Diretora geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), a francesa
Christine Lagarde, na reunião do Banco Mundial, em Washington, em 19 de
abril de 2018 - AFP
Diretora
geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), a francesa Christine Lagarde,
pediu nesta quinta-feira (19) para que o ambiente global de comércio e
investimentos, definidos como motores do crescimento, não sejam
comprometidos.
Na abertura das reuniões de primavera (boreal) do
Banco Mundial, ela explicou que “o crescimento está sendo impulsionado pelos
investimentos e pelo comércio. Por que comprometer esses dois motores?”.
Lagarde se refere às crescentes tensões comerciais, especialmente promovidas
por Estados Unidos, que encontraram respostas firmes da China e da União
Europeia (UE).
Mesmo no âmbito dos desacordos provocados pelas
características das trocas comerciais, disse Lagarde, os países devem manter
cautela para não quebrar um sistema até então funcional.
Em uma coletiva de imprensa no início das reuniões,
em Washington, ela alertou que se as tensões comerciais entre EUA e China
levarem a uma guerra generalizada de tarifas e barreiras, ninguém sairá
vencedor.
Segundo Lagarde, um cenário de guerra comercial não
afetará apenas as economias de Estados Unidos e China, mas “a todos os países”,
já que o sistema é “interconectado”.
A mais alta executiva do FMI disse que o impacto
direto de uma guerra comercial no crescimento econômico não é “substancial”,
mas que provocaria uma “erosão generalizada da confiança”, que, por sua vez,
teria consequências diretas nos investimentos.
Para Lagarde, “a cooperação internacional serviu
muito bem durante muitos anos e permitiu mais progresso para as pessoas que em
qualquer momento da história”. Contudo, esse cenário agora “está sendo
questionado, especialmente no que se refere ao comércio.
– Horizonte nebuloso –
Lagarde elogiou as discussões entre Washington e
Pequim para destravar as tensões comerciais, mas apontou que essas divergências
devem ser resolvidas em “um fórum multilateral”.
A principal sugestão do FMI neste sentido,
acrescentou, é que os países “devem manter distância das medidas
protecionistas”.
Em seu mais recente Panorama Econômico Mundial,
divulgado nesta terça-feira, o FMI destacou que a economia global terá um
crescimento sólido neste ano e no próximo, mas a partir de 2019 as perspectivas
se tornam mais incertas.
“Mesmo que o sol continue brilhando, há nuvens que
já aparecem no horizonte”, afirmou.
A mais evidente entre as
nuvens, apontou, é a perspectiva de uma guerra comercial.
Em março, o presidente dos
Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a decisão de adotar tarifas pesadas
sobre a importação de aço e alumínio, além de impostos adicionais sobre os
produtos chineses de até 50 bilhões de dólares.
Esses anúncios causaram uma
onda mundial de incerteza. Diante das tarifas sobre aço e alumínio, China e UE
imediatamente reagiram com ameaças de represálias a alguns produtos
norte-americanos.
No entanto, diante da
ameaça de sanções adicionais contra a China, Pequim respondeu com a
possibilidade de taxar os produtos agrícolas americanos, particularmente a
soja, aproximando-se assim do coração do comércio bilateral e um dos pilares do
comércio mundial.
Nesta quinta-feira, Lagarde
apontou que as “medidas unilaterais de protecionismo nunca foram úteis”.
A diretora do FMI também
respaldou a ampla reforma fiscal adotada pelos Estados Unidos no fi do ano
passado, que gerou grandes cortes de impostos a grandes empresas e fortunas.
Ela alertou, contudo, para o risco do crescimento da dívida americana –
atualmente de cerca de 164 trilhões de dólares.
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