Enquanto a maior parte do varejo batalha para fechar no azul, a Arezzo continua exibindo expansão de receita
São Paulo – Há pouco mais de três anos, quando recebeu do seu pai o comando da Arezzo & Co., o maior desafio de Alexandre Birman era lidar com o próprio sucesso da rede de calçados
e acessórios. Logo depois da abertura de capital, em 2011, a empresa
virou uma “queridinha do mercado”, com crescimento acima da média e
grande expectativa de valorização de suas ações.
Desde que assumiu – dado o contexto de retração da economia -,
Alexandre tem resistido à prova de fogo. Enquanto a maior parte do
varejo batalha para fechar no azul, a Arezzo continua exibindo expansão
de receita (no terceiro trimestre, o avanço foi de 10%), aumento de
lojas e forte geração de caixa.
Para fazer o grupo avançar, Alexandre transformou a empresa criada
por seu pai nos anos 70. A estratégia reúne o reforço do modelo “fast
fashion” (com coleções rápidas vendidas a preço cheio), a criação de
novas marcas e canais de venda e ainda a aposta no mercado externo,
considerado o grande desafio da companhia.
De 2013 para 2015, a Arezzo passou de 12 para 21 lançamentos ao ano. A
maior agilidade foi alcançada com a adoção de um sistema de controle
que permite à empresa saber o que cada franqueado tem no estoque. “Com
isso, só abastecemos o que foi vendido e conseguimos aumentar o giro das
coleções, ou seja, fazer com que os lojistas vendam mais, tendo menos
estoque”, explica Birman.
“Ele tem a ousadia que o grupo precisa agora”, diz Guilherme Affonso
Ferreira, conselheiro independente da companhia. “O Anderson (Birman) já
foi muito longe, ao sair da garagem e criar uma empresa do tamanho da
Arezzo. O Alexandre é o segundo salto da companhia.”
Para Alexandre, no entanto, é difícil separar a sua gestão da do seu
pai. “Somos parceiros há muito tempo. E hoje, na presidência do
Conselho, ele continua muito ativo na definição dos rumos da empresa.”
Entre os acertos do executivo, dizem analistas, está a transformação
da Arezzo em uma companhia multimarcas, que engloba ainda Schutz,
AnaCapri, Alexandre Birman e Fiever. Juntas, essas marcas já respondem
por quase metade do faturamento.
O grupo ampliou também os canais de venda. Até 2013, só a Schutz
tinha e-commerce. Hoje, todas as marcas estão no online e as vendas
desse segmento passaram de menos de 1% para 7%.
Para analistas, o posicionamento das marcas no público A/B, menos
suscetível à crise, e a postura cautelosa da Arezzo na hora de se
endividar serve de proteção em momento de economia fraca. “Com mais
dinheiro em caixa do que dívida, ela consegue focar no negócio, enquanto
boa parte do varejo está tendo de gastar energia para driblar problemas
financeiros”, diz um executivo de um banco.
Ambicioso na expansão, Birman não vê espaço para ousadia em assuntos
financeiros. “Uma empresa de moda não pode trabalhar alavancada. A moda,
por si só, já é um risco grande a correr.”As informações são do jornal O
Estado de S. Paulo.
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