segunda-feira, 24 de abril de 2017

Nada na economia brasileira funciona tão bem quanto o agronegócio... AGRONE






Nada na economia brasileira funciona tão bem quanto o agronegócio... AGRONE




Por J.R.Guzzo

... Apesar do enorme esforço na máquina oficial, nas lideranças políticas e nas classes intelectuais para que tudo venha a dar errado.

Veio, passou e foi embora, sem que ninguém tivesse prestado atenção especial nela, uma notícia muito mais relevante para os brasileiros do que o futuro político-penal do senador Renan Calheiros, a possível candidatura do ex-presidente Lula nas eleições presidencias de 2018, 2022 e 2026 ou as novas políticas da Rede Globo para desencorajar o assédio sexual entre os atores de suas novelas.

Essa notícia é a última safra brasileira de grãos de 2016/2017 – mais uma vez, a maior que o Brasil já teve em toda a sua história. Apenas 20 anos atrás, na safra 1996/1997, a produção agrícola integral, somando todos os produtos colhidos, chegava a pouco menos de 80 milhões de toneladas, com as novas fronteiras de cultivo, a mecanização e os avanços da tecnologia já funcionando a todo vapor Brasil afora.

Acaba de ser anunciado, agora, que a safra 2016/2017 praticamente passou de 220 milhões de toneladas. Na verdade, chegou-se perto dessa cifra apenas com soja e milho – 110 milhões de toneladas de soja, mais de 90 milhões de toneladas de milho.

Não há rigorosamente nada, na economia brasileira de hoje, funcionando tão bem quanto a agricultura, a pecuária e o sistema de atividades econômicas que gira em torno do aproveitamento da terra. É dentro das mesmas fronteiras e sob o mesmo governo, um outro país – sem 13 milhões de desempregados, crescimento por volta do zero, indústria em desmanche, propriedades à venda, nulidade tecnológica, negócios em estado de coma, capacidade inexistente para competir numa economia moderna.

Naturalmente, como acontece com a maioria das poucas coisas que dão certo no Brasil, há um imenso esforço na máquina oficial, nas lideranças políticas e nas classes intelectuais para que tudo venha a dar errado o mais cedo possível. O governo federal e os governos estaduais, como um todo, até percebem a função vital da agropecuária para sustentar a economia do país e salvar o balanço de pagamentos com a geração de divisas.

O ministro da Agricultura é um homem ligado à produção, tem grande experiência na área e se importa mais com soluções do que com teorias. O presidente da República, os demais ministros e boa parte dos membros do Congresso apoiam o setor rural. Mas suas ordens frequentemente não vão a lugar nenhum.

O monstruoso aparelho burocrático abaixo deles ignora, sabota e age contra as instruções que recebe. Facções militantes da Polícia Federal, do Ministério Público e da magistratura movem uma guerra permanente contra os agricultores de sucesso; só deixam em paz os que não produzem nada.

Executam, no fundo, o que mandam fazer os manuais do MST e todas as demais espécies de parasitas que ganham a vida cultivando ideias mortas há 50 anos, como a ‘reforma agrária’, ou já mortas ao nascer, como as atuais nações sobre a ‘agricultura familiar’ e a fé no retrocesso tecnológico do campo.

Tudo isso vem com o horror ao ‘agronegócio’, que toda essa gente considera uma ameaça ao Brasil. Números recorde como os da última safra são vistos com alarme e não como uma boa notícia; provam o avanço do ‘capitalismo na agricultura’, e isso, em sua opinião, é um desastre.

A esquerda em peso, com a ajuda entusiasmada dos que veem a terra como uma espécie de entidade religiosa ou sobrenatural, se escandaliza com a aplicação de ‘agrotóxicos – mais se refere à necessidade de proteger as culturas e combater as pragas com o uso de defensivos agrícolas.

É contra o aprimoramento das sementes, o desenvolvimento da tecnologia à agropecuária – tudo isso leva ao aumento da produtividade; e terra mais produtiva, capaz de produzir alimentos cada vez mais abundantes, variados e baratos, é um perigo para o edifício ideológico da ‘reforma agrária’.

A resposta do poder público é apaziguar os inimigos da agricultura com verbas oficiais, cestas básicas, apoio para invasões de terra e recuso em assegurar direitos. Até agora não tem conseguido deter o avanço da produção

 (Revista Exame, edição nº 1136; Digitado pelo BrasilAgro)

Nenhum comentário:

Postar um comentário