LLX pretende montar ao redor do Açu.
 

3 novidades que vão dar o que falar do "Mais Médicos"


Governo apresentou hoje parceria entre Ministério da Educação e da Saúde para investimentos em saúde no Brasil, sem recuar em "importação" de estrangeiros

Getty Images
Médicos e paciente em uma sala de operação
Saúde: governo promete mais vagas em faculdades, mais residências e mais hospitais, mas não recua em "importação" de estrangeiros

São Paulo – O governo anunciou hoje o projeto “Mais Médicos para o Brasil Mais Saúde para Você”, com propostas para a Saúde no Brasil. Através de uma parceria entre o Ministério da Educação e da Saúde, o palácio do Planalto anuncia a criação de mais vagas nas faculdades de medicina, mais instituições de ensino e mais hospitais no país, especialmente em regiões onde há escassez de médicos por mil habitantes. 

Entre as novidades, os ministros Aloizio Mercadante, da Educação, e Alexandre Padilha, da Saúde, anunciaram a criação de 12 mil vagas de residência, cinco novos hospitais universitários até 2018 e um investimento de R$ 2,7 bilhões para a construção de seis mil novas unidades de saúde básica. 

Nos discursos, os ministros reiteraram que o Brasil precisa de mais médicos, e precisa de uma distribuição mais “equilibrada” entre municípios. Segundo Padilha, há no país pelo menos 700 municípios que não têm sequer um médico atuando.

Dentre as propostas do projeto, três se destacam e acabam sendo pontos mais polêmicos. Confira:

Médicos estrangeiros

A proposta de parceria para “importação” de médicos estrangeiros, a mais polêmica do projeto e amplamente criticada pela comunidade médica brasileira, permanece. Entretanto, Alexandre Padilha reiterou que as 10 mil vagas criadas em periferias e regiões como Norte e Nordeste do Brasil serão prioritariamente preenchidas por brasileiros.

Para os médicos dispostos a atuar em áreas mais necessitadas, o Ministério da Saúde vai oferecer salários de R$ 10 mil mensais, além de auxílio deslocamento que pode variar de R$ 10 mil a R$ 30 mil. 

Segundo o ministro da Saúde, após a chamada por médicos brasileiros, apenas se não forem preenchidas as dez mil vagas o Ministério vai buscar profissionais estrangeiros. Esses médicos terão necessariamente de ter uma habilitação para exercício da medicina em seu país de origem, conhecimento da língua portuguesa e ser proveniente de um país com mais médicos por mil habitantes que o Brasil.

“Nós não temos preconceitos. Às vezes se tenta fazer um debate ideológico para a Saúde e a única ideologia que se tem de ter na medicina é de salvar vidas”, afirmou Padilha, em resposta às críticas ao programa.

O governo reiterou que não vai usar o Revalide, exame nacional de revalidação de diplomas de médicos estrangeiros, para testar os profissionais de fora do Brasil. De acordo com Padilha, a revalidação do diploma permitiria que esses médicos atuassem em qualquer lugar do país. Com o programa, eles terão de permanecer nos locais indicados, as regiões mais necessitadas de médicos.

No discurso, Alexandre Padilha ainda explicou que haverá um período de acolhimento desses profissionais – brasileiros ou estrangeiros – por universidades públicas, que vão acompanhar a atuação dos médicos durante todo o período em que eles atuarem no programa.

Estudantes formados terão de passar por um ciclo de dois anos no SUS

Outra novidade que vem com o projeto é a criação do que o governo chama de “segundo ciclo de graduação”. Atualmente, os médicos passam por seis anos de graduação para então seguirem residência em uma área específica.

A proposta do “Mais Médicos” é de que, após os seis anos de graduação, todo estudante formado de medicina ficaria por dois anos atuando na saúde popular do SUS. Esses graduados receberão bolsas de estudos e esse período poderá ser aproveitado como o programa de residência médica, de acordo com Mercadante. Se passar pelo Congresso, a mudança passa a valer para os estudantes que ingressarem a partir de 2015.

“Buscamos, assim, uma formação mais humanizada e voltada à realidade”, explicou o ministro.

Novos critérios para abertura de cursos

De acordo com Mercadante, ministro da Educação, o governo vai incentivar com editais a criação de novas instituições de ensino, especialmente nas regiões que mais precisam de médicos. 

