Siderúrgica começou a negociar com a chinesa CCCC a venda de uma parte de sua participação na Transnordestina
Brasília e São Paulo – A CSN,
de Benjamin Steinbruch, deu início a conversas com a chinesa China
Communications Construction Company (CCCC), maior estatal de
infraestrutura da China, para vender uma parte ou mesmo toda sua
participação na Transnordestina, apurou o jornal O Estado de S. Paulo.
As conversas entre as duas companhias ainda estão no início,
mas reacendeu uma discussão em Brasília, que busca uma alternativa
urgente para dar prosseguimento às obras, inclusive sem a participação
de Steinbruch, dizem fontes a par do assunto.
Apesar do esforço do governo em sinalizar que a sociedade da
estatal Valec com a CSN seguirá adiante, o fato é que as possibilidades
de a empresa de Steinbruch seguir no negócio são mínimas.
A relação entre os sócios já acumula anos de desgaste, mas a
pá de cal foi dada com a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU),
que no mês passado determinou a paralisação de repasse financeiro para o
projeto, até que se resolva uma série de irregularidades graves que
pairam sobre a obra.
A Transnordestina – ferrovia projetada para ligar o Porto de
Pecém, no Ceará, ao Porto de Suape, em Pernambuco, passando pelo Piauí –
está orçada em R$ 11,2 bilhões, dos quais R$ 6 bilhões já foram
aportados, boa parte com dinheiro público.
Na tarde de quarta-feira, 15, uma comitiva liderada pelo
ministro dos Transportes, Maurício Quintella, foi ao gabinete do
ministro do TCU, Walton Alencar Rodrigues, relator do processo no
tribunal, para discutir uma saída que destrave as obras. A reunião teve
ainda a presença de representantes dos governos de Pernambuco, Ceará e
Piauí, além do presidente interino da Valec, Mario Modolfo.
O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o governo está até
disposto a tocar a obra sozinho. O problema é viabilizar isso. Um
imbróglio societário dificulta os planos porque a Valec é sócia da CSN
na Transnordestina Logística S.A (TLSA), ou seja, a Valec não atua como
empresa pública, mas como parte de uma concessionária que é alvo dos
questionamentos do TCU.
Chinesa de olho
A CCCC esteve em Brasília para falar do interesse na
Transnordestina e em outros projetos de infraestrutura. A companhia
mantém conversas com Steinbruch há alguns meses.
A ofensiva chinesa, no entanto, não empolga tanto o governo.
A CCCC não trouxe nenhuma sinalização concreta de que como deve entrar
na sociedade.
Em novembro, a gigante asiática comprou 80% da Concremat e
está em negociações avançadas para tocar o projeto de porto intermodal
da WTorre, no Maranhão. Em recente conversa ao jornal O Estado de S.
Paulo, a WTorre não quis comentar o assunto.
Com dívida líquida de R$ 23,4 bilhões no terceiro trimestre,
a CSN decidiu colocar, há alguns meses, ativos não estratégicos à
venda. Até agora, porém, só se desfez de ativos menores.
Procurada, a CSN não comentou. A CCCC não retornou os pedidos de entrevista.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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