quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

MPF investigará apartamentos em condomínio em Guarujá


Arquivo/Agência Brasil
Polícia Federal
Polícia Federal: PF deflagrou nesta quarta fase "Triplo X" na Lava Jato
Pedro Fonseca, da REUTERS


O Ministério Público Federal (MPF) vai investigar todos os apartamentos do condomínio Solaris, no Guarujá (SP), por suspeita de terem sido usados para lavagem de dinheiro proveniente de esquema de corrupção na Petrobras, incluindo um eventual apartamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse nesta quarta-feira o procurador da operação Lava Jato Carlos Fernando do Santos Lima.

O suposto pagamento de propina pela empreiteira OAS por meio de imóveis no condomínio faz parte das investigações da 22ª etapa da operação Lava Jato, deflagrada nesta quarta-feira pela Polícia Federal com o nome "Triplo X".

"Temos pessoas que são investigadas na Lava Jato que têm um benefício dado pela OAS em apartamentos nesse prédio, isso pode ser um indicativo de lavagem de dinheiro e pagamento de propina", disse Lima em entrevista coletiva em Curitiba, onde estão concentradas as investigações do esquema criminoso envolvendo a petroleira.
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O empreendimento foi assumido pela OAS das mãos da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), que já teve como presidente o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, atualmente preso no âmbito da Lava Jato. Segundo o MPF, há indícios de lavagem de dinheiro por parte de familiares de Vaccari utilizando apartamentos no local.

"Nós entendemos que todos os apartamentos do condomínio Solaris devam ser investigados", acrescentou o procurador.

Questionado se um suposto apartamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no condomínio também seria alvo da investigação, o procurador afirmou: "Nós investigamos fatos. Se houver um apartamento lá que esteja em seu nome ou que ele tenha negociado, ou alguém de sua família, vai ser investigado como todos os outros."

De acordo com a Polícia Federal, foram cumpridos mandados de busca e apreensão na Bancoop e na OAS nesta quarta. Também houve operação de buscas em endereços em São Paulo, Santo André e São Bernardo do Campo, um reduto de Lula.

Além de investigar o suposto esquema de propina por meio dos imóveis, a nova etapa da Lava Jato também mira um suposto grupo criminoso que possibilitava a investigados na Lava Jato movimentar recursos recebidos de propina no exterior.

A movimentação irregular seria realizada por meio da empresa Mossack Fonseca, especializada em abrir companhias offshores, segundo o Ministério Público Federal.

Foram expedidos seis mandados de prisão contra pessoas ligadas à empresa nesta quarta-feira, dos quais três foram cumpridos no Brasil e outros três são para suspeitos que estariam no exterior. Alguns dos presos seriam laranjas de pessoas que ainda estão sendo investigadas quem são, segundo o MPF.

A Lava Jato investiga esquema bilionário de corrupção envolvendo a Petrobras e outras empresas e órgãos públicos, empreiteiras e partidos e políticos, e já levou à prisão vários ex-executivos da petroleira e de empreiteiras, além de políticos.

Procurado pela Reuters, o Instituto Lula ainda não tinha um posicionamento nesta quarta-feira sobre a nova etapa da operação Lava Jato.

Em nota no fim de semana, no entanto, para responder reportagem da revista Veja dizendo que Lula seria acusado pelo Ministério Público por ocultação de propriedade devido a um apartamento triplex no Guarujá, o instituto disse que Lula e sua esposa "jamais ocultaram" que a ex-primeira-dama possui cota de um empreendimento no local adquirida da extinta Bancoop, que foi declarada à Receita Federal.

A empreiteira OAS ainda não se manifestou.

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