O Ministério do Comércio da China anunciou uma investigação sobre as
importações de açúcar do país nos últimos cinco anos. A apuração
ocorrerá num momento em que os chineses se preparam para descarregar no
mercado um excedente de reservas do produto, acumulado na época em que o
governo fixou os preços mínimos em um patamar elevado demais. A
estratégia de Pequim para o açúcar pode ser um importante sinal do que
poderá acontecer nos mercados de grãos, mais importantes
estrategicamente. Nessa esfera, a China está tendo dificuldades para
reduzir os imensos estoques acumulados nos últimos anos, também inflados
por compras do governo a preços superiores aos praticados no mercado. As
cotações mínimas estabelecidas pelas regiões chinesas produtoras de
açúcar inflacionaram os preços domésticos e estimularam as importações
do produto, já que no mercado internacional havia negócios mais em
conta. No ano passado, as Províncias de Yunnan, Guangdong e Hainan
eliminaram suas políticas de preços mínimos, o que fez com que os
produtores chineses de cana plantassem menos – o que levou, ao mesmo
tempo, as usinas chinesas a enfrentarem custos de produção elevados. Assim,
essa investigação sobre as práticas de importação ocorrem em um momento
em que a China se prepara para vender uma parte das reservas,
atualmente estimadas em 7 milhões de toneladas, equivalentes a cerca de
40% do consumo interno anual. A China poderá vender nada menos que 2
milhões de toneladas dessas reservas nos próximos 12 meses, o que
constituiria a primeira venda do gênero em quatro anos, de acordo com
informações divulgadas pela Bloomberg na semana passada. As políticas
de preços mínimos da China para algodão, milho, arroz, trigo e açúcar
foram implementadas há muito anos, como uma tentativa de preservar as
receitas dos produtores rurais e das poderosas cooperativas estatais do
país. Mas, quando os preços passaram a divergir demais das cotações de
mercado, essas políticas acabaram abrindo espaço para fraudes
generalizadas no sistema de estoques. Paralelamente, as mesmas
políticas acabaram por estimular grandes volumes de importações, alguns
contrabandeados. O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) estima que
entre 1,5 milhão e 2 milhões de toneladas de açúcar foram
contrabandeados para a China apenas em 2015. A política de reservas
também elevou a demanda da China por uma série de produtos agrícolas a
patamares irreais, impulsionando o crescimento do plantio no exterior e
exacerbando a diferença entre os preços chineses e os do mercado
internacional. O governo avançou com cautela em seus esforços por
dirimir o problema por meio da eliminação dos preços mínimos, uma vez
que as autoridades governamentais de planejamento temem que um colapso
dos preços leve a uma queda acentuada da produção interna, o que
deixaria a China estrategicamente vulnerável. Em contrapartida, a
tentativa de substituir os preços mínimos por subsídios diretos aos
produtores de milho, trigo e arroz se mostrou complicada do ponto de
vista internacional. Na semana passada, os EUA contestaram subsídios
concedidos pela China na Organização Mundial de Comércio (OMC)
(Assessoria de Comunicação, 27/9/16) http://www.brasilagro.com.br/conteudo/com-acucar-china-comeca-a-rever-politica-de-estoques.html?utm_source=Newsletter&utm_medium=E-mail-MKT&utm_campaign=E-Mkt_RGB/#.V-wOKiGnyTY
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