Uma das mudanças será a alteração nas condições de
privatizações, fator que poderá destravar investimentos
Da Redação, com Infomoney
redacao@amanha.com.br
Depois do
impeachment de Dilma Rousseff ser concluído, o mercado agora se volta
totalmente para os desafios do agora efetivo governo Michel Temer. Afinal, o
que o mercado espera de Temer após o impeachment? “O mercado volta o seu foco
diretamente para a disposição e a capacidade de administração de Temer para
acelerar e aprofundar o ajuste fiscal, além de como ele construirá o necessário
apoio do Congresso para as reformas para tornar a economia mais flexível e
produtiva", afirma Alberto Ramos, economista sênior do Goldman Sachs. As
hesitações e a falta de entrega de passos concretos no sentido da consolidação
fiscal podem desencadear dinâmicas de mercado adversas.
Para
Ramos, a aprovação do impeachment e a transição política já estavam precificadas
pelo mercado. Parte do desempenho positivo dos mercados financeiros nos últimos
meses foi reconhecidamente impulsionado pelas expectativas de que uma nova
administração poderia ser mais inclinada a abraçar medidas de curto prazo e
reformas estruturais de longo prazo necessárias para reequilibrar a economia e
conter a rápida deterioração fiscal e, ainda, obter a cooperação do Congresso
para conseguir o consenso político necessário para avançar as reformas
estruturais.
No geral,
avalia Ramos, o fim da saga do impeachment pode incentivar a administração
Temer a acelerar as medidas de ajuste. “Mas consideramos que o grau de apoio da
base aliada no Congresso para as medidas politicamente sensíveis e impopulares
está pouco clara, apesar do forte apoio ao impeachment. Na verdade, não
ficaríamos surpresos em ver o conteúdo e a espinha dorsal de algumas das
medidas de ajuste fiscal e reformas enfraquecidas e diluídas no
Congresso", revela o economista.
Privatizações
e concessões
Uma das principais mudanças será a alteração nas condições de privatizações e
concessões. “Antes com muita interferência do governo, pontos importantes como
a taxa de retorno dos empreendimentos não será mais fixada pelo governo, essa
função será repassada para os interessados no projeto”, pontua Celson Plácido,
Estrategista-Chefe da XP Investimentos em relatório publicado após a posse de
Michel Temer. Ainda neste mês os primeiros editais devem ser publicados
do Pacote de Concessões e Privatizações. “Um dos primeiros movimentos do governo
interino de Temer foi afirmar que seria lançado o Crescer, programa que
contemplaria essa agenda sobre a tutela de Moreira Franco, sendo a marca desta
nova gestão, como o PAC foi da anterior”, recorda Plácido.
Os
primeiros ativos que devem fazer parte do Programa de Parcerias de
Investimentos são quatro aeroportos [os terminais de Florianópolis e Porto
Alegre estão entre eles], duas rodovias e duas ferrovias, além de dois
terminais de combustíveis em Santarém (PA) e um terminal para movimentação de
trigo no Porto do Rio de Janeiro. Também estão previstas renovações de duas
concessões: o terminal de fertilizantes de Paranaguá (PR) e o terminal de
contêineres de Salvador (BA). “São especulados os anúncios de privatizações de
distribuidoras da Eletrobrás, Celg, distribuidoras do Norte e Nordeste, da
Cedae, Petrobrás Liquigás, BR Distribuidora, licitação de blocos de petróleo no
pré-sal, PPPs para esgoto, penitenciárias, hospitais e creches, confirmação da
prorrogação das concessões da ferrovia ALL Malha Paulista e da rodovia Nova
Dutra PBR-166/ RJ-SP”, enumera o relatório da XP. O governo ainda aguarda a
aprovação pelo Congresso da Medida Provisória que criou o Programa de Parcerias
de Investimentos, que expira em 8 de setembro. Temer tentará aprovar a renovação
para evitar que a MP prescreva e o pacote de privatizações e concessões pode
não ter seu prazo condicionado ao fato para evitar insegurança jurídica que
afete o resultado.
Bolsa e
dólar
A XP recomenda exposição em bolsa, pois a consultoria entende que algumas
reformas passarão.
“Temos uma agenda econômica e política, além de uma inflação
mais controlada, juros em queda e confiança retornando”, acredita Plácido. “O
dólar tem uma probabilidade grande de se desvalorizar em relação ao real, no
curto prazo, devido a expectativa de fluxo de capital positivo para o Brasil”,
aposta ele.
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