Fred Dufour/AFP
Planos de celular: o comparativo da empresa levou em consideração 118
planos vigentes no Brasil e comercializados por oito operadoras
O Brasil tem os planos de telefonia
móvel mais caros dentre os países latinos, de acordo com um
levantamento realizado pela desenvolvedora de aplicativos de
comparativos tarifário WePlan.
A pesquisa, que foi realizada com sete países da América Latina
(Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México e Peru) e Espanha,
constatou que o mercado brasileiro oferece planos de até R$ 1 mil,
enquanto no argentino o preço máximo fica em R$ 123.
É importante ressaltar que esse dado se trata apenas de análise de teto do preço das ofertas.
Considerando o gasto médio dos planos, ainda de acordo com a WePlan, empresa que tem um aplicativo de comparação de preços,
o Brasil fica em quarto com R$ 85 (os preços são considerados com IVA -
Imposto sobre o Valor Acrescentado), atrás de Espanha (R$ 56,7), Chile
(R$78,3) e Peru (R$ 81,2); e à frente de México (R$ 85,2), Argentina (R$
90,8), Colômbia (R$ 91,9) e Equador (R$ 96,7).
O comparativo da empresa levou em consideração 118 planos vigentes no
Brasil e comercializados por oito operadoras. O CEO da WePlan, Pablo
Reaño, chama atenção para a diferença dentre os preços praticados.
"Os planos na América Latina são muito caros, são duas ou três vezes
mais caros do que na Europa; e no Brasil é ainda mais caro", disse ele,
em conversa com jornalistas em São Paulo, comparando também a
desvantagem da renda do brasileiro em relação a dos europeus. "É um
mercado grande no qual os consumidores não estão satisfeitos".
Reaño afirma que, em planos pós-pagos com planos de dados de 1 GB, por
exemplo, o Brasil é o mais caro, com ofertas em cerca de R$ 50. "Isso
reforça a necessidade de economizar, além de mostrar espaço para planos
ficarem mais baratos", diz.
Destaca ainda a evolução da penetração de smartphones no País, o que
leva a um aumento na demanda por planos pós-pagos – em janeiro, segundo
dados da Anatel, os acessos pré-pagos totalizavam 213,40 milhões (75,75%
do total) e os pós-pagos, 68,30 milhões (24,25%).
Modelo de negócios
Reaño afirma que a intenção da companhia é "adicionar transparência ao mercado", e busca parcerias com operadoras.
"Não nos colocamos como inimigos das telcos, elas não deveriam nos ver
assim. O que temos é um motor de comparação", defende-se.
Atualmente, ao se escolher um plano mais em conta dentro do aplicativo,
o consumidor é redirecionado à homepage da operadora, e não à
contratação do plano específico. A ideia é que, no futuro, as teles usem
o app para redirecionar o consumidor, pagando uma comissão à WePlan.
O CEO reconhece, no entanto, que é necessário criar uma base maior para
que as empresas queiram tais acordos. Atualmente, a WePlan conta com
cerca de 150 mil downloads na Espanha, país de origem da empresa, e 20
mil na América Latina.
A expectativa do executivo é de chegar a ter cerca de 500 mil globalmente até o final do ano.
Outro modelo de negócios é de oferecer suporte no plano corporativo,
que traz informação às empresas com um portal Web onde é possível
verificar em tempo real o consumo de cada aparelho.
"Estamos pensando em vender na Espanha e, no futuro, traremos aqui",
diz. "As operadoras já fazem isso, mas nunca é em tempo real. Além
disso, não fazem para empresas médias, apenas as grandes. Somos
independentes e visualizamos por funcionários", completa.
Aplicativo
A companhia pretende usar os dados levantados para mostrar as possíveis economias utilizando o próprio aplicativo WePlan.
Ainda de acordo com o levantamento, 94,2% dos consumidores brasileiros
poderiam economizar utilizando a plataforma, que oferece outros planos -
da mesma operadora ou mesmo da concorrência.
É o terceiro país com maior percentual, atrás de Argentina (97,6%) e Chile (96,2%).
O app conta com um algoritmo que busca na base de dados critérios como
minutos on-net e off-net; franquia de dados; SMS; e, de uma forma menor,
combos com TV e Internet.
No caso do teste realizado por Pablo Reaño para este noticiário, o
WePlan analisou dados de últimos 109 dias, 86 ligações e SMS e
comparativo com 117 planos das oito operadoras (incluindo virtuais) do
mercado.
A plataforma não oferece ainda a opção de incluir multiplano, como um
segundo celular dependente, por exemplo, mas isso está nos planos.
O executivo nega que o foco do aplicativo seja em oferecer planos
apenas baseado em vantagens de ligações on-net. Vale lembrar que a
Anatel tem como plano a redução da VU-M, o que deverá provocar uma
diminuição nas tarifas de interconexão e, consequentemente, a
importância disso nas contas.
Além disso, há a tendência observada por operadoras de diminuição de
uso de SMS em favor de mensageiros over-the-top, como o WhatsApp, Viber e
iMessage.
"Fazemos duas coisas, também controlamos o consumo. Sabemos que no
futuro o megabit será mais importante", destaca. "É importante controlar
(os dados na conta), mas também colocamos isso em informações em Reais.
Assim, se exceder a cota, você sabe o quanto paga a mais."
Além de permitir fazer os comparativos, o WePlan traz como
funcionalidade uma previsão de próxima fatura baseada no consumo -
claro, a partir da data em que o aplicativo foi instalado.
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