O negócio é importante para a fabricante por ser fechado pouco após a queda da demanda por eletricidade no Brasil
São Paulo – O conglomerado norte-americano GE fechou contrato para a venda de 205 megawatts em turbinas eólicas no
Brasil, em negócio com a Companhia de Energias Renováveis (CER) que
prevê a entrega de 82 máquinas para um complexo a ser construído na
Bahia, disse um executivo da companhia à Reuters nesta segunda-feira.
O negócio é importante para a fabricante por ser fechado
pouco após a queda da demanda por eletricidade no Brasil em meio à maior
recessão em décadas levar o governo federal a cancelar em cima da hora
um leilão para contratação de novas usinas eólicas e solares que havia
sido agendado para dezembro.
“Para nós, foi um contrato realmente importante, trouxe um grande alívio. Esse volume nos ajuda a passar esse momento até um próximo leilão realmente acontecer… tirando esse projeto da CER, as oportunidades agora estão mais limitadas”, disse à Reuters o líder da GE para energia eólica na América Latina, Jean-Claude Robert.
O executivo estimou que a GE deverá fechar o ano com quase 5 gigawatts em máquinas instaladas no país, número que a manterá como líder no mercado eólico brasileiro.
Ele também ressaltou que as turbinas negociadas com a CER são a primeira venda no país de um novo modelo, com 2,5 megawatts em capacidade instalada, ante 1,7 megawatt da versão anterior do equipamento.
“Para nós era importante ter esse volume extra (em contratos) e também começar a comercializar essa máquina nova para o mercado brasileiro”, disse Robert.
O valor do negócio não foi revelado.
Desafio de curto prazo
Um baixo volume de contratação de energia eólica no Brasil em 2015 e o cancelamento do leilão de 2016 criaram um cenário bastante desafiador para os investidores e fornecedores ligados ao setor nos próximos anos, segundo a GE.
A empresa e outros fabricantes de equipamentos, como Vestas e
Acciona, investiram em unidades locais nos últimos anos para atender um
índice de nacionalização dos equipamentos exigido pelo Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao financiar projetos
eólicos no país.
Agora, as empresas disputam um mercado que subitamente encolheu e ainda não tem definida uma projeção de retomada.
“O que foi leiloado nos últimos dois anos não é suficiente
para sustentar os investimentos que foram feitos no Brasil. Precisamos
de volume. Sem volume, toda essa história, que não só a GE, mas que a
indústria fez, pode ser fragilizada”, afirmou Robert.
Apesar do alerta, o líder da GE para energia eólica no
Brasil garantiu que a empresa tem um horizonte de investimento de longo
prazo para o país.
“A GE vai continuar acreditando no Brasil… mas obviamente
companhias que não têm essa musculatura da GE podem ser desafiadas de
uma maneira maior”, disse Robert.
Ele também comentou que espera um movimento dos investidores
e fornecedores do setor em geral para convencer o governo a realizar um
leilão neste ano. “Com certeza daqui a pouco vamos precisar de energia
de novo”, afirmou.
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