A conclusão surpreende porque muitos economistas suspeitam o contrário: que o país esteja maquiando dados para inflar seu crescimento
É o que aponta um estudo publicado recentemente pelo Escritório Nacional de Pesquisa Econômica (NBER, na sigla em inglês), dos Estados Unidos.
Os autores são Hunter Clark e Maxim Pinkovskiy, do Federal Reserve
Bank de Nova York, e Xavier Sala-i-Martin, da Universidade de Columbia.
O trio mediu a atividade econômica chinesa através de imagens noturnas de satélite, um método que havia sido detalhado por Hunter e Maxim em um trabalho anterior.
A vantagem das imagens de satélite
é que elas são impessoais (ao contrário das pesquisas de campo) e tem
um critério único que ultrapassa fronteiras (ao contrário das contas
nacionais).
Colocadas como variável independente, as luzes trazem dados novos que podem ser comparados com outras fontes, o que já foi usado até para medir a pobreza na África.
No caso da China, “os resultados mostram que as taxas de crescimento
da China não estão consideravelmente abaixo das reportadas, e podem
estar consideravelmente acima, de uma forma consistente com nenhuma
desaceleração aguda no período entre 2014 e 2016”, diz o estudo.
A conclusão surpreende porque a suspeita de muitos economistas vai na
direção contrária, de que os chineses estariam maquiando números para
disfarçar a desaceleração do crescimento.
“Os números principais não são nem um pouco confiáveis”, disse
recentemente Christopher Balding, economista especialista em China, em entrevista para EXAME.com.
Há relatos de autoridades locais registrando números distorcidos: mais recentemente, a província de Liaoning admitiu ter falsificado dados entre 2011 e 2014.
O governo vem prometendo punir a prática. Na
semana passada, o principal órgão estatístico da China criou um braço
especial destinado exclusivamente a garantir a autenticidade dos dados.
O estudo pergunta como seria possível conciliar os dois lados da
moeda: falsificação para cima com dados ainda mais positivos do que o
registrado.
“Uma explicação consistente com nossos resultados é que as contas
nacionais chineses estejam subestimando a taxa de crescimento de
serviços, o que poderia estar subestimando o crescimento geral na medida
em que os serviços se tornam uma fração maior da economia chinesa”, diz
o texto.
Aumentar a participação dos serviços na economia é um objetivo
declarado do governo chinês, mas há debate sobre até que ponto essa
transição está de fato ocorrendo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário