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Dilma: "não é difícil ver por que os eleitores estão com raiva", afirma a publicação", disse
Fernando Nakagawa, do Estadão Conteúdo
Londres - A revista britânica The Economist
publica um novo editorial sobre o Brasil na edição que chega às bancas
neste fim de semana. Com o título "Lidando com Dilma", a publicação diz
reconhecer os motivos que deixam brasileiros "fartos" da presidente Dilma Rousseff.
Para a Economist, Dilma mentiu na campanha e os eleitores estão
percebendo que foram vítimas de um "estelionato eleitoral". "Mas um
impeachment seria uma má ideia", diz a revista.
"Não é difícil ver por que os eleitores estão com raiva", afirma a
publicação ao comentar recente pesquisa que revelou que 60% dos
brasileiros apoiam eventual impeachment da presidente.
"Ela presidiu o conselho da Petrobras entre 2003 e 2010, quando os
promotores acreditam que mais de US$ 800 milhões foram roubados em
propinas e canalizados para os políticos do PT e aliados", diz o
editorial.
Além disso, a revista alega que Dilma venceu as eleições presidenciais
de outubro "vendendo uma mentira". "De fato, como muitos eleitores estão
percebendo agora, Dilma vendeu uma mentira", diz o texto.
A The Economist argumenta que erros cometidos no primeiro mandato de
Dilma é que teriam levado o Brasil à situação atual que exige corte de
gastos públicos e aumento de impostos e juros.
"Some-se a isso o fato de que a campanha de reeleição pode ter sido
parcialmente financiada pelo dinheiro roubado da Petrobras. Os
brasileiros têm todos os motivos para sentirem que eles foram vítimas de
um equivalente político do estelionato", diz o texto.
Apesar das palavras duras, o editorial da The Economist afirma que o impeachment pode ser "um exagero emocional".
"A legislação brasileira considera que presidentes podem ser acusados
apenas por atos cometidos durante o atual mandato", diz o texto.
"E, ainda que muitos políticos brasileiros achem que a presidente é
dogmática ou incompetente, ninguém acredita seriamente que ela
enriqueceu. Contraste com Fernando Collor que embolsou o dinheiro".
O editorial também reconhece que as instituições estão trabalhando para punir os criminosos.
"Um impeachment iria se transformar em uma caça às bruxas que
enfraqueceria as instituições, que ficariam politizadas", diz o texto,
que pede que Dilma e o PT assumam as responsabilidades "pela confusão
que ela fez no primeiro mandato, em vez de se tornarem mártires do
impeachment".
"Ter Dilma no gabinete fará com que os brasileiros estejam mais
propensos a entender que as velhas políticas é que são as culpadas, não
as novas".
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