A taxa oficial é de 4,7%, mas o presidente já deu estimativas próprias variando entre 25% e 42% - e isso não é por acaso.
São Paulo – Acontece amanhã, dia 03, a primeira divulgação da taxa de desemprego americana após a chegada de Donald Trump ao poder, apesar dos números ainda serem do período Obama.
A expectativa é de poucas mudanças em relação aos 4,7%
registrados em dezembro – mas o presidente já deixou claro que não
confia no que é divulgado.
“Não acreditem nesses números espúrios”, disse Trump a
apoiadores no ano passado. Em várias ocasiões, deu estimativas próprias
variando entre 25% e 42%.
Na semana passada, um repórter perguntou qual era a taxa
para o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, e ele respondeu que o
presidente estava mais focado em melhorar a vida das pessoas do que em
estatísticas.
Steven Mnuchin, indicado de Trump para Secretário do Tesouro
e ainda não confirmado, disse nas suas audiências que “a taxa de
desemprego não é real. Eu viajei no último ano. Eu vi isso.”
A questão é que não existe apenas uma taxa de desemprego, e
sim seis – todas calculadas pelas mesmas pessoas, com os mesmos padrões e
a mesma periodicidade.
As diferentes taxas
A mais usada desde a Segunda Guerra Mundial, e atualmente em
4,7%, considera a porcentagem de pessoas que procuraram emprego e não
encontraram nas últimas 4 semanas.
Se foram considerados aqueles que procuraram e não acharam
emprego no último ano, mas não nas últimas 4 semanas, o número sobe para
5,7%.
É essa que passaria a ser enfatizada nos comunicados oficiais, de acordo com uma reportagem recente do Washington Examiner.
A medida mais abrangente é daqueles que gostariam de ter
emprego de período integral mas só encontram aqueles de meio período,
que está próxima de 10%.
Bernie Sanders, que disputou a indicação à presidência pelo
Partido Democrata, defendia em sua campanha que essa era a “taxa real”.
Narrativas
Os economistas já olham para todos esses números de qualquer
forma, mas mudar a ênfase teria o efeito psicológico de fazer o
problema parecer maior.
A discussão também importa porque entre os planos de Trump
estão promover cortes de impostos e um grande programa de
infraestrutura.
Se a economia já estiver sólida e próxima do pleno emprego,
como dizia Obama, mais estímulos tendem a causar alta da inflação e
necessidade de juros mais altos.
A narrativa que Trump quer enfatizar é que o mercado de
trabalho ainda tem espaço a ser ocupado: ele diz que há “96 milhões de
pessoas que querem um trabalho e não conseguem”.
Esse é o contingente de pessoas fora da força de trabalho,
que soma atualmente 62% da população do país, três pontos percentuais a
menos do que quando Obama assumiu. A dúvida é até que ponto essa queda é
conjuntural ou estrutural.
Esse grupo inclui donas de casa, estudantes e outras pessoas
que podem não estar trabalhando por escolha – mais um sinal de
prosperidade do que de problema.
Isso sem falar nos aposentados, um grupo que só cresce na
medida em que a população envelhece, o que acontece em todo o mundo
desenvolvido (e no Brasil).
Nenhum comentário:
Postar um comentário