Depois de anunciar duas aquisições em menos de dois meses, fundo americano se prepara para fazer mais negócios no Brasil
São Paulo – Depois de anunciar duas aquisições
em menos de dois meses – a distribuidora química quantiQ, que pertencia
à Braskem, e a faculdade gaúcha Cesuca -, o fundo de investimento
americano Advent está prestes a fechar outros negócios no País.
Apontado como favorito para comprar a fabricante de
medicamentos genéricos Teuto, que tem a gigante americana Pfizer como
sócia, o Advent também deverá concluir em breve a venda do terminal
portuário TCP, de Paranaguá (PR), empresa avaliada em cerca de R$ 3
bilhões, segundo fontes ouvidas pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Essas duas operações são consideradas relevantes pelo
mercado, mas não são as únicas em que a gestora está envolvida, segundo
pessoas a par do assunto.
Fontes de mercado afirmam que o fundo de private equity –
que compra participações em empresas – deverá ser um dos mais ativos no
Brasil este ano.
A gestora também está em conversas avançadas para abrir o
capital da farmacêutica Biotoscana, que no Brasil controla a United
Medical. Além disso, avalia a Via Varejo, divisão de eletroeletrônico do
grupo francês Casino.
Neste último caso, ainda não há negociações em curso. A rede
foi colocada à venda pela varejista francesa, que contratou o Santander
para assessorar a transação.
Apesar de ter atraído a atenção de investidores de peso,
como a rede chilena Falabella, Lojas Americanas e o próprio Advent, a
venda da Via Varejo, dona da Casas Bahia e Ponto Frio, pode demorar mais
do que o previsto, uma vez que, mesmo que a recessão acabe, o setor de
eletrodomésticos deve ser um dos últimos a se recuperar.
Saúde
Com foco em setores considerados resilientes, o interesse do
Advent pelo segmento de saúde tem crescido nos últimos anos. Em
setembro de 2015, comprou 13% de participação do laboratório de
diagnóstico Fleury, por cerca de R$ 400 milhões.
Em dezembro do mesmo ano, o laboratório Biotoscana,
controlado pelo fundo, adquiriu a argentina LKM. O objetivo da gestora é
reforçar sua presença em saúde na América Latina.
“A compra do laboratório Teuto, com foco em genéricos, reforça esse tese”, frisou uma fonte à reportagem.
As negociações entre Advent e Teuto já estiveram mais firmes
no fim do ano passado, mas esbarram em preço. O ativo – que tem como
acionistas a Pfizer, com 40%, e a família Melo, com 60% -, chegou a ter
seu valor de mercado estimado em R$ 1,5 bilhão.
No entanto, segundo fontes envolvidas na negociação, a
expectativa é de que a operação seja fechada por um valor mais baixo. O
contrato poderia ainda conter metas de desempenho futuro do negócio.
“Havia uma expectativa de que a Pfizer exercesse seu direito
de preferência para comprar os 60% restantes da companhia. Porém, uma
mudança da estratégia global da Pfizer, que pode sair do segmento de
genéricos, fez a companhia rever essa posição”, disse outra fonte.
Procuradas, Pfizer e Teuto não comentaram.
Outro segmento considerado prioritário pelo fundo é de
educação. A compra da faculdade Cesuca, no fim de 2016, dois anos após
ter saído da Kroton – que está em processo de fusão com a Estácio -,
demonstra que a gestora voltou a ter apetite neste setor, apesar da
redução da verba para o programa de financiamento estudantil do governo,
o Fies.
Dentro do processo de união de Estácio e Kroton, o Advent
pretende olhar os ativos que terão de ser vendidos pelas para obtenção
do aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a
fusão.
Logística
Enquanto analisa ativos no Brasil e na América Latina – o
Advent levantou US$ 2,1 bilhões, no fim de 2014, para investir na região
-, a gestora poderá levantar dinheiro novo com a venda de sua fatia de
50% do terminal portuário TCP.
O Advent pagou R$ 1 bilhão por 50% do terminal, em 2011. O
plano inicial, segundo fontes, era abrir o capital do TCP, mas o
interesse de investidores pelo ativo fez com que a gestora colocasse o
negócio à venda.
Entre os cotados para ficar com o negócio estão a Dubai
Ports World, a China Merchants e a APM Terminals, com sede na Holanda,
que já é acionista da TCP. Procurado, o Advent não comenta. As outras
empresas não retornaram pedidos de entrevista.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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