Volkswagen é quem mais dá destaque ao tema, prometendo ‘revolução’.
Evento é marcado por ausências de marcas como Ford e Lamborghini.
O Salão do Automóvel de Paris, o mais importante do ano para o setor,
começou nesta quinta-feira (28), com apresentações para a imprensa. O
G1 vai acompanhar o evento em tempo real.
O tema mais forte nesta
edição do evento bienal é a “eletrificação”. Os carros elétricos voltam
ao foco 1 ano depois do escândalo dos motores a diesel da Volkswagen,
que poluem mais que o apontado nos testes oficiais, e em meio a
restrições que a própria capital francesa tem feito a carros "velhos".
Com
a imagem manchada pela fraude, a Volks quer deixar de lado a era do
diesel, combustível muito apreciado para “carros de passeio” na Europa, e
aposta forte nos elétricos. O “cartão de visitas” dessa nova fase é o
conceito ID, um compacto que será a estrela da marca em Paris.
Trata-se
ainda de um carro-conceito, mas é a partir dele e da plataforma inédita
e exclusiva para carros elétricos que os veículos serão criados. Mas
esses modelos devem começar a ser produzidos em 2020.
Elétricos ‘do povo’
A
Volkswagen diz que o ID será tão “revolucionário quanto o Fusca”, que é
o “carro do povo”. Na onda da popularização dos elétricos, a General
Motors está ainda mais perto. Ela lança no fim do ano, nos Estados
Unidos, o compacto Chevrolet Bolt. Na Europa, ele se chamará Opel
Ampera-e, e será o destaque da marca no salão.
O Bolt - não confundir
com Volt, que é um sedã híbrido da GM, foi apresentado em versão final
de produção no Salão de Detroit, em janeiro último. Ele foi apontado
como o maior rival do Tesla Model 3, revelado também no começo do ano
pela pequena montadora americana especializada em elétricos.
Ambos os
modelos querem ser “populares”, na esteira do Nissan Leaf, que lidera o
mercado mundial dos carros 100% elétricos, ou seja, que rodam apenas
com a energia da bateria.
Para isso, promete preço parecido com o do
compacto japonês. O Bolt é prometido pela GM por US$ 37,5 mil. A Tesla
põe o Model 3 na casa dos US$ 35 mil. Ou seja, ambos na casa dos R$ 100
mil - desconsiderando descontos que podem ser obtidos com incentivos
dados pelos estados para compra de elétricos.
As vendas do Bolt começam no fim do ano, nos EUA. O Tesla será produzido a partir do ano que vem.
Autonomia é a palavra
A
agradável ideia de carros que não poluem, associada aos elétricos,
sempre foi parcialmente ofuscada pelo medo de que eles não tenham
energia suficiente para jornadas mais longas. Ou seja, baixa autonomia,
que tornaria os elétricos ótimos para pequenos deslocamentos, mas não
confiáveis para jornadas mais longas.
Essa era uma característica dos
primeiros modelos e até hoje a indústria automobilística luta para
dissipar essa sombra. Números bem mais robustos de autonomia começam a
aparecer.
A Volkswagen diz que o ID vai conseguir rodar até 600 km
com uma carga na bateria. O Bolt, quando apresentado em Detroit, foi
anunciado com autonomia de até 320 km, mas a GM já atualizou esse número
para 383 km. A Tesla promete 346 km por recarga.
A Mercedes-Benz
também usou o tema “eletrificação” em prévia do salão na última quarta
(27). A montadora destacou supercarros esportivos da divisão AMG, que
“bebem” gasolina, mas também anunciou que toda a marca Smart terá tanto
opção de motor a combustão quanto apenas elétrico em todos os modelos,
tornando-se a primeira a fazê-lo.
Paris também deverá assistir à
apresentação de atualizações do BMW i3, compacto elétrico lançado em
2014 que é o único do tipo à venda no Brasil.
Ausências
Paris
também está marcado por ausências: Ford, Volvo, Lamborghini, Aston
Martin e Rolls-Royce desfalcam o evento neste ano. Sem a rival italiana,
a Ferrari deve dominar holofotes no segmento das supermáquinas, com a
La Ferrari Aperta e a GTC4Lusso T.
A primeira é a versão conversível
da exclusivíssima La Ferrari, modelo que combina motor a combustão com
um elétrico. E a GTC4Lusso adota motor menor, V8, no lugar do V12,
mostrando que até os hipercarros têm que lidar com a missão de poluir e
consumir menos (G1, 28/9/16)