Ueslei Marcelino / Reuters
Temer: com a crise das finanças públicas, a dívida com o fundo foi
acumulando nos últimos anos e chegou a R$ 9 bilhões no fim de 2015
Brasília - O governo Michel Temer
atendeu a mais uma orientação do Tribunal de Contas da União (TCU) no
sentido de blindar o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) de novas pedaladas com recursos destinados a bancar o Minha Casa Minha Vida.
Com a decisão, o Tesouro Nacional terá um controle maior sobre a liberação dos recursos do fundo no programa.
A prática condenada pelo tribunal consiste na dívida que o governo
acumulou com o FGTS referente aos 10% da parcela do Tesouro Nacional nos
subsídios dos financiamentos da faixa 2 do programa de habitação
popular - o FGTS é responsável pelos outros 90%.
Nos últimos anos, porém, o fundo pagou a totalidade dos "descontos" para
cobrar da União depois, com a promessa de que os recursos seriam
liberados.
Com a crise das finanças públicas, a dívida com o fundo foi acumulando nos últimos anos e chegou a R$ 9 bilhões no fim de 2015.
Depois de a pedalada ter sido questionada pelo TCU e vista como operação
de crédito, o governo da ex-presidente Dilma Rousseff quitou, no fim do
ano passado, em uma única parcela, a dívida.
Com uma instrução normativa (IN) publicada nesta segunda-feira, 26,
assinada pelo ministro das Cidades, Bruno Araújo, o governo determinou
que os recursos do FGTS só poderão ser usados nos financiamentos da
faixa 2 (para famílias com renda de até R$ 3,6 mil por mês) se houver
orçamento correspondente para bancar os 10% da parte do Tesouro.
"É uma trava, mas isso não significa que o Tesouro vai pagar menos que o
previsto no orçamento", disse uma fonte do Ministério da Fazenda.
O Ministério das Cidades informou, em nota, que não existe qualquer tipo
de alteração no planejamento e no ritmo de contratações do programa.
A reportagem apurou que, para este ano, os recursos destinados às
contratações do faixa 2 são de R$ 8,9 bilhões do FGTS e R$ 890 milhões
do Orçamento Geral da União (OGU).
A IN é a segunda medida do Governo Temer para corrigir normas que
abriram caminho para as pedaladas com recursos do FGTS. A correção
ocorre dois anos depois de esses atrasos a bancos públicos e ao FGTS
durante a gestão de Dilma Rousseff serem descobertos e investigados pelo
órgão fiscalizador.
Em agosto deste ano, o Ministério da Fazenda, sob o comando de Henrique
Meirelles, publicou no Diário Oficial da União portaria que permitiu a
transferência direta dos recursos da multa adicional de 10% por demissão
sem justa causa e a remuneração de 0,5% sobre a remuneração dos
recursos do FGTS para a Caixa, agente operador do fundo.
Com a portaria de agosto, o dinheiro da multa voltou a ficar sob a
responsabilidade da Caixa, sem ter que circular na Conta Única da União.
O banco estatal ficou sendo responsável pelo registro contábil de
receitas e despesas do fundo.
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