Os projetos de pactos comerciais propostos pela China – conhecidos pelas iniciais RCEP e FTAAP – enfraqueciam diante do TPP até
que Trump assinou uma ordem executiva que retira os EUA desse tratado
que a administração Obama apresentou como chave para demonstrar a
influência de seu país na região da Ásia-Pacífico. Agora o interesse
neles se viu renovado; e países como a Austrália sugerem que a China será bem-vinda na TPP.
“É preferível, muito preferível, que os
países troquem bens e serviços e se vinculem mediante alianças de
investimento do que trocar comentários sardônicos e construir
barreiras”, sustenta Li em seu artigo.
Pequim prevê organizar em maio um
encontro de alto nível com os países interessados na “Nova Rota da
Seda”, em uma iniciativa para promover seu setor de infraestrutura e
para exibir musculatura diplomática.
Além de suas garantias comerciais, o
governo de Xi Jinping assegura que também manterá seus compromissos e
sua liderança na luta contra a mudança climática,
frente ao escapismo da nova administração dos EUA. “Meu presidente
deixou claro, claro como cristal, que a China cumprirá sua parte”, disse
o diretor de Organizações e Conferências Internacionais do Ministério
das Relações Exteriores, Li Junhua, citado pela Reuters.
Contradições e Desafios
Esse novo protagonismo global
representa um reforço muito bem-vindo para Xi, que, no terreno interno,
encara no próximo outono uma delicada renovação das estruturas de
comando do regime no 19º Congresso do Partido Comunista da China.
Mas as manifestações de apoio à estabilidade mundial não
deixam de ser contraditórias. As reformas econômicas que Xi prometeu
ainda não se materializaram, em sua maioria. As câmaras de comércio
estrangeiras afirmam que, apesar das palavras de apoio ao livre
comércio, a China ainda protege amplos setores de sua economia interna.
Os elogios à conectividade que o presidente chinês declarou em Davos encontram uma China em que existe a censura e a Internet se encontra ferrenhamente controlada. A ONG Repórteres Sem Fronteiras situa o país no 176o lugar,
de um total de 180, em relação a liberdade de imprensa. Enquanto o
presidente falava na Suíça, era divulgado o testemunho do advogado de
direitos humanos Xie Yang sobre as torturas que sofreu na prisão.
E seus apelos à cooperação podem ser
colocados à prova se Trump e sua equipe cumprirem suas promessas em
relação a Pequim: impor tarifas de importação de 45%, bloquear o acesso
às ilhas artificiais no mar do Sul da China (que os chineses consideram
parte de seu território) e abandonar a política de “Uma Única China” em
favor de Taiwan, se o Governo de Xi não fizer concessões.
Até o momento, Pequim se limitou a
advertir que Washington tenha cuidado. “Relações sadias, estáveis e
desenvolvidas entre China e EUA beneficiam os dois povos e todo o
mundo”, declarou o porta-voz das Relações Exteriores Hua Chunying.
E você, tem alguma consideração sobre a ideia de a China se tornar a nova âncora da estabilidade mundial?
http://www.chinalinktrading.com/blog/china-se-projeta-na-estabilidade-mundial/
Por Ariel Oliveira, diretamente de Garça, SP, Brasil
Fontes: Bloomberg, China Daily, El País Brasil e Reuters
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