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Standard & Poor's: um novo corte pela agência jogaria a
classificação de risco brasileira para a categoria de grau especulativo
Fábio Alves, do Estadão Conteúdo
São Paulo - O mercado financeiro está se preparando para o anúncio de
um rebaixamento da classificação de risco soberano brasileiro no curto
prazo por uma das três principais agências internacionais de rating.
Mas, por enquanto, investidores e analistas não estão embutindo nas
suas apostas para os preços dos ativos brasileiros que o Brasil vá
perder em 2015 o status de grau de investimento que as agências de
rating ainda atribuem na classificação de risco soberano do País.
Todavia, mesmo sem perder o grau de investimento, uma piora na
avaliação de risco soberano neste ano vai afetar negativamente o
ambiente em relação à economia brasileira em meio a uma crise política
entre Executivo e Legislativo, além de uma conjuntura de inflação em
alta e projeção de queda no Produto Interno Bruto (PIB).
Já está embutido nos preços do dólar, das ações em Bolsa e dos juros futuros um corte da nota pela agência Moodys.
Também se espera um rebaixamento do outlook (ou perspectiva) pela Fitch
Ratings, o que seria o primeiro passo para uma redução da nota
soberana.
Essa piora na nota pela Moodys e do outlook pela Fitch deve acontecer
nos próximos dois meses, segundo a expectativa de algumas fontes.
A agência Standard & Poors (S&P) atribui a nota mais baixa ao
rating soberano do Brasil: BBB- com perspectiva estável.
Um novo corte jogaria a classificação de risco brasileira para a categoria de grau especulativo.
A Fitch Ratings avalia o Brasil com nota BBB e perspectiva estável.
Já a Moodys tem uma avaliação do crédito brasileiro num patamar
semelhante a da Fitch, atribuindo classificação Baa2, mas tem uma
perspectiva negativa.
Nessas duas agências, mesmo que o país caia um degrau, ainda permanecerá como grau de investimento.
Assim, o que preocupa realmente o governo Dilma Rousseff é a perda do
grau de investimento pela S&P, o que poderia reduzir o fluxo de
capital para o País, além de tornar mais caro o financiamento externo
pelo governo e pelas empresas brasileiros.
No entanto, uma piora na avaliação pela Moodys e Fitch vai tornar mais
difícil a recuperação da confiança na economia brasileira.
Sinais
A Moodys vem dando sinais de que um rebaixamento está por vir,
especialmente depois que cortou a classificação de risco da Petrobrás,
retirando da estatal o status de grau de investimento.
Em relatório divulgado na segunda-feira, 9, a agência disse que as
investigações de corrupção na Petrobrás podem afetar negativamente
várias áreas dos setores público e privado do Brasil, e que o governo
estaria inclinado a dar suporte financeiro à estatal.
Segundo fontes, os representantes da S&P, após visita ao Brasil na semana passada, se mostraram mais pacientes com o País.
Já estava nos cálculos da S&P a dificuldade que o governo teria
para conseguir aprovar as medidas do ajuste fiscal no Congresso, abrindo
espaço para concessões no tamanho do corte de gastos que a equipe
econômica está propondo para atingir a meta de superávit primário de
1,2% do PIB neste ano.
Nesta semana é a vez de representantes da Fitch Ratings se encontrarem
com autoridades brasileiras no Ministério da Fazenda, do Banco Central e
de outras esferas do governo.
O que ainda não está embutido na avaliação das três agências de rating é
uma agenda negativa do Congresso como reflexo da crise política
deflagrada após a divulgação da lista de parlamentares a serem
investigados no âmbito da Operação Lava Jato.
Essa agenda negativa no Congresso não se restringe apenas a possíveis
derrotas do governo das medidas do ajuste fiscal, mas principalmente a
aprovação de projetos contrários ao interesse do governo e que
representem aumento de gastos permanentes, como, por exemplo, a votação
de uma política permanente de reajuste do salário mínimo e a extensão
dessa política para os aposentados e pensionistas.
As informações são do
jornal O Estado de S. Paulo.
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