Entretanto, novos critérios serão adotados pelo MEC para permitir a abertura dos cursos. Dentre eles, a exigência de que as faculdades possuam no mínimo três residências disponíveis nas áreas prioritárias de medicina, como obstetrícia e pediatria, por exemplo.

81% dos brasileiros tacham partidos como corruptos


Os números do levantamento concluído em março traduzem uma insatisfação que ficou explícita três meses depois, com a série de manifestações que se alastraram pelo país

Jamil Chade, do
REUTERS/Gustavo Vara
Manifestante segura cartaz contra corrupção durante protesto em Porto Alegre
Manifestante segura cartaz contra corrupção durante protesto em Porto Alegre

Genebra - Pesquisa Ibope divulgada nesta segunda-feira, 8, pela Transparência Internacional, apura que 81% dos brasileiros consideram os partidos políticos "corruptos ou muito corruptos", Isso quer dizer que quatro de cada cinco pessoas põem em xeque a base da representação política no País.

Os números do levantamento concluído em março traduzem uma insatisfação que ficou explícita três meses depois, com a série de manifestações que se alastraram pelas cidades brasileiras.

Se comparados à percepção de moradores de outras áreas do globo, fica claro que os brasileiros estão mesmo descontentes. Na média dos 107 países que participaram da pesquisa organizada pela organização não governamental, algo em torno de 65% dizem que os partidos são "corruptos ou muito corruptos".

A mesma pesquisa - feita em 2010 pela Transparência Internacional - mostra que, no Brasil, a situação se agravou: três anos atrás, o índice de descontentamento sobre o tema era de 74%.

Os dados nacionais sobre percepção de corrupção - obtidos após entrevistas com 2.002 pessoas - mostram também que, depois dos partidos, o Congresso é a segunda instituição mais desacreditada. Cerca de 72% da população o classificam como "corrupto ou muito corrupto". Na média mundial - foram 114 mil entrevistas -, o índice é de 57%.

A pesquisa ainda perguntou se os entrevistados consideravam eficientes as medidas dos governos contra a corrupção: 56% dos brasileiros disseram que não; 54% da média mundial também.

"O desprestígio dos partidos e dos políticos é muito grande, disse Alejandro Salas, um dos autores do informe da Transparência Internacional. "O resultado é triste. Os partidos políticos são pilares da democracia", disse.

Na avaliação de Salas, o que tem sido positivo no Brasil é que as pessoas que saíram às ruas para se manifestar fizeram uma ligação direta da corrupção na classe política ao fato de não haver serviços públicos adequados.

"As pessoas fizeram a relação direta entre a corrupção e a qualidade de vida que têm", disse. "Para muitos, o mais dramático é que o Brasil cresceu nos últimos anos. Mas as pessoas perceberam que os benefícios não foram compartilhados e que parte disso ocorreu por conta da corrupção." 

Caixa-preta
Segundo o autor do informe, os indicadores mostram que os brasileiros estão cansados de não saber como o poder é administrado, quem paga por ele, quem recebe e quem se beneficia. "Os partidos são como caixas pretas e, para mudar essa percepção, uma reforma importante será dar mais transparência ao financiamento dos partidos."

Ainda segundo a avaliação de Salas, que é diretor regional da ONG para as Américas, as manifestações nas ruas no Brasil colocaram "uma pressão enorme" sobre os políticos.

"Depois das manifestações no Brasil, se os partidos não mudarem, vão acabar de se afundar", afirmou. O representante da TI alerta também para a possível aparição e fortalecimento de líderes carismáticos por causa do descrédito dos partidos políticos. Conclui, porém, que o resultado das manifestações de junho é positivo. "O que ocorreu dá esperança."

Os dados mostram que, no Brasil, 81% dos entrevistados disseram que podem fazer a diferença no combate à corrupção. Na médias dos países envolvidos na pesquisa, o índice é de 65%. Numa escala de 1 a 5, onde cinco é o grau máximo de corrupção, o setor público brasileiro atingiu nota 4,6. "A taxa é mais elevada que no resto da América Latina", afirmou Salas.

Cerca de 70% dos entrevistados no Brasil acreditam que a corrupção no setor público é "muito séria", contra uma média mundial de apenas 50%.

