Por Nizan Guanaes
É preciso inovação e produtividade, é preciso ciência, é preciso somar inteligência à nossa potência.
Das muitas crises pelas quais passa o Brasil, a mais desalentadora é a
de autoconfiança. A antiga crença de que seríamos o país do futuro o
passado recente se encarregou de desfazer. Força bruta apenas, mercado
grande apenas não nos levarão até lá. É preciso mais.
É preciso inovação e produtividade, é preciso ciência, é preciso
somar inteligência à nossa potência.
É o que faz a agricultura
brasileira. Com seu sucesso, alimentamos o mundo e podemos também
alimentar o nosso ego e a nossa confiança.
Nesta semana, um dos maiores responsáveis pelo verdadeiro “milagro”
brasileiro, a Embrapa, completa 45 anos. É preciso celebrar porque esse
milagre é real e baseado em ciência.
Até meados dos anos 1970, o Brasil ainda dependia da importação de
alimentos básicos. Com a ciência aplicada ao nosso imenso manancial de
terra, água, sol e ousados agricultores, passamos a alimentar o mundo.
Pero Vaz de Caminha relatou em sua famosa carta que, no Brasil, em se
plantando, tudo dá. Ele estava errado. A agricultura brasileira fez sua
revolução em sólido árido e pobre. Aqui, na verdade, é em se
pesquisando que tudo dá.
A ciência tornou-se a maior parceira dos produtores brasileiros, e os
resultados são incontestáveis. Em poucas décadas, lideramos a produção
global de carnes, de grãos, de frutas. Quando, nesta década, enfrentamos
nossa maior crise econômica, só o agronegócio seguiu forte e crescendo,
inserido que está nas cadeias globais de produção e valor.
O conhecimento gerado nos laboratórios da Embrapa transformou solos
ácidos e pobres em celeiros globais. Se fizermos o mesmo em outros
setores da economia, aí sim teremos aberto finalmente o caminho para o
futuro.
Não é uma produção predatória nem contra o ambiente. Quanto mais
produtivas as terras plantadas, menos terras serão necessárias à
produção. Quanto maior a preservação de solos e recursos hídricos, mais
perene a produção.
A Nasa, a agência espacial americana, comprovou no ano passado o que o
os estudos da Embrapa já mostravam: o Brasil preserva a vegetação
nativa em mais de 66% de seu território e cultiva apenas 7,6% das suas
terras. Produtores dedicam 21% de suas propriedades à preservação. Que
agricultura no mundo faz isso? Segundo a própria Nasa, a Dinamarca
cultiva 76,8% de suas terras; a Irlanda, 74,7%; a Holanda, 66,2%; o
Reino Unido, 63,9%.
A agrociência brasileira contribui direta ou indiretamente com os 17
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU. Entre
esses objetivos estão eliminar a fome, acabar com a pobreza, assegurar
vida saudável, estimular a gestão sustentável da água, promover o
crescimento econômico inclusivo. A agricultura brasileira, baseada na
ciência, é capaz de contribuir com tudo isso para o mundo e para o
Brasil.
Entre as novas fronteiras de desenvolvimento abertas pelo
conhecimento científico e o empreendedorismo de nossos agricultores
estão regiões do Maranhão, do Tocantins, do Piauí e da Bahia agrupadas
no acrônimo Matopiba. A contribuição do agro é crescente na economia
desses quatro Estados, alguns entre os mais pobres do Brasil.
Como quem anda na frente não pode parar, o Brasil começa a fomentar
nova safra de agroempresas focadas em novas tecnologias, filhas e netas
da revolução agrocientífica nacional. Startups agritechs brotam deste
solo fértil, turbinadas por big data e internet das coisas. E,
sobretudo, cultivadas por um setor dinâmico que transformou o Brasil
numa potência antes mesmo de o sermos.
A agricultura, que é a indústria mais antiga do mundo, pode também
ser a mais nova. O Brasil tem todas as condições de liderar esse
processo.
(Nizan Guanaes, publicitário baiano, é dono do maior grupo publicitário do país, o ABC, Folha de S.Paulo, 24/4/18)
O que o futuro da tecnologia reserva para o agronegócio?
