quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Os principais desafios do governo Temer sob a ótica do mercado





Uma das mudanças será a alteração nas condições de privatizações, fator que poderá destravar investimentos 

Da Redação, com Infomoney

redacao@amanha.com.br



Depois do impeachment de Dilma Rousseff ser concluído, o mercado agora se volta totalmente para os desafios do agora efetivo governo Michel Temer. Afinal, o que o mercado espera de Temer após o impeachment? “O mercado volta o seu foco diretamente para a disposição e a capacidade de administração de Temer para acelerar e aprofundar o ajuste fiscal, além de como ele construirá o necessário apoio do Congresso para as reformas para tornar a economia mais flexível e produtiva", afirma Alberto Ramos, economista sênior do Goldman Sachs. As hesitações e a falta de entrega de passos concretos no sentido da consolidação fiscal podem desencadear dinâmicas de mercado adversas.

Para Ramos, a aprovação do impeachment e a transição política já estavam precificadas pelo mercado. Parte do desempenho positivo dos mercados financeiros nos últimos meses foi reconhecidamente impulsionado pelas expectativas de que uma nova administração poderia ser mais inclinada a abraçar medidas de curto prazo e reformas estruturais de longo prazo necessárias para reequilibrar a economia e conter a rápida deterioração fiscal e, ainda, obter a cooperação do Congresso para conseguir o consenso político necessário para avançar as reformas estruturais. 

No geral, avalia Ramos, o fim da saga do impeachment pode incentivar a administração Temer a acelerar as medidas de ajuste. “Mas consideramos que o grau de apoio da base aliada no Congresso para as medidas politicamente sensíveis e impopulares está pouco clara, apesar do forte apoio ao impeachment. Na verdade, não ficaríamos surpresos em ver o conteúdo e a espinha dorsal de algumas das medidas de ajuste fiscal e reformas enfraquecidas e diluídas no Congresso", revela o economista. 


Privatizações e concessões
 

Uma das principais mudanças será a alteração nas condições de privatizações e concessões. “Antes com muita interferência do governo, pontos importantes como a taxa de retorno dos empreendimentos não será mais fixada pelo governo, essa função será repassada para os interessados no projeto”, pontua Celson Plácido, Estrategista-Chefe da XP Investimentos em relatório publicado após a posse de Michel Temer.  Ainda neste mês os primeiros editais devem ser publicados do Pacote de Concessões e Privatizações. “Um dos primeiros movimentos do governo interino de Temer foi afirmar que seria lançado o Crescer, programa que contemplaria essa agenda sobre a tutela de Moreira Franco, sendo a marca desta nova gestão, como o PAC foi da anterior”, recorda Plácido.  

Os primeiros ativos que devem fazer parte do Programa de Parcerias de Investimentos são quatro aeroportos [os terminais de Florianópolis e Porto Alegre estão entre eles], duas rodovias e duas ferrovias, além de dois terminais de combustíveis em Santarém (PA) e um terminal para movimentação de trigo no Porto do Rio de Janeiro. Também estão previstas renovações de duas concessões: o terminal de fertilizantes de Paranaguá (PR) e o terminal de contêineres de Salvador (BA). “São especulados os anúncios de privatizações de distribuidoras da Eletrobrás, Celg, distribuidoras do Norte e Nordeste, da Cedae, Petrobrás Liquigás, BR Distribuidora, licitação de blocos de petróleo no pré-sal, PPPs para esgoto, penitenciárias, hospitais e creches, confirmação da prorrogação das concessões da ferrovia ALL Malha Paulista e da rodovia Nova Dutra PBR-166/ RJ-SP”, enumera o relatório da XP. O governo ainda aguarda a aprovação pelo Congresso da Medida Provisória que criou o Programa de Parcerias de Investimentos, que expira em 8 de setembro. Temer tentará aprovar a renovação para evitar que a MP prescreva e o pacote de privatizações e concessões pode não ter seu prazo condicionado ao fato para evitar insegurança jurídica que afete o resultado.


Bolsa e dólar 
 

A XP recomenda exposição em bolsa, pois a consultoria entende que algumas reformas passarão. 

“Temos uma agenda econômica e política, além de uma inflação mais controlada, juros em queda e confiança retornando”, acredita Plácido. “O dólar tem uma probabilidade grande de se desvalorizar em relação ao real, no curto prazo, devido a expectativa de fluxo de capital positivo para o Brasil”, aposta ele. 


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