Em torno de 77% dos brasileiros admitem que ter "contatos" na máquina publica é "importante" para garantir um atendimento. A percepção em relação ao setor privado se inverte. No Brasil, apenas 35% das pessoas acham que as empresas são "corruptas ou muito corruptas". Fora do País, a média é superior: 45%.
Disposição

Outra constatação da Transparência Internacional é que, no Brasil, a proporção de pessoas disposta a denunciar a corrupção é mais baixa que a média mundial: 68% diante de 80%. 44% dos entrevistados disseram que não denunciam por medo, enquanto outros 42% alertam que suas ações não teriam qualquer resultado. 

"Se o governo estiver sendo sincero de que quer combater a corrupção, precisa criar mecanismos que permitam a denúncia e que protejam as pessoas", disse Salas.

Entre os que aceitam fazer a denúncia, a maioria revela que para tal usaria os jornais, e não os órgãos oficiais do governo.

Um a cada quatro entrevistados no Brasil admitiu que pagou propinas nos últimos dez meses para ter acesso a um serviço público.

"O pagamento de propinas continua muito alto. Mas as pessoas acreditam que têm o poder para parar isso", disse Huguette Labelle, presidente da Transparência Internacional. Para ela, os políticos devem dar o exemplo, tornando públicos a sua renda e os ativos de família.

Outras instituições

Depois dos partidos e do Congresso, a polícia aparece na pesquisa como a instituição mais desacreditada. Cerca de 70% dos brasileiros a classificam como "corrupta ou muito corrupta". No resto do mundo, o índice é de 60%.

O Judiciário, entre os brasileiros, tem mais crédito do que entre a população dos outros países. Aqui 50% apontam a instituição como "corrupta ou muito corrupta". Fora, o índice é de 56%. As Forças Armadas aparecem com índice baixo de percepção de corrupção. No Brasil é de 30% e na média dos outros países da pesquisa da Transparência Internacional, 34%.

Nem pra mim nem pra você!

Zona de Negociação é um conceito original em situações de interação e influência. De certa forma, é a amplitude desse espaço imaginado que decide se vai ocorrer algum tipo de acordo e em que dimensão.

O movimento de bloqueio de algumas estradas no Brasil nos últimos dois dias é um exemplo lamentável de situação com zona negocial zero. Se a intenção era negociar, a agressiva tática do ou dá ou desce que foi utilizada por quem liderou o protesto radicalizou o processo e inviabilizou uma solução negociada.

O que vier depois vai precisar amortizar os excessos de agora e agregar um pouco mais de bom senso ao processo.

Uma zona negocial raramente preexiste ou ocorre à parte das intenções e ações proativas dos negociadores e demais interessados. Ela precisa ser cocriada pelos interlocutores da situação e se manifesta pela convergência de ações e comportamentos visando construir um acordo mutuamente viável.

Um exemplo que ilustra bem o conceito é a cena da banheira protagonizada por Richard Gere e Julia Roberts no popular filme Uma Linda Mulher, de 1990. Eles fecham uma semana de acompanhamento por US$3,000. Na conclusão da cena, a personagem de Julia diz que teria ficado por US$2,000 e o personagem de Gere diz que terai pago US$4,000. Bingo!

O exemplo ganhou uma nova versão agora no final de 2012. Saiu Julia, mas Richard Gere continuou firme defendendo de forma lúdica e inteligente esse importante conceito.

A cena ocorre dessa vez no filme Arbitrage, traduzido no Brasil como A Negociação. Neste novo filme Gere é um milionário que está prestes e vender sua companhia para um grande banco.  O negócio está amarrado. Ele procura o outro negociador e provoca uma oferta.

O comprador oferece 450 milhões, o vendedor pede 550 e o negócio  é fechado por 525 milhões de dólares. Bingo de novo!

Para não perder o costume, antes de sair pergunta ao comprador quanto este teria pago. 600 milhões! Quanto teria aceito? 475, responde, e depois corrige para 400 milhões.

Os limites da zona negocial são definidos pelo mínimo que um aceita e pelo máximo que o outro pode pagar. Como as duas cenas também ilustram, ninguém vai direto ao ponto.

Em situações reais, quem oferece começa abaixo do que pretende pagar e quem pede o faz acima do que espera, de fato, receber. Quando um e outro não exageram nem radicalizam nos valores, a negociação avança para o pragmático nem pra mim, nem pra você.