O mercado de “Ag Tech” – uma abreviação
usada para definir tecnologias usadas no campo – é um dos que mais estão
em ascensão esse ano. Isso se dá pela maneira com que as novas
tecnologias estão mudando a maneira com que trabalhamos, e a agricultura
“absorve” muitas dessas mudanças.
Nesse post, vamos apontar quais são os tópicos que estão sendo percebidos pelo mercado de tecnologia atualmente, confira:
Sensores
Os sensores estão ficando menores, mais
leves, mais poderosos e mais precisos, então faz sentido que eles entrem
na indústria agrícola. Já podemos monitorar os níveis de umidade, a luz
do sol, a velocidade do vento e todos os outros fatores, mas à medida
que os sensores ficam cada vez melhores, eles podem coletar mais e mais
dados para que possamos utilizá-los em nossas tomadas de decisão sobre
quando plantar, o que plantar, que correções fazer, quando colher, etc.
Já estamos começando a ver isso acontecer
na explosão de interesse na internet das coisas (IoT), que depende da
adição de sensores a objetos do dia-a-dia e do upload desses dados para a
internet. O futuro da agricultura é a fazenda conectada, e novos
sensores serão os pivôs dessa mudança.
AI e Machine Learning
Não faz sentido gerar grandes quantidades
de dados que os sensores nos dão acesso se não formos capazes de tirar
algum sentido desses dados. É aí que entram a inteligência artificial
(IA) e o Machine Learning. À medida que a tecnologia se torna mais e
mais poderosa, ela nos permite processar enormes quantidades de dados
que nenhum ser humano poderia entender, chegando a novas conclusões que
poderiam passar batido mesmo pelo profissional mais experiente.
Para as empresas agrícolas, isso poderia
permitir que ações antecipadas fossem tomadas em caso de colheita ruim,
ou ações preventivas mais assertivas para evitar surtos de pragas, além
de ajudar essas empresas a fazer melhorias incrementais em suas
operações, gerando um efeito acumulativo a longo prazo. Tomar decisões
baseando-se em dados não é mais apenas a melhor prática de gestão. Em
breve, será a ÚNICA prática de gestão para uma empresa que quer atingir o
sucesso.
Modelos e simulações
Modelos e simulações dependem de uma
combinação dos dados que são reunidos através de sensores IoT e
decifrados através de tecnologias de aprendizado e de inteligência
artificial, que podem começar a identificar padrões subjacentes. Com
esses três ativos à nossa disposição, é possível executar simulações
avançadas, que nos dão uma ideia real do que provavelmente acontecerá
sob uma grande variedade de condições diferentes.
Esse tipo de modelagem permitirá que
empresas agrícolas testem diferentes abordagens em um ambiente virtual e
tenham uma boa ideia do que provavelmente acontecerá se as variáveis
inseridas na equação sejam realizadas. Isso ajudará as empresas a
escolherem o melhor curso de ação, estejam eles decidindo quando será
feita a colheita ou se estão pensando em investir em algum novo
equipamento.
Robôs
Para empreendedores agro, essa pode ser a
área mais óbvia para se investir, mas também é uma das mais
interessantes. À medida que a robótica se torna cada vez melhor, robôs
se tornarão opções viáveis em todos os tipos de uso no mercado agro,
desde a linha de produção de carne até a plantação e colheita de grãos,
vegetais e frutos.
O preço dos robôs despencou nos últimos
anos, e tendem a cair ainda mais. O que significa que equipamentos serão
cada vez mais acessíveis, e novos usos poderão surgir, como falamos
nesse post.
Conclusão
Como você viu neste artigo, as novas
tecnologias têm uma enorme quantidade de potencial para mudar totalmente
o agronegócio, e se a demanda existir, os empreendedores logo a
atenderão, descobrindo nichos no mercado em rápido crescimento e
surgindo com novas maneiras de inovar que revolucionará para sempre o
mercado agro.
Essa é uma boa notícia para as empresas
agro e para aqueles que buscam desenvolver tecnologias inovadoras, que
tornem as empresas agro mais eficientes e que as façam economizar tempo e
dinheiro. Por fim, a tecnologia pode mudar a maneira como todo o
mercado agro opera, e se você não estiver preparado, pode apostar que
seus concorrentes estarão. Não seja a empresa a ficar para trás!
