A alemã Sudzucker, maior produtora de açúcar na Europa,
confirmou ao Valor que recentemente manteve tratativas com companhias
sucroalcooleiras brasileiras de olho em uma eventual aquisição.
A
empresa garantiu que não tem nada para anunciar no momento, mas
reafirmou seu interesse em ter maior participação no segmento no Brasil.
A
companhia alemã não especificou o período em que ocorrem as conversas
com as indústrias brasileiras. O certo é que seu CEO, Wolfgang Heer, tem
repetido na imprensa europeia sua disposição em fazer aquisições no
Brasil e em outros países – e não apenas na área de açúcar.
De acordo
com fontes do mercado açucareiro, o movimento da Sudzucker tem sentido,
pois todos os grandes grupos europeus do segmento buscam uma
diversificação geográfica de suas operações. Nesse contexto, o Brasil,
maior produtor mundial, é uma fronteira inevitável.
Além disso, os
ativos no Brasil estão baratos e os europeus sabem que muitas usinas do
país estão com dívidas elevadas. Ou seja, o momento é propício a uma
aquisição. Também pesa favoravelmente para isso o fato de a maior parte
dos analistas projetar déficit global no balanço de oferta e demanda na
safra 2017/18.
Ao mesmo tempo, a Europa se prepara para o fim do
regime de cotas de produção de açúcar, em setembro de 2017. A partir de
então, as empresas europeias ficarão livres para produzir e exportar os
volumes que quiserem. Produtores franceses de açúcar de beterraba, por
exemplo, poderão aumentar em 20% sua área plantada, na expectativa de
novos negócios no exterior com a desregulamentação do mercado.
A
Comissão Europeia prevê uma queda quase pela metade das importações da
União Europeia, para algo, em torno de 1,5 milhão a 1,7 milhão de
toneladas de açúcar. E avalia que c ompetição ficará complicada para
países que não tem acesso ao mercado europeu sem a incidência de
tarifas, como é o caso do Brasil.
Atualmente, o Brasil tem uma cota
para exportar à União Europeia de 300 mil toneladas com alíquota de 98
euros por tonelada – ainda alta, bem menor do que a tarifa cheia de
importação, que é de 339 por tonelada.
O banco Société Générale prevê
que, com o fim do regime de cotas, os preços da commodity poderão cair
na Europa. Mas a representante da União da Indústria da Cana-de-Açúcar
(Única) em Bruxelas, Géraldine Kutas, vê muitas incertezas pela frente.
“Na
frente das exportações, a volta do açúcar europeu ao mercado mundial
pode impactar o preço internacional para baixo, mas tampouco vai ser
interessante para os europeus deprimir os preços mundiais”, diz ela.
Para Géraldine, o preço europeu tanto pode cair, para perto da média
mundial, como seguir mais elevado – o que manteria o espaço aberto para o
produto brasileiro.
Para ela, o certo é que essa reforma na Europa
torna ainda mais urgente a conclusão do acordo comercial entre Mercosul e
UE
(Assessoria de Comunicação, 8/12/16\0
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