(Assessoria de Comunicação, 23/4/18)
O Futuro das Fazendas: Agribots e Automação – Parte I
A agricultura – a primeira indústria da humanidade – levou séculos
para se automatizar, mas o ritmo dessa mudança vem sendo frenético nos
últimos anos, e tende a acelerar ainda mais.
O mundo precisa de mais alimentos. Espera-se que a população global
chegue a nove bilhões de pessoas em 2050, e um relatório do World
Resources Institute avaliou que a agricultura precisará aumentar a
produção em cerca de 25% para atender esse crescimento. Em um cenário de
demanda crescente, você espera que produtores rurais prosperem, não é
mesmo? Mas isso não é realidade, pelo menos não a nível mundial.
Uma pesquisa sobre o setor agrícola do Reino Unido, publicado em
meados de 2016 pelo Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e
Assuntos Rurais, revelou algumas informações bastante preocupantes para
os agricultores.
Essa pesquisa estima que o PIB da agricultura do Reino Unido caiu 29%
entre 2014 e 2016, grande parte pelo baixo preço das commodities. Esse
tipo de situação aponta para um dos principais problemas enfrentados por
essa indústria, que precisa encontrar novas formas de aumentar a
produtividade para atender a demanda a longo prazo.
No caso do Reino Unido – e de boa parte dos países desenvolvidos – há
uma escassez bastante preocupante de trabalhadores dispostos a atuarem
no campo, o que faz com que se busque trabalhadores em outros países. A
automação das fazendas através da robótica, IoT e big data dá aos
agricultores uma alternativa para resolver os impactos dessa escassez de
mão-de-obra.
Sistemas automáticos de semeadura e controle de pragas auxiliam os
agricultores a aumentar seus rendimentos. Colheitadeiras automatizadas
têm sido utilizadas em grandes propriedades de trigo, milho, soja e
algodão há décadas. Os drones podem ajudar os agricultores a arrebanhar
ovinos e analisar as condições do solo, para que aplicações sejam feitas
com precisão e com economia de recursos. Ordenhadeiras automatizadas,
veículos autônomos, tudo isso junto forma a quarta grande revolução da
agricultura, chamada de Agricultura 4.0.
E a Agricultura 4.0 vem com tudo para transformar globalmente essa
atividade na próxima década. Afinal de contas, os “agribots”
(“agrorobôs”, em tradução livre) podem operar 24 horas por dia, 7 dias
por semana, sem adoecerem, sem férias ou licenças, sem a necessidade de
serem remunerados, apenas mantidos.
Mas nem tudo é um mar de rosas: investir em equipamentos autônomos
não é barato. Mesmo em um cenário econômico positivo para o agro,
investir em equipamentos uma quantia que muitas vezes ultrapassa os sete
dígitos pode ser bastante “salgado” para o produtor. Sara Olson,
especialista em robótica agrícola e analista da Lux Research – uma
aceleradora estadunidense de startups de tecnologia – diz ser otimista
sobre o futuro da robótica agrícola, mas com a ressalva que levará de
oito a dez anos antes que possamos ver uma adoção generalizada.
“A tendência de toda nova tecnologia é se tornar mais acessível ao
longo do tempo, com o surgimento de tecnologias semelhantes para lhes
fazer concorrência”, diz. “Por isso, estima-se que na próxima década
esse tipo de tecnologia fique muito mais acessível e seja cada vez mais
adotada”.
Investidores
venture capitalists têm voltado suas atenções a
esse mercado. Uma pesquisa da AgFunder – um marketplace estadunidense
de investimentos agro – mostrou que, em 2016, somente nos EUA, venture
capitalists investiram
US $ 4,6 bi em tecnologias de alimentos e de fazendas, e 80% desse montante foi para drones e agribots.
Mas, no meio de todo esse oceano de investimentos, o que deu certo e
já vem dando resultados? Quer saber? Fique de olho em nosso próximo
post! (Assessoria de Comunicação, 23/4/18)
http://www.brasilagro.com.br/conteudo/industria-mais-antiga-do-mundo-agricultura-pode-tambem-ser-a-mais-